Lactâncio (240 – 320)
Pois
este é especialmente o motivo porque, com os sábios, doutos e os príncipes
deste mundo, as sagradas escrituras estão sem crédito, porque os profetas falaram em linguagem comum e simples, como se falou
ao povo. Eles são desprezados por aqueles que não estão dispostos a ler ou
ouvir o que não é polido e eloquente, nem é qualquer coisa capaz de permanecer
fixada em suas mentes, exceto o que encanta os ouvidos por um som mais suave.
Mas estas coisas que parecem humildes são consideradas tolas e comuns. Então
eles não consideram nada completamente verdadeiro, exceto o que é agradável ao
ouvido; nada como credível, exceto o que pode provocar prazer: ninguém estima
um assunto por sua verdade, mas pelo seu embelezamento. Portanto, eles não acreditam nos escritos sagrados,
porque eles são sem qualquer pretensão; mas eles nem sequer acreditam naqueles
que os explicam, porque eles também são ou completamente ignorante, ou pelo
menos possuidores de pouco aprendizado. (Institutas Divinas, Livro V, Cap.
1)
Lactâncio afirma que
as Escrituras possuem linguagem clara e simples e eram ensinadas por homens de
pouca instrução. Nada disso seria possível se a Escritura fossem muito complexa
e obscura.
Pois
todas aquelas coisas que não estão relacionados às palavras, ou seja, sons
suaves de sopro e de cordas, podem ser facilmente ignorados, porque não podem
ser escritos. Mas um poema bem composto e um discurso sedutor cativam as mentes
dos homens, e os leva na direção que desejarem. Assim, quando os homens doutos
se dedicam à religião de Deus, a menos que tenham sido instruídos por algum
professor hábil, não acreditam. Pois, sendo acostumados a discursos doces e
polidos ou poemas, desprezam a linguagem
simples e comum dos escritos sagrados como ruim. Eles procuram o que pode
acalmar os sentidos. Mas tudo o que é agradável e persuasivo aos ouvidos, e
enquanto se deleita fixa-se profundamente dentro do coração. Deus o criador
tanto da mente, da voz, da língua, é incapaz de falar com eloquência? Ele desejava que as coisas divinas fossem
sem adorno, para que todos pudessem entender as coisas que Ele falou a todos.
(Institutas Divinas, Livro VI, Cap. 21)
Lactâncio explica
porque as coisas divinas foram escritas de forma simples e clara – Deus
desejava que fossem entendidas por todos. Se Deus inspirou certos livros para
guiar seu povo, necessariamente, essa mensagem deve ser compreensível, ou Deus
seria frustrado em seu objetivo.
Eusébio de Cesaréia (263 – 339)
Mas
chegaram também até nós tratados de muitos outros, dos quais não é possível
catalogar os nomes, autores ortodoxos e eclesiásticos, como certamente demonstram as corretas interpretações da Escritura
divina. Mesmo assim, são para nós desconhecidos porque não se dá o nome de
seus autores. (História Eclesiástica, Livro V, 27:1)
Autores
desconhecidos, que não poderiam ser identificados como partes de um magistério
oficial, foram capazes de interpretar corretamente as Escrituras.
