terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Suficiência Formal das Escrituras (Pais do Século IV) - Parte 3

Lactâncio (240 – 320)

Pois este é especialmente o motivo porque, com os sábios, doutos e os príncipes deste mundo, as sagradas escrituras estão sem crédito, porque os profetas falaram em linguagem comum e simples, como se falou ao povo. Eles são desprezados por aqueles que não estão dispostos a ler ou ouvir o que não é polido e eloquente, nem é qualquer coisa capaz de permanecer fixada em suas mentes, exceto o que encanta os ouvidos por um som mais suave. Mas estas coisas que parecem humildes são consideradas tolas e comuns. Então eles não consideram nada completamente verdadeiro, exceto o que é agradável ao ouvido; nada como credível, exceto o que pode provocar prazer: ninguém estima um assunto por sua verdade, mas pelo seu embelezamento. Portanto, eles não acreditam nos escritos sagrados, porque eles são sem qualquer pretensão; mas eles nem sequer acreditam naqueles que os explicam, porque eles também são ou completamente ignorante, ou pelo menos possuidores de pouco aprendizado. (Institutas Divinas, Livro V, Cap. 1)

Lactâncio afirma que as Escrituras possuem linguagem clara e simples e eram ensinadas por homens de pouca instrução. Nada disso seria possível se a Escritura fossem muito complexa e obscura.

Pois todas aquelas coisas que não estão relacionados às palavras, ou seja, sons suaves de sopro e de cordas, podem ser facilmente ignorados, porque não podem ser escritos. Mas um poema bem composto e um discurso sedutor cativam as mentes dos homens, e os leva na direção que desejarem. Assim, quando os homens doutos se dedicam à religião de Deus, a menos que tenham sido instruídos por algum professor hábil, não acreditam. Pois, sendo acostumados a discursos doces e polidos ou poemas, desprezam a linguagem simples e comum dos escritos sagrados como ruim. Eles procuram o que pode acalmar os sentidos. Mas tudo o que é agradável e persuasivo aos ouvidos, e enquanto se deleita fixa-se profundamente dentro do coração. Deus o criador tanto da mente, da voz, da língua, é incapaz de falar com eloquência? Ele desejava que as coisas divinas fossem sem adorno, para que todos pudessem entender as coisas que Ele falou a todos. (Institutas Divinas, Livro VI, Cap. 21)

Lactâncio explica porque as coisas divinas foram escritas de forma simples e clara – Deus desejava que fossem entendidas por todos. Se Deus inspirou certos livros para guiar seu povo, necessariamente, essa mensagem deve ser compreensível, ou Deus seria frustrado em seu objetivo.

Eusébio de Cesaréia (263 – 339)

Mas chegaram também até nós tratados de muitos outros, dos quais não é possível catalogar os nomes, autores ortodoxos e eclesiásticos, como certamente demonstram as corretas interpretações da Escritura divina. Mesmo assim, são para nós desconhecidos porque não se dá o nome de seus autores. (História Eclesiástica, Livro V, 27:1)

Autores desconhecidos, que não poderiam ser identificados como partes de um magistério oficial, foram capazes de interpretar corretamente as Escrituras.

Constantino e Alexandre de Alexandria (Século IV)

O excelente imperador exortou os Bispos a unanimidade e concórdia e trouxe à memória a crueldade dos últimos tiranos, e lembrou-lhes a paz honrosa que Deus tinha, em seu reinado e por seus meios, concedido a eles. Ele ressaltou quão terrível era, sim, muito terrível, que, no exato momento em que os seus inimigos foram destruídos, e quando ninguém se atrevia a opor-lhes, caiam em cima um do outro, e faziam os seus adversários rirem, especialmente porque eles estavam debatendo o que é sagrado, a respeito do qual tinham o ensino escrito do Espírito Santo. "Para os evangelhos" (ele continua), os escritos apostólicos e os oráculos dos profetas antigos claramente nos ensinam o que devemos crer acerca da natureza divina. Vamos, então, toda disputa controversa seja descartada; vamos procurar na palavra divinamente inspirada a solução das questões em causa." Estas e exortações semelhantes ele, como um filho carinhoso, dirigiu aos bispos como aos pais, trabalhando para trazer unanimidade nas doutrinas apostólicas. (História Eclesiástica, Livro I, Cap. 6)

Constantino não é considerado pai da Igreja, mas teve atuação destacada ao convocar o concílio de Nicéia para discutir a controvérsia ariana. Suas palavras refletem o pensamento da Igreja de seu tempo. A Escritura era suficiente para decidir qual lado estava certo, foi a ela que homens como Atanásio apelaram para contrapor a heresia ariana. Esses homens não criam numa tradição oral extra-bíblica inspirada em pé de igualdade à Escritura, foi aos oráculos escritos que recorreram para estabelecer a verdade.

Alexandre de Alexandria, mentor de Atanásio e mais importante voz contra o arianismo no Concílio de Nicéia, se referiu à Escritura:

Eles não têm vergonha de se opor a clareza das antigas escrituras divinas. (História Eclesiástica, Livro I, Cap. 3)

Atanásio de Alexandria (296 – 373)

Um dia, quando tinha ido porque todos os monges haviam se reunido a ele e pediram para ouvir suas palavras, ele os falou na língua egípcia como segue: "As Escrituras são suficientes para a instrução, mas é uma coisa boa encorajar-se mutuamente na fé, e avivar-se com palavras”. (Vida de Antônio §16)

Essas foram palavras do monge Antônio registradas por Atanásio.

O conhecimento de nossa religião e da verdade das coisas é independentemente manifesto em vez da necessidade de professores humanos, pois quase dia a dia ele se afirma pelos fatos, e manifesta-se mais brilhante que o sol pela doutrina de Cristo. Ainda assim, como você, no entanto, deseja ouvir sobre isso, Macário, venha, vamos na nossa capacidade estabelecer adiante alguns pontos da fé em Cristo, pois as sagradas e inspiradas Escrituras são suficientes para declarar a verdade. (Contra os Pagãos, I)

Além de afirmar a suficiência material no último trecho negritado, Atanásio diz que o conhecimento da religião cristã é manifesto independentemente de professores humanos. Um católico romano jamais poderia afirmar isso, pois na teologia romana, o magistério é indispensável.

Mas toda essa inspirada Escritura também ensina mais claramente e com mais autoridade [do que a luz da natureza na forma de testemunho das próprias estrelas], de forma que nós, por nossa vez, escrevemos a ti como fizemos, e você, caso se volte a elas, será capaz de verificar o que nós dizemos. Pois, um argumento, quando confirmado pela autoridade superior é irresistivelmente provado. (Contra os pagãos, Parte III, §45, pontos 2-3)

Primeiro, ele afirma a autoridade e clareza da Escritura. Isso fica provado quando diz que o seu oponente poderia verificar nas próprias Escrituras o que foi argumentado. E ainda demonstra que a Bíblia era a autoridade final para provar um argumento. Se Atanásio pensasse como um papista, afirmaria que esta autoridade é o magistério liderado pelo bispo de Roma e não a Escritura.

Essas são fontes de salvação, para que os que têm sede possam ser satisfeitos com as palavras de vida que elas contêm. Nestas somente é proclamada a doutrina da piedade. Que nenhum homem acrescente a elas, nem deixem de zelar por elas. Pois a respeito destas o Senhor envergonhou os saduceus, e disse: "Errais, não conhecendo as Escrituras". E Ele reprovou os judeus, dizendo: "Examinai as Escrituras, pois são elas que testificam de mim". (Epístola 39, Seção 6)

Atanásio usa as mesmas passagens que os protestantes usam para defender a mesma coisa – as Escrituras são suficientes.

Mas já que a Sagrada Escritura é em todas as coisas mais que suficiente para nós, recomendo àqueles que desejam saber mais sobre esses assuntos que leiam a palavra divina. (Ad Episcopus Aegypti et Libyae 4)

Primeiro afirma a suficiência. Alguém poderia objetar que não é uma declaração explícita de suficiência formal. No entanto, como as pessoas poderiam saber sobre essas coisas que são suficientes? Através da simples leitura da palavra.

Se você lançar luz sobre o texto da Escritura, por realmente aplicar sua mente a ela, vai aprender com ela de forma mais completa e clara o detalhe exato do que temos dito. (A Encarnação do Verbo 56)

Àquele que corre até a meta das virtudes e deseja conhecer a conduta do Salvador durante sua vida mortal; o sagrado Livro o conduz primeiro, através da leitura, à consideração dos movimentos da alma e, a partir daí, vai representando sucessivamente o resto, ensinando aos leitores graças a ditas expressões. (Atanásio a Marcelino, sobre a interpretação dos salmos, 4)

Pois a fé verdadeira e piedosa no Senhor tornou-se manifesta a todos, sendo conhecida e lida a partir das Escrituras divinas. (Carta 56, I)

Ele ensina que a Escritura por si mesma exerce função magisterial. O bipo de Alexandria não concebia que apenas um magistério poderia dar a correta interpretação do texto – o leitor da Bíblia poderia pela leitura diligente compreende-la corretamente.

