Nota do tradutor: Os
apologistas romanistas defendem que Agostinho cria na imaculada conceição de
Maria, isto é, Ela foi concebida sem pecado original. Em apoio a essa ideia,
trazem citações em que Agostinho afirma que Maria não pecou. O texto abaixo
demonstra que Agostinho cria que Maria não pecou durante a vida, porém, ela não
foi preservada do pecado original, compartilhando com toda a humanidade da
necessidade da redenção que há em Jesus Cristo.
Pergunta:
Os Pais da Igreja acreditavam na Imaculada Conceição. Santo Agostinho escreveu
o seguinte sobre Maria: "Com exceção
da Virgem Santa Maria, em cujo caso, em respeito ao Senhor, não quero que haja
qualquer outra questão, na medida em que o pecado está em discussão, uma vez
que, podemos saber que grande abundância da graça foi conferida a Ela para
vencer o pecado em todos os sentidos, vendo que ela mereceu conceber e dar a
luz àquele que certamente não cometeu pecado algum"
Resposta:
Lida fora de contexto, essa citação parece provar que Agostinho cria na imaculada
conceição de Maria. Na verdade, era Pelágio, o grande herege, que ensinou tal
coisa. Agostinho acreditava que todos os descendentes de Adão são concebidos em
pecado, com exceção singular de Jesus Cristo, que nasceu da virgem Maria.
Neste
escrito em particular, ele está respondendo ao argumento pelagiano de que muitos
santos viveram uma vida perfeitamente moral. A pergunta é sobre conduta e não
sobre concepção. Agostinho responde:
Em seguida, ele enumera
aqueles "que não só viveram sem pecados, mas são descritos como tendo
levado uma vida santa, - Abel, Enoque, Melquisedeque, Abraão, Isaque, Jacó,
Josué, filho de Nun, Finéias, Samuel, Natã, Elias, Jose, Eliseu, Miquéias,
Daniel, Ananias, Azarias, Misael, Mordecai, Simão, José - aquele que desposou a
Virgem Maria, João "E acrescenta os nomes de algumas mulheres, - Deborah,
Anna, a mãe de Samuel, Judith, Esther, a outra Anna, filha de Fanuel,
Elisabeth, e também a mãe de nosso Senhor e Salvador, sobre ela diz ele "temos
que admitir que por sua piedade, ela não tinha pecado." Devemos excetuar a
Santa Virgem Maria, em cujo caso, em respeito ao Senhor, não quero que haja
qualquer outra questão, na medida em que o pecado está em discussão, uma vez
que podemos saber que grande abundância da graça foi conferida a Ela para
vencer o pecado em todos os sentidos, vendo que ela mereceu conceber e dar a
luz àquele que certamente não cometeu pecado algum (Sobre a natureza e a graça
– Capítulo 42, contra Pelágio).
Agostinho
argumenta que nenhum dos santos mencionados por Pelágio, exceto Maria,
"viveu sem pecado." Ele acreditava que foi dada à Maria a graça de
vencer o pecado e levar uma vida sem pecado. Mas note que está falando sobre a
conduta de Maria em sua vida, e não sobre a sua concepção!
Seguindo
Agostinho, vários escolásticos também acreditavam que Maria levou uma vida
perfeita; ainda assim, negaram a ideia de sua imaculada conceição. Tomás de
Aquino seria um bom exemplo. Ele acreditava que Maria foi sem pecado durante
toda a sua vida, mas também afirmou que ela contraiu o pecado original em sua
concepção "Devemos, portanto, confessar simplesmente que a Santíssima
Virgem não cometeu nenhum pecado atual, mortal ou venial": "Porque
Cristo não contraiu o pecado original de qualquer forma que seja, mas era santo
em sua própria concepção, de acordo com Lucas 01:35” “O Santo que há de nascer
de ti, será chamado Filho de Deus” Mas a Santíssima Virgem, de fato contraiu o
pecado original, porém foi limpa antes de seu nascimento, desde o ventre".
(Suma III: 27)
Em
outro trecho, Agostinho fala diretamente sobre o pecado original:
É, portanto, um fato
observado e estabelecido, que nenhum
homem nascido de homem e mulher, isto é, por meio de união corporal, pode ser
livre do pecado. Todo aquele que, de fato, está livre do pecado, é também
livre de uma concepção e nascimento deste tipo. Além disso, conforme exposto no
Evangelho segundo Lucas, ele diz: Não foi a coabitação com um marido que abriu
os segredos do útero da Virgem; uma vez que foi o Espírito Santo que infundiu a
semente imaculada em seu ventre não violado. Pois dos que nasceram de mulher,
somente o Senhor Jesus é santo, na medida em que Ele não experimentou contato
com a corrupção terrena, devido à novidade do Seu nascimento imaculado; Não,
ele repeliu-o por sua majestade celestial (Sobre a graça de Cristo e sobre o
pecado original – capítulo 47).
Traduzido desse artigo online aqui.
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