Constantino e Alexandre de Alexandria
(Século IV)
O
excelente imperador exortou os Bispos a unanimidade e concórdia e trouxe à
memória a crueldade dos últimos tiranos, e lembrou-lhes a paz honrosa que Deus
tinha, em seu reinado e por seus meios, concedido a eles. Ele ressaltou quão
terrível era, sim, muito terrível, que, no exato momento em que os seus
inimigos foram destruídos, e quando ninguém se atrevia a opor-lhes, caiam em
cima um do outro, e faziam os seus adversários rirem, especialmente porque eles
estavam debatendo o que é sagrado, a respeito do qual tinham o ensino escrito
do Espírito Santo. "Para os
evangelhos" (ele continua), os escritos apostólicos e os oráculos dos
profetas antigos claramente nos ensinam o que devemos crer acerca da natureza
divina. Vamos, então, toda disputa controversa seja descartada; vamos procurar na palavra divinamente
inspirada a solução das questões em causa." Estas e exortações
semelhantes ele, como um filho carinhoso, dirigiu aos bispos como aos pais,
trabalhando para trazer unanimidade nas doutrinas apostólicas. (História
Eclesiástica, Livro I, Cap. 6)
Constantino não é
considerado pai da Igreja, mas teve atuação destacada ao convocar o concílio de
Nicéia para discutir a controvérsia ariana. Suas palavras refletem o pensamento
da Igreja de seu tempo. A Escritura era suficiente para decidir qual lado
estava certo, foi a ela que homens como Atanásio apelaram para contrapor a
heresia ariana. Esses homens não criam numa tradição oral extra-bíblica
inspirada em pé de igualdade à Escritura, foi aos oráculos escritos que
recorreram para estabelecer a verdade.
Alexandre de
Alexandria, mentor de Atanásio e mais importante voz contra o arianismo no
Concílio de Nicéia, se referiu à Escritura:
Eles
não têm vergonha de se opor a clareza das
antigas escrituras divinas. (História Eclesiástica, Livro I, Cap. 3)
Atanásio de Alexandria (296 – 373)
Um dia, quando tinha ido porque todos os
monges haviam se reunido a ele e pediram para ouvir suas palavras, ele os falou
na língua egípcia como segue: "As
Escrituras são suficientes para a instrução, mas é uma coisa boa
encorajar-se mutuamente na fé, e avivar-se com palavras”. (Vida de Antônio §16)
Essas foram palavras do monge Antônio
registradas por Atanásio.
O conhecimento de nossa religião e da verdade das coisas é independentemente
manifesto em vez da necessidade de professores humanos, pois
quase dia a dia ele se afirma pelos fatos, e manifesta-se mais brilhante que o
sol pela doutrina de Cristo. Ainda assim, como você, no entanto, deseja ouvir
sobre isso, Macário, venha, vamos na nossa capacidade estabelecer adiante
alguns pontos da fé em Cristo, pois as
sagradas e inspiradas Escrituras são suficientes para declarar a verdade. (Contra os Pagãos, I)
Além de afirmar a
suficiência material no último trecho negritado, Atanásio diz que o
conhecimento da religião cristã é manifesto independentemente de professores
humanos. Um católico romano jamais poderia afirmar isso, pois na teologia
romana, o magistério é indispensável.
Mas toda essa inspirada
Escritura também ensina mais claramente e com mais autoridade [do que a luz da natureza na forma de
testemunho das próprias estrelas], de forma que nós, por nossa vez, escrevemos
a ti como fizemos, e você, caso se volte
a elas, será capaz de verificar o que nós dizemos. Pois, um argumento, quando
confirmado pela autoridade superior é irresistivelmente provado. (Contra os pagãos, Parte III, §45, pontos
2-3)
Primeiro, ele afirma
a autoridade e clareza da Escritura. Isso fica provado quando diz que o seu
oponente poderia verificar nas próprias Escrituras o que foi argumentado. E
ainda demonstra que a Bíblia era a autoridade final para provar um argumento.
Se Atanásio pensasse como um papista, afirmaria que esta autoridade é o
magistério liderado pelo bispo de Roma e não a Escritura.
Essas
são fontes de salvação, para que os que têm sede possam ser satisfeitos com as
palavras de vida que elas contêm. Nestas
somente é proclamada a doutrina da piedade. Que nenhum homem acrescente a elas, nem deixem de zelar por elas. Pois
a respeito destas o Senhor envergonhou os saduceus, e disse: "Errais, não
conhecendo as Escrituras". E Ele reprovou os judeus, dizendo:
"Examinai as Escrituras, pois são elas que testificam de mim". (Epístola
39, Seção 6)
Atanásio usa as
mesmas passagens que os protestantes usam para defender a mesma coisa – as
Escrituras são suficientes.
