sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

O Sacrifício Propiciatório da Missa

A Igreja Romana ensina que a Missa é uma reapresentação do sacrifício de Cristo. O mesmo sacrifício realizado por Cristo na cruz é renovado repetidamente na Missa de forma incruenta. Não se trata apenas de uma comemoração ou lembrança como afirmam os evangélicos, mas de um sacrifício real e verdadeiro. Assim afirmou o Concílio de Trento:

950. Cân. 3. Se alguém disser que o sacrifício da Missa é somente de louvor e ação de graças, ou mera comemoração do sacrifício consumado na cruz, mas que não é propiciatório, ou que só aproveita ao que comunga, e que não se deve oferecer pelos vivos e defuntos, pelos pecados, penas, satisfações e outras necessidades — seja excomungado [cfr. N° 940].

O sacrifício é também propiciatório, por isso deve ser oferecido pelos pecados dos vivos e dos mortos para satisfazer a justiça de Deus. Também pode ser celebrado em honra aos santos para se conseguir sua intercessão:

952. Cân. 5. Se alguém disser que é impostura celebrar Missas em honra dos Santos com o fim de conseguir a sua intercessão junto a Deus, como é intenção da Igreja —seja excomungado [cfr. n° 941].

Primeiramente, o sacrifício mencionado por Trento depende da validade da transubstanciação. Uma vez que esta doutrina é refutada, o sacrifício da missa também é. Já refutamos a transubstanciação aqui e também demonstramos que a evidência patrística nega a compreensão romanista da missa aqui. Lidaremos então com os argumentos bíblicos a respeito da ideia sacrificial da missa. Seguem os argumentos:

1 – O sacrifício da Missa não pode ser o mesmo sacrifício de Cristo na Cruz

Trento afirmou que o sacrifício da missa é incruento (sem derramamento de sangue). Católicos dizem que o sacrifício da missa é o mesmo sacrifício de Cristo na cruz. Isto não é possível por que na cruz houve derramamento de sangue e a morte de Cristo. Ou seja, Jesus deveria ter seu sangue derramado e ser morto assim como foi na cruz. Além disso, o sacrifício romanista não é eficaz para o perdão dos pecados, pois a Escritura afirma:

E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão. (Hebreus 9:22)

A morte contínua de Cristo também contraria a Escritura:

E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo,
Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.
(Hebreus 9:27-28)

Pense como esta era o momento perfeito para o autor de Hebreus afirmar a doutrina romana. Os católicos afirmam que Cristo é oferecido repetidas vezes ao mesmo tempo em vários lugares, já a Escritura afirma que houve uma única oferta. Esta única oferta não é descrita como um processo a ser renovado continuamente, mas como um evento único estabelecido num determinado tempo e lugar.

2 – Se a doutrina romana é verdadeira, Cristo teria sido sacrificado na última Ceia

Esta é uma implicação lógica que vai contra toda a evidência bíblica. O sacrifício de Cristo é sempre descrito como tendo acontecido e sido consumado na Cruz, nem antes nem depois. Acaso o sangue de Jesus foi derramado na última Ceia? Seu corpo foi morto na última Ceia? Obviamente não. Não houve morte, nem sequer derramamento de sangue. Ou seja, Roma tem o pesado fardo de provar que Cristo foi sacrificado na quinta-feira a noite.

3 – Cristo disse que estava consumado (Jo 19:28-30)

As palavras de Cristo são incompatíveis com o aspecto processual da doutrina romanista. Nestas palavras, ele ensina que o seu sacrifício foi um evento único num determinado tempo e lugar e não algo que deveria se renovado repetidamente.

4 – A doutrina romanista torna o único sacrifício de Cristo insuficiente

Imagine que você fosse visitar um amigo e encontrasse a porta de sua casa fechada. Você bateria até que ela se abrisse, mas se a encontrasse aberta, entraria sem ter que renovar suas batidas. Assim é o sacrifício de Cristo, ao dizermos que ele precisa ser renovado para que os pecados continuem a ser perdoados, estamos implicitamente afirmando sua insuficiência, o que contraria a evidência bíblica:

Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados. (Hebreus 10:14)

Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus; Que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre. (Hebreus 7:26-28)

A única oblação de Cristo nos aperfeiçoou para sempre. Já a Igreja Romana afirma que precisamos da contínua renovação do sacrifício de Cristo para aperfeiçoamento dos crentes. A Escritura afirma que com esta única oferta, Jesus aniquilou o pecado (Hb 9:26). Se o Cristão, ao pecar, necessita da renovação do sacrifício para obter perdão, então o pecado não teria sido aniquilado por Cristo na cruz.

5 – Hebreus nos diz que a necessidade de um sacrifício ser oferecido repetidas vezes é prova da sua ineficácia

O livro de Hebreus foi escrito para judeus que estavam desanimando diante das perseguições e pensando em voltar à velha religião. A intenção é mostrar a superioridade e eficácia da Nova Aliança diante da Antiga. Se o caráter sacrificial da eucaristia fosse uma doutrina apostólica, seria mencionada neste livro, porém, além de não mencioná-lo, ainda o nega.

Assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez, não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que o aguardam. (Hebreus 9:28)

A doutrina católica implica que Cristo está fisicamente presente na missa. Porém o autor de Hebreus afirma que após a primeira vez (quando ocorreu o sacrifício), ele virá uma segunda vez para trazer salvação aos que o aguardam. Como ele poderia afirmar isso, se Cristo está vindo continuamente sobre os elementos da Eucaristia sempre que o sacerdote celebra a comunhão? Como ele pode se referir como uma segunda vinda, se ele está vindo todos os dias?

A Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão de vir, e não a realidade dos mesmos. Por isso ela nunca consegue, mediante os mesmos sacrifícios repetidos ano após ano, aperfeiçoar os que se aproximam para adorar. Se pudesse fazê-lo, não deixariam de ser oferecidos? Pois os adoradores, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais se sentiriam culpados de seus pecados. (Hebreus 10:1-2)

Ou seja, se os sacrifícios pudessem aperfeiçoar o pecador, eles não precisariam ser novamente oferecidos. Vemos como o sacrifício da missa católica é tão ineficaz quanto os sacrifícios da Antiga Aliança.

Mas quando este sacerdote acabou de oferecer, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à direita de Deus. Daí em diante, ele está esperando até que os seus inimigos sejam colocados como estrado dos seus pés. (Hebreus 10:12-13)

2 comentários:

  1. Gostei muito desse texto da missa, não sabia aprendi mais uma. Obrigado Bruno por nos trazer conhecimentos.

    Marcos Monteiro

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    Respostas
    1. Obrigado Marcos.

      Essa doutrina do sