quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A Sucessão Apostólica e a Igreja Verdadeira



Apologistas católicos geralmente argumentam que podemos encontrar a verdadeira Igreja a partir da sucessão apostólica. Os versículos apontados pelos católicos como provas da doutrina da sucessão se referem a todos os apóstolos e não apenas a Pedro, e alguns deles, se forem tomados como evidências, se refeririam a sucessão de Igrejas que hoje não estão em comunhão com Roma.

O ponto é que há Igrejas ensinando doutrinas fundamentais opostas e ainda assim reivindicando sucessão apostólica. A Igreja Romana reconhece a sucessão das Igrejas Ortodoxa e não-calcedonianas. Porém, todas elas têm divergências doutrinárias irreconciliáveis, sendo mais notável a negação do papado – o fundamento do romanismo. Ou seja, a história prova que uma suposta sucessão apostólica não garante a doutrina correta nem a unidade da Igreja. Então, quem desejar encontrar a Igreja verdadeira não poderá se basear apenas na existência dessa sucessão.

 Todas as vertentes cristãs concordariam que uma característica indispensável da Igreja verdadeira é a preservação da doutrina apostólica. Se uma sucessão ordenada de bispos não pode garanti-la, há pouco valor nesse critério para determinar a verdadeira Igreja. Apologistas católicos respondem dizendo que não é suficiente ter sucessão, mas é preciso estar em comunhão com o sucessor de Pedro – no caso, o bispo de Roma. Ele seria o garantidor da preservação doutrinal da Igreja. Essa posição não encontra nenhum apoio bíblico ou histórico, ninguém no primeiro milênio acreditava que o bispo romano não podia errar na fé.

Uma das maiores preocupações dos apóstolos era preservar as comunidades locais dos falsos mestres e da apostasia. O Novo Testamento contém numerosas advertências contra a apostasia e falso ensino. É notável o fato de em tais contextos, nunca terem ensinado que uma suposta sucessão seria o bastião da doutrina, seria o guia infalível da fé. Em absolutamente nenhum lugar, o Novo Testamento ensina que o sucessor de Pedro seria esse guia. Pelo contrário, mostra homens comissionado pelos apóstolos apostatando e se tornando falsos mestres.

Ainda que tomemos como verdadeiro que o sucessor de Pedro tenha as prerrogativas defendidas pelos papistas, existe um problema a se considerar – porque o sucessor de Pedro é exclusivamente o bispo de Roma, se há tradição até mais antiga afirmando que os bispos de Antioquia são sucessores de Pedro? Eusébio escreve:

Ao mesmo tempo adquiriram notoriedade Papias, bispo da igreja de Hierápolis, e Inácio, o homem mais célebre para muitos ainda hoje, segundo a obter a sucessão de Pedro no episcopado de Antioquia. (História Eclesiástica 3:36:2)

O problema persiste. Temos Igrejas reclamando a sucessão de Pedro ensinando doutrinas fundamentais contraditórias. Por isso, o método protestante é o único viável. A verdadeira Igreja pode ser encontrada comparando seus ensinamentos com a doutrina dos apóstolos preservada nas Sagradas Escrituras. A existência de uma sucessão histórica é irrelevante. Não importa se uma Igreja foi fundada no século I ou XXI, o que interessa é sua fidelidade ao evangelho. Várias Igrejas fundadas no séc. I não estão em comunhão entre si hoje e ensinam coisas diametralmente opostas, não podendo ser todas apostólicas. Na verdade, ao se analisar as Igrejas que hoje reclamam sucessão apostólica, é visto que falharam em preservar o evangelho de Jesus Cristo.

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