"Mas", diz o ariano, "não está escrito?" Sim, está escrito! E é necessário que seja dito. Mas o que é suficientemente escrito é mal compreendido pelos hereges. Se eles tivessem entendido e compreendido os termos em que o cristianismo se expressa, não teriam chamado o Senhor da glória [1 Coríntios 2: 8; cf. James 2: 1] de uma criatura nem tropeçado sobre o que é suficientemente escrito. (Epístola a Serapião)

A questão estava suficientemente tratada na palavra escrita, e o erro dos hereges nascia da ignorância de não conhecer os termos adequados. A luta de Atanásio é um exemplo de como a Escritura era a autoridade suprema. A maior parte da Igreja foi dominada pelo arianismo, quem neste período dissesse “esqueça a Escritura, é muito complicada, apenas ouça a Igreja” teria grandes chances de abraçar a heresia. Roma não foi sempre uma exceção, o bispo Libério subscreveu uma confissão ariana segundo nos conta Atanásio. Foi pela exortação das Sagradas Letras que a heresia foi vencida, mesmo dominando a maior parte da Igreja.

E isso é habitual com as Escrituras, se expressar em frases naturais e simples. (Quatro Discursos Contra os Arianos, Discurso 3)

Pois, certamente, as Escrituras santas e inspiradas por Deus são auto-suficientes para a pregação da verdade. (Athanasius: Contra Gentes and De Incarnatione (Oxford Clarendon Press, 1971), p. 2. Citado em Migne, PG, 25:4)

Hilário de Poitiers (300 – 368)

Se alguém propor expressar o que é conhecido em outras palavras do que aquelas fornecidas por Deus, ele deve inevitavelmente ou mostrar sua própria ignorância ou então deixar as mentes de seus leitores em total confusão. (Sobre a Trindade, Livro VII, §38)

As palavras da Escritura eram tão claras que substitui-las por outras poderia causar confusão na mente dos leitores.

Agora devemos reconhecer em primeiro lugar que Deus tem falado não para si mesmo, mas para nós, e que Ele tem até agora temperado a língua de sua expressão para permitir à nossa fraca natureza entende-la e compreende-la. (Sobre a Trindade, Livro VIII, §43)

O Senhor enunciou a fé do Evangelho nas palavras mais simples que poderiam ser encontradas e equipou seus discursos para o nosso entendimento, tanto quanto a fraqueza da nossa natureza permitiu que Ele, sem dizer nada indigno da majestade de Sua própria natureza. (Sobre a Trindade, Livro IX, §40)

Hilário compreendia que se Deus desejou se comunicar com o homem, ele o faria de forma clara e compreensível. É por isso que a doutrina romana é tão ultrajante às Escrituras inspiradas por Deus. Dizer que a Escritura não é perspicaz é dizer que Deus falhou em seu objetivo ao se comunicar com o homem.

Mas esta passagem acerca da unidade, da qual estamos falando, não nos permite olhar para o significado fora do som simples das palavras. Se o Pai e o Filho são um, no sentido de que eles são um em vontade, e se naturezas separáveis não podem ser uma em vontade, porque a sua diversidade de tipo e natureza deve atraí-los para diversidades de vontade e juízo, como eles são chamados um, não sendo um em conhecimento? Não pode haver unidade de vontade entre ignorância e conhecimento. Onisciência e ignorância são opostos, e opostos não podem ser da mesma vontade. (Sobre a Trindade, Livro IX, §70)

Comentando João 10:30, ele dá mostras de sua hermenêutica particular acerca de uma controvérsia cristológica. Hilário apela ao significado simples das palavras bíblicas.

O julgamento humano não deve passar a sua sentença sobre Deus. Nossa natureza não é tal que possa levantar-se por suas próprias forças para a contemplação das coisas celestiais. Temos de aprender com Deus o que devemos pensar sobre Deus; nós não temos nenhuma fonte de conhecimento, mas a si mesmo. . . . De tudo isso, ele poderia ter sabido nada senão por Deus mesmo. E nós, da mesma forma, devemos nos limitar, em tudo o que dizem de Deus, com os termos que Ele falou para a nossa compreensão a respeito de si mesmo. (Sobre a Trindade, Livro V, §21)

No que concerne ao nosso conhecimento sobre Deus, devemos nos limitar aos termos que ele utilizou. Esta afirmação deve ser lida a luz de outras em que Hilário ensina a clareza da linguagem bíblica.