Mas
já que a Sagrada Escritura é em todas as
coisas mais que suficiente para nós, recomendo àqueles que desejam saber
mais sobre esses assuntos que leiam a
palavra divina. (Ad Episcopus Aegypti et Libyae 4)
Primeiro
afirma a suficiência. Alguém poderia objetar que não é uma declaração explícita
de suficiência formal. No entanto, como as pessoas poderiam saber sobre essas
coisas que são suficientes? Através da simples leitura da palavra.
Se
você lançar luz sobre o texto da Escritura, por realmente aplicar sua mente a
ela, vai aprender com ela de forma mais
completa e clara o detalhe exato do que temos dito. (A Encarnação do Verbo
56)
Àquele
que corre até a meta das virtudes e deseja conhecer a conduta do Salvador
durante sua vida mortal; o sagrado Livro
o conduz primeiro, através da leitura, à consideração dos movimentos da alma e,
a partir daí, vai representando sucessivamente o resto, ensinando aos leitores
graças a ditas expressões. (Atanásio a Marcelino, sobre a interpretação dos
salmos, 4)
Pois
a fé verdadeira e piedosa no Senhor tornou-se
manifesta a todos, sendo conhecida e lida a partir das Escrituras divinas.
(Carta 56, I)
Ele ensina que a
Escritura por si mesma exerce função magisterial. O bipo de Alexandria não
concebia que apenas um magistério poderia dar a correta interpretação do texto
– o leitor da Bíblia poderia pela leitura diligente compreende-la corretamente.
"Mas",
diz o ariano, "não está escrito?" Sim, está escrito! E é necessário
que seja dito. Mas o que é suficientemente escrito é mal compreendido pelos
hereges. Se eles tivessem entendido e
compreendido os termos em que o cristianismo se expressa, não teriam
chamado o Senhor da glória [1 Coríntios 2: 8; cf. James 2: 1] de uma criatura
nem tropeçado sobre o que é suficientemente escrito. (Epístola a Serapião)
A questão estava
suficientemente tratada na palavra escrita, e o erro dos hereges nascia da
ignorância de não conhecer os termos adequados. A luta de Atanásio é um exemplo
de como a Escritura era a autoridade suprema. A maior parte da Igreja foi
dominada pelo arianismo, quem neste período dissesse “esqueça a Escritura, é
muito complicada, apenas ouça a Igreja” teria grandes chances de abraçar a
heresia. Roma não foi sempre uma exceção, o bispo Libério subscreveu uma
confissão ariana segundo nos conta Atanásio. Foi pela exortação das Sagradas
Letras que a heresia foi vencida, mesmo dominando a maior parte da Igreja.
E
isso é habitual com as Escrituras, se
expressar em frases naturais e simples. (Quatro Discursos
Contra os Arianos, Discurso 3)
Pois, certamente, as
Escrituras santas e inspiradas por Deus são auto-suficientes para a pregação da verdade. (Athanasius:
Contra Gentes and De Incarnatione (Oxford Clarendon Press, 1971), p. 2. Citado em Migne, PG, 25:4)
Hilário
de Poitiers (300 – 368)
Se alguém propor expressar o
que é conhecido em outras palavras do
que aquelas fornecidas por Deus, ele deve inevitavelmente ou mostrar sua
própria ignorância ou então deixar as mentes
de seus leitores em total confusão. (Sobre a Trindade, Livro VII, §38)
As
palavras da Escritura eram tão claras que substitui-las por outras poderia
causar confusão na mente dos leitores.
Agora devemos reconhecer em
primeiro lugar que Deus tem falado não para si mesmo, mas para nós, e que Ele tem até agora temperado a língua
de sua expressão para permitir à nossa fraca natureza entende-la e
compreende-la. (Sobre a Trindade, Livro VIII, §43)
O
Senhor enunciou a fé do Evangelho nas palavras mais simples que poderiam ser
encontradas e equipou seus discursos para o nosso
entendimento, tanto quanto a fraqueza da nossa natureza permitiu que Ele,
sem dizer nada indigno da majestade de Sua própria natureza. (Sobre a Trindade,
Livro IX, §40)
Hilário
compreendia que se Deus desejou se comunicar com o homem, ele o faria de forma
clara e compreensível. É por isso que a doutrina romana é tão ultrajante às
Escrituras inspiradas por Deus. Dizer que a Escritura não é perspicaz é dizer
que Deus falhou em seu objetivo ao se comunicar com o homem.
