A
Igreja Romana ensina que a Missa é uma reapresentação do sacrifício de Cristo.
O mesmo sacrifício realizado por Cristo na cruz é renovado repetidamente na
Missa de forma incruenta. Não se trata apenas de uma comemoração ou lembrança
como afirmam os evangélicos, mas de um sacrifício real e verdadeiro. Assim
afirmou o Concílio de Trento:
950. Cân. 3. Se alguém
disser que o sacrifício da Missa é somente de louvor e ação de graças, ou mera
comemoração do sacrifício consumado na cruz, mas que não é propiciatório, ou
que só aproveita ao que comunga, e que não se deve oferecer pelos vivos e
defuntos, pelos pecados, penas, satisfações e outras necessidades — seja
excomungado [cfr. N° 940].
O
sacrifício é também propiciatório, por isso deve ser oferecido pelos pecados
dos vivos e dos mortos para satisfazer a justiça de Deus. Também pode ser
celebrado em honra aos santos para se conseguir sua intercessão:
952. Cân. 5. Se alguém
disser que é impostura celebrar Missas em honra dos Santos com o fim de
conseguir a sua intercessão junto a Deus, como é intenção da Igreja —seja
excomungado [cfr. n° 941].
Primeiramente,
o sacrifício mencionado por Trento depende da validade da transubstanciação.
Uma vez que esta doutrina é refutada, o sacrifício da missa também é. Já
refutamos a transubstanciação aqui e também demonstramos que a evidência
patrística nega a compreensão romanista da missa aqui. Lidaremos então com os
argumentos bíblicos a respeito da ideia sacrificial da missa. Seguem os
argumentos:
1
– O sacrifício da Missa não pode ser o mesmo sacrifício de Cristo na Cruz
Trento
afirmou que o sacrifício da missa é incruento (sem derramamento de sangue).
Católicos dizem que o sacrifício da missa é o mesmo sacrifício de Cristo na
cruz. Isto não é possível por que na cruz houve derramamento de sangue e a
morte de Cristo. Ou seja, Jesus deveria ter seu sangue derramado e ser morto
assim como foi na cruz. Além disso, o sacrifício romanista não é eficaz para o
perdão dos pecados, pois a Escritura afirma:
E quase todas as coisas,
segundo a lei, se purificam com sangue; e
sem derramamento de sangue não há remissão. (Hebreus 9:22)
A
morte contínua de Cristo também contraria a Escritura:
E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez,
vindo depois disso o juízo,
Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.
(Hebreus 9:27-28)
Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.
(Hebreus 9:27-28)
Pense como esta era o momento perfeito para o
autor de Hebreus afirmar a doutrina romana. Os católicos afirmam que Cristo é
oferecido repetidas vezes ao mesmo tempo em vários lugares, já a Escritura
afirma que houve uma única oferta. Esta única oferta não é descrita como um
processo a ser renovado continuamente, mas como um evento único estabelecido
num determinado tempo e lugar.
2 – Se a doutrina romana é verdadeira, Cristo
teria sido sacrificado na última Ceia
Esta é uma implicação lógica que vai contra
toda a evidência bíblica. O sacrifício de Cristo é sempre descrito como tendo
acontecido e sido consumado na Cruz, nem antes nem depois. Acaso o sangue de
Jesus foi derramado na última Ceia? Seu corpo foi morto na última Ceia? Obviamente
não. Não houve morte, nem sequer derramamento de sangue. Ou seja, Roma tem o
pesado fardo de provar que Cristo foi sacrificado na quinta-feira a noite.
3
– Cristo disse que estava consumado (Jo 19:28-30)
As
palavras de Cristo são incompatíveis com o aspecto processual da doutrina
romanista. Nestas palavras, ele ensina que o seu sacrifício foi um evento único
num determinado tempo e lugar e não algo que deveria se renovado repetidamente.
4
– A doutrina romanista torna o único sacrifício de Cristo insuficiente
Imagine
que você fosse visitar um amigo e encontrasse a porta de sua casa fechada. Você
bateria até que ela se abrisse, mas se a encontrasse aberta, entraria sem ter
que renovar suas batidas. Assim é o sacrifício de Cristo, ao dizermos que ele
precisa ser renovado para que os pecados continuem a ser perdoados, estamos
implicitamente afirmando sua insuficiência, o que contraria a evidência
bíblica:
Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre
os que são santificados. (Hebreus 10:14)
Porque nos convinha tal sumo
sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais
sublime do que os céus; Que não
necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios,
primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto
fez ele, uma vez, oferecendo-se a si
mesmo. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a
palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para
sempre. (Hebreus 7:26-28)
A
única oblação de Cristo nos aperfeiçoou para sempre. Já a Igreja Romana afirma
que precisamos da contínua renovação do sacrifício de Cristo para
aperfeiçoamento dos crentes. A Escritura afirma que com esta única oferta,
Jesus aniquilou o pecado (Hb 9:26). Se o Cristão, ao pecar, necessita da
renovação do sacrifício para obter perdão, então o pecado não teria sido
aniquilado por Cristo na cruz.
5
– Hebreus nos diz que a necessidade de um sacrifício ser oferecido repetidas
vezes é prova da sua ineficácia
O
livro de Hebreus foi escrito para judeus que estavam desanimando diante das
perseguições e pensando em voltar à velha religião. A intenção é mostrar a
superioridade e eficácia da Nova Aliança diante da Antiga. Se o caráter
sacrificial da eucaristia fosse uma doutrina apostólica, seria mencionada neste
livro, porém, além de não mencioná-lo, ainda o nega.
Assim também Cristo foi
oferecido em sacrifício uma única vez,
para tirar os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar
o pecado, mas para trazer salvação aos
que o aguardam. (Hebreus 9:28)
A
doutrina católica implica que Cristo está fisicamente presente na missa. Porém
o autor de Hebreus afirma que após a primeira vez (quando ocorreu o
sacrifício), ele virá uma segunda vez para trazer salvação aos que o aguardam.
Como ele poderia afirmar isso, se Cristo está vindo continuamente sobre os
elementos da Eucaristia sempre que o sacerdote celebra a comunhão? Como ele
pode se referir como uma segunda vinda, se ele está vindo todos os dias?
A Lei traz apenas uma sombra
dos benefícios que hão de vir, e não a realidade dos mesmos. Por isso ela nunca consegue, mediante os
mesmos sacrifícios repetidos ano após ano, aperfeiçoar os que se aproximam para
adorar. Se pudesse fazê-lo, não deixariam de ser oferecidos? Pois os
adoradores, tendo sido purificados uma
vez por todas, não mais se sentiriam culpados de seus pecados. (Hebreus
10:1-2)
Ou
seja, se os sacrifícios pudessem aperfeiçoar o pecador, eles não precisariam
ser novamente oferecidos. Vemos como o sacrifício da missa católica é tão
ineficaz quanto os sacrifícios da Antiga Aliança.
Gostei muito desse texto da missa, não sabia aprendi mais uma. Obrigado Bruno por nos trazer conhecimentos.
ResponderExcluirMarcos Monteiro
Obrigado Marcos.
ExcluirEssa doutrina do sacrifício da Missa é geralmente ignorada pelos protestantes. A maioria se concentra mais na transubstanciação. A ideia de que o sacrifício da Missa é uma reapresentação do sacrifício de Cristo na Cruz é uma das doutrinas mais blasfemas do catolicismo.