Em nossa resposta temos o seguido para o momento de sua morte gloriosa, e tendo uma a uma as declarações de sua doutrina ímpia, temos os refutado com o ensino dos Evangelhos e do Apóstolo. Mas, mesmo após sua ressurreição gloriosa, há certas coisas que eles tem feito para interpretar como provas da fraqueza de uma natureza inferior, e estas agora temos de responder. Vamos adotar mais uma vez o nosso método habitual de extrair das próprias palavras sua verdadeira significação, de forma que possamos descobrir a verdade precisamente onde eles pensam em derrubá-la. O Senhor falou em palavras simples para a nossa instrução na fé, e suas palavras não podem precisar de apoio ou comentário por palavras estrangeiras e irrelevantes. (Sobre a Trindade, Livro XI, §7)
Não requer maiores comentários. Uma exposição mais cristalina da suficiência formal não seria possível.

A salvação está longe dos ímpios, pois não buscam os estatutos de Deus; uma vez que para nenhum outro fim eles foram escritos, de que eles deveriam ser de conhecimento e concepção de todos, sem exceção. (Psalmi CXVIII, Quindecim Graduum., Gradus 15, PL 9:643; translation in William Goode, The Divine Rule of Faith and Practice, 2nd edition, 3 Volumes (London: John Henry Jackson, publisher, 1853), Vol. 3, p. 246.)

O que foi escrito assim o foi para que todos compreendessem.

Mas a palavra de Deus [e no contexto ele fala explicitamente da Escritura] promoveu o benefício de todos os que devem viver, sendo a própria a melhor adaptada para promover a instrução de todos, sem exceção. (Ibid., p. 246.)

Cirilo de Jerusalém (313-386)

Que este selo permaneça sempre em tua mente, o qual foi agora, por meio do sumário, colocado em teu coração e que, se o Senhor o permitir, daqui em diante, será elaborado de acordo com nossas forças por provas da Escritura. Porque, concernente aos divinos e sagrados Mistérios da Fé, é nosso dever não fazer nem a mais insignificante observação sem submetê-la às Sagradas Escrituras, nem sermos desviados por meras probabilidades e artifícios de argumentos. Não acreditem em mim porque eu vos digo estas coisas, a menos que recebam das Sagradas Escrituras a prova do que vos é apresentado: porque esta salvação, a qual temos pela nossa fé, não nos advém de arrazoados engenhosos, mas da prova das Sagradas Escrituras. (Leituras Catequéticas 4:17)

Talvez Lutero ou Calvino não fizeram um declaração tão forte em favor da suficiência material e formal. Nem a mais insignificante observação poderia ser feita sem a autoridade da Escritura, isso iria além do que a teologia reformada ensina. Cirilo defende a perspicácia da Palavra Escrita ao afirmar “a menos que recebam das Sagradas Escrituras a prova do que vos é apresentado”. Se a Escritura não é clara e seus leitores não podem extrair dela a verdade de forma direta, a afirmação seria sem sentido. Ele pensava que os leitores poderiam conferir na Escritura e atestar que sua pregação era verdadeira – precisamente o que os bereanos fizeram com a pregação apostólica.

Mas enquanto avanças naquilo que estudas e professas, agarra-te e sustentes apenas a esta fé, que pela Igreja é entregue a ti e é estabelecida a partir de toda Escritura. Por nem todos poderem ler a Escritura, sendo uns por ignorância e outros pelos negócios da vida, o conhecimento da mesma está fora do alcance deles; assim, a fim de que suas almas não pereçam por carecerem de instrução, por meio dos Artigos, que são poucos, procuramos abranger toda a doutrina da Fé (...) E para o presente momento, confiamos a Fé à memória, meramente atentando às palavras; esperando, porém, que, no tempo oportuno, possa-se provar cada um destes Artigos de Fé pelas Divinas Escrituras. Pois os artigos de Fé não foram compostos ao bel-prazer dos homens: antes, os mais importantes pontos dela foram selecionados a partir de todas as Escrituras, forjando o único ensino da Fé. E, como a semente de mostarda em seu pequeno grão contém muitos ramos, assim também esta Fé, em umas poucas palavras, tem abrangido em seu seio o pleno conhecimento da piedade contido em ambos, Antigo e Novo Testamentos. (Leituras Catequéticas 5:12)

A citação acima é uma poderosa afirmação da suficiência material

Basílio de Cesareia (330 – 379)

Tudo o que parece ser falado de forma ambígua ou obscura em alguns lugares da Sagrada Escritura é esclarecido pelo que está claro e evidente em outros lugares. (In Regulas Brevius Tractatas, Responsio CCLXVII, PG 31:1264)

Para aqueles que dizem serem as doutrinas reformadas uma invenção de Lutero, essa citação prova o contrário.