Mas esta passagem acerca da unidade, da qual
estamos falando, não nos permite olhar para o significado fora do som simples
das palavras. Se o Pai e o Filho são um, no sentido de que
eles são um em vontade, e se naturezas separáveis não podem ser uma em vontade,
porque a sua diversidade de tipo e natureza deve atraí-los para diversidades de
vontade e juízo, como eles são chamados um, não sendo um em conhecimento? Não
pode haver unidade de vontade entre ignorância e conhecimento. Onisciência e
ignorância são opostos, e opostos não podem ser da mesma vontade. (Sobre a Trindade, Livro IX, §70)
Comentando
João 10:30, ele dá mostras de sua hermenêutica particular acerca de uma
controvérsia cristológica. Hilário apela ao significado simples das palavras
bíblicas.
O julgamento humano não deve passar a sua sentença sobre Deus. Nossa
natureza não é tal que possa levantar-se por suas próprias forças para a
contemplação das coisas celestiais. Temos de aprender com Deus o que devemos
pensar sobre Deus; nós não temos nenhuma fonte de conhecimento, mas a si mesmo.
. . . De tudo isso, ele poderia ter sabido nada senão por Deus mesmo. E nós, da mesma forma, devemos nos
limitar, em tudo o que dizem de Deus, com os termos que Ele falou para a nossa
compreensão a respeito de si mesmo. (Sobre
a Trindade, Livro V, §21)
No
que concerne ao nosso conhecimento sobre Deus, devemos nos limitar aos termos
que ele utilizou. Esta afirmação deve ser lida a luz de outras em que Hilário
ensina a clareza da linguagem bíblica.
Em nossa resposta temos o
seguido para o momento de sua morte gloriosa, e tendo uma a uma as declarações
de sua doutrina ímpia, temos os refutado
com o ensino dos Evangelhos e do Apóstolo. Mas, mesmo após sua ressurreição
gloriosa, há certas coisas que eles tem feito para interpretar como provas da
fraqueza de uma natureza inferior, e estas agora temos de responder. Vamos
adotar mais uma vez o nosso método habitual de extrair das próprias palavras sua verdadeira significação, de
forma que possamos descobrir a verdade precisamente onde eles pensam em
derrubá-la. O Senhor falou em palavras
simples para a nossa instrução na fé, e suas palavras não podem precisar de
apoio ou comentário por palavras estrangeiras e irrelevantes. (Sobre a
Trindade, Livro XI, §7)
Não
requer maiores comentários. Uma exposição mais cristalina da suficiência formal
não seria possível.
A salvação está longe dos
ímpios, pois não buscam os estatutos de Deus; uma vez que para nenhum outro fim eles foram escritos, de que eles
deveriam ser de conhecimento e concepção de todos, sem exceção. (Psalmi CXVIII, Quindecim
Graduum., Gradus 15, PL 9:643;
translation in William Goode, The Divine Rule of Faith and Practice,
2nd edition, 3 Volumes (London: John Henry Jackson, publisher, 1853), Vol. 3,
p. 246.)
O que foi escrito assim o
foi para que todos compreendessem.
Mas a palavra de Deus [e no
contexto ele fala explicitamente da Escritura] promoveu o benefício de todos os
que devem viver, sendo a própria a
melhor adaptada para promover a instrução de todos, sem exceção. (Ibid., p. 246.)