Como você usufrui das Escrituras, não necessita nem de minha ajuda, nem da de ninguém para ajudá-lo a compreender o seu dever. Você tem o conselho todo-suficiente e orientação do Espírito Santo para levá-lo ao que é certo. (Epístola 283)

Os ouvintes ensinados nas Escrituras devem testar o que é dito pelos mestres e aceitar o que se harmoniza com as Escrituras, porém rejeitar o que é estranho. (NPNF, Série II, VIII:229)

Basílio expõe o ensino bíblico de testar os mestres pelo crivo das Escrituras assim como os bereianos fizeram. A Escritura só pode ser um juiz de fato, se for compreensível pelos crentes. Um católico romano não pode por em prática esse ensino bíblico e patrístico, pois não tem o direito de julgar privadamente o ensino do magistério.

Ambrosiastro (século IV)

O fato é que a Escritura fala em nossa própria maneira, para que possamos entender. (In Epistolam Beati Pauli Galatas, v. 4:7, PL 17:360)

Ambrósio (339-397)

Não confie em ninguém para guiá-lo, mas onde a luz da lâmpada [isto é, Escritura] vai adiante (...) Portanto, a fé é o guia da sua jornada; deixe as divinas Escrituras serem o seu caminho. Excelente é a orientação da palavra divina. Esta lâmpada acende sua lâmpada; e o olho da sua mente, que é a lâmpada do seu corpo, pode dar a luz. (In Psalmum David CXVIII, Expositio, Sermo 14, §11, PL 15:1394)

Escritura divina nos dá salvação e perfuma com o perfume da vida, de modo que aquele que lê pode adquirir doçura e não se apresse em perigo para sua própria destruição. (Hexameron, Livro 1, 2ª Homilia)

Eu queria que eles se vestissem de palavras sem adorno das Escrituras, para que possam brilhar em sua própria luz e possam falar claramente para si próprios. O sol e a lua não precisam de intérpretes. O brilho de sua luz é todo-suficiente, uma luz que preenche todo o mundo. Fé serve como uma iluminação para a Palavra inspirada. Se assim posso dizer, uma testemunha sem testamento não tem necessidade de outra testemunha, ainda que ofusque os olhos de toda a humanidade. (Caim e Abel, Livro 1, Cap. 6.22)

As Escrituras são auto autenticáveis e suficientes, não precisam de outras testemunhas para a validar. Ambrósio não subscreveria afirmações romanistas que alegam que a Bíblia sem a Igreja, perderia sua autoridade, ou que a Escritura é autoritária porque a Igreja disse.

Frequente leitura das Escrituras, portanto, fortalece a mente e a amadurece pelo fervor da graça espiritual. Desta forma, os nossos poderes de raciocínio são fortalecidos e a influência de nossas paixões irracionais reduzidas a nada. (Caim e Abel, Livro 2, Cap. 6.19)

O Bispo de Milão nos fala dos benefícios da leitura das Escrituras. Benefícios só possíveis para os que têm uma visão elevada dela. Por isso, reformados e romanistas têm práticas tão diferentes em relação às Sagradas Letras. Enquanto os protestantes sempre incentivaram a leitura e o exame diligente da palavra de Deus, a Igreja Romana sempre se esforçou em manter a palavra inspirada longe das massas.

Epifânio de Salamina (310 – 403)

Pois Deus está vindo, e as divinas Escrituras explicam todas as coisas para nós claramente; pois não há nada nelas difícil ou obscuro. (Ancoratus, §41)

Epifânio vai além do ensino reformado, ensinando que toda a Escritura é clara.

E para que não seja pensado que [há] algum erro nos Evangelhos – pois o mistério é impressionante e além da capacidade, e apenas para as crianças do Espírito Santo é a declaração simples e clara. (Adversus Haereses, Liber II, Tom. I, LI, §11)

Em complemento à citação anterior, ele reconhece o papel do Espírito Santo na iluminação.

E, assim, está plenamente demonstrado que não há obscuridade ou contradição nos Evangelhos santos ou entre os evangelistas, mas que tudo é simples. (Adversus Haereses, Liber II, Tom. I, LI, §15)

Tudo na Escritura Sagrada é claro, para aqueles que irão abordar a palavra de Deus com razão piedosa, e não abrigar a obra do diabo dentro deles e transformar os seus passos para a morte como esse homem infeliz e seus convertidos atacaram a verdade de forma mais vigorosa que se tornaram blasfemadores de Deus e sua fé diante deles. (Adversus Haereses, Liber III, Tom. I, LXXVI, §7)


E tudo na escritura sagrada e santa fé é absolutamente claro para nós, e nada é tortuoso, contraditório ou complicado. (Adversus Haereses, Liber III, Tom. I, LXXVI, §45)

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