Cirilo de Jerusalém (313-386)
Que este selo
permaneça sempre em tua mente, o qual foi agora, por meio do sumário, colocado
em teu coração e que, se o Senhor o permitir, daqui em diante, será elaborado de acordo com nossas forças
por provas da Escritura. Porque, concernente aos divinos e sagrados
Mistérios da Fé, é nosso dever não fazer
nem a mais insignificante observação sem submetê-la às Sagradas Escrituras,
nem sermos desviados por meras probabilidades e artifícios de argumentos. Não
acreditem em mim porque eu vos digo estas coisas, a menos que recebam das Sagradas Escrituras a prova do que vos é
apresentado: porque esta salvação, a qual temos pela nossa fé, não nos
advém de arrazoados engenhosos, mas da
prova das Sagradas Escrituras. (Leituras Catequéticas 4:17)
Talvez Lutero ou Calvino não fizeram um declaração tão forte
em favor da suficiência material e formal. Nem a mais insignificante observação
poderia ser feita sem a autoridade da Escritura, isso iria além do que a
teologia reformada ensina. Cirilo defende a perspicácia da Palavra Escrita ao
afirmar “a menos que recebam das Sagradas
Escrituras a prova do que vos é apresentado”. Se a Escritura não é clara e
seus leitores não podem extrair dela a verdade de forma direta, a afirmação
seria sem sentido. Ele pensava que os leitores poderiam conferir na Escritura e
atestar que sua pregação era verdadeira – precisamente o que os bereanos
fizeram com a pregação apostólica.
Mas enquanto
avanças naquilo que estudas e professas, agarra-te e sustentes apenas a esta
fé, que pela Igreja é entregue a ti e é
estabelecida a partir de toda Escritura. Por nem todos poderem ler a
Escritura, sendo uns por ignorância e outros pelos negócios da vida, o
conhecimento da mesma está fora do alcance deles; assim, a fim de que suas
almas não pereçam por carecerem de instrução, por meio dos Artigos, que são
poucos, procuramos abranger toda a doutrina da Fé (...) E para o presente
momento, confiamos a Fé à memória, meramente atentando às palavras; esperando,
porém, que, no tempo oportuno, possa-se
provar cada um destes Artigos de Fé pelas Divinas Escrituras. Pois os
artigos de Fé não foram compostos ao bel-prazer dos homens: antes, os mais
importantes pontos dela foram selecionados
a partir de todas as Escrituras, forjando o único ensino da Fé. E, como a
semente de mostarda em seu pequeno grão contém muitos ramos, assim também esta
Fé, em umas poucas palavras, tem
abrangido em seu seio o pleno conhecimento da piedade contido em ambos, Antigo
e Novo Testamentos. (Leituras Catequéticas 5:12)
A citação acima é uma poderosa afirmação da
suficiência material
Basílio de Cesareia (330 – 379)
Tudo o que parece ser falado
de forma ambígua ou obscura em alguns lugares da Sagrada Escritura é esclarecido pelo que está claro e
evidente em outros lugares. (In Regulas Brevius Tractatas,
Responsio CCLXVII, PG 31:1264)
Para
aqueles que dizem serem as doutrinas reformadas uma invenção de Lutero, essa
citação prova o contrário.
Como você usufrui das
Escrituras, não necessita nem de minha
ajuda, nem da de ninguém para ajudá-lo a compreender o seu dever. Você tem
o conselho todo-suficiente e orientação do Espírito Santo para levá-lo ao que é
certo. (Epístola 283)
Os ouvintes ensinados nas
Escrituras devem testar o que é dito
pelos mestres e aceitar o que se harmoniza com as Escrituras, porém
rejeitar o que é estranho. (NPNF, Série II, VIII:229)
Basílio
expõe o ensino bíblico de testar os mestres pelo crivo das Escrituras assim
como os bereianos fizeram. A Escritura só pode ser um juiz de fato, se for
compreensível pelos crentes. Um católico romano não pode por em prática esse
ensino bíblico e patrístico, pois não tem o direito de julgar privadamente o
ensino do magistério.
Ambrosiastro
(século IV)
O fato é que a Escritura fala em nossa própria maneira, para que
possamos entender. (In Epistolam
Beati Pauli Galatas, v. 4:7, PL 17:360)
Ambrósio
(339-397)
Não
confie em ninguém para guiá-lo, mas onde a luz da lâmpada [isto é, Escritura]
vai adiante
(...) Portanto, a fé é o guia da sua jornada; deixe as divinas Escrituras serem o seu caminho. Excelente é a
orientação da palavra divina. Esta lâmpada acende sua lâmpada; e o olho da sua
mente, que é a lâmpada do seu corpo, pode dar a luz. (In Psalmum David CXVIII, Expositio, Sermo 14, §11, PL 15:1394)
Escritura divina nos dá
salvação e perfuma com o perfume da vida, de
modo que aquele que lê pode adquirir doçura e não se apresse em perigo para sua
própria destruição. (Hexameron, Livro 1, 2ª Homilia)
Eu
queria que eles se vestissem de palavras sem adorno das Escrituras, para que
possam brilhar em sua própria luz e possam falar claramente para si próprios. O
sol e a lua não precisam de intérpretes. O brilho de sua luz é todo-suficiente,
uma luz que preenche todo o mundo. Fé serve como uma iluminação para a Palavra
inspirada. Se assim posso dizer, uma
testemunha sem testamento não tem necessidade de outra testemunha, ainda
que ofusque os olhos de toda a humanidade. (Caim e Abel,
Livro 1, Cap. 6.22)
As
Escrituras são auto autenticáveis e suficientes, não precisam de outras
testemunhas para a validar. Ambrósio não subscreveria afirmações romanistas que
alegam que a Bíblia sem a Igreja, perderia sua autoridade, ou que a Escritura é
autoritária porque a Igreja disse.
Frequente leitura das Escrituras, portanto, fortalece a mente e a
amadurece pelo fervor da graça espiritual. Desta forma, os nossos poderes de
raciocínio são fortalecidos e a influência de nossas paixões irracionais
reduzidas a nada. (Caim e Abel, Livro 2, Cap. 6.19)
O
Bispo de Milão nos fala dos benefícios da leitura das Escrituras. Benefícios só
possíveis para os que têm uma visão elevada dela. Por isso, reformados e
romanistas têm práticas tão diferentes em relação às Sagradas Letras. Enquanto
os protestantes sempre incentivaram a leitura e o exame diligente da palavra de
Deus, a Igreja Romana sempre se esforçou em manter a palavra inspirada longe
das massas.
Epifânio
de Salamina (310 – 403)
Pois Deus está vindo, e as divinas Escrituras explicam todas as
coisas para nós claramente; pois não há nada nelas difícil ou obscuro. (Ancoratus, §41)
Epifânio vai além do ensino reformado, ensinando que toda a
Escritura é clara.
E para que não seja pensado
que [há] algum erro nos Evangelhos – pois o mistério é impressionante e além da
capacidade, e apenas para as crianças do
Espírito Santo é a declaração simples e clara. (Adversus Haereses, Liber II, Tom. I, LI, §11)
Em complemento à citação anterior, ele reconhece o papel do
Espírito Santo na iluminação.
E, assim, está plenamente
demonstrado que não há obscuridade ou
contradição nos Evangelhos santos ou entre os evangelistas, mas que tudo é simples. (Adversus Haereses, Liber II, Tom. I, LI, §15)
Tudo
na Escritura Sagrada é claro, para aqueles que irão abordar a palavra de
Deus com razão piedosa, e não abrigar a obra do diabo dentro deles e
transformar os seus passos para a morte como esse homem infeliz e seus
convertidos atacaram a verdade de forma mais vigorosa que se tornaram
blasfemadores de Deus e sua fé diante deles. (Adversus Haereses, Liber III, Tom. I, LXXVI, §7)
E tudo na escritura sagrada
e santa fé é absolutamente claro para
nós, e nada é tortuoso, contraditório ou complicado. (Adversus Haereses,
Liber III, Tom. I, LXXVI, §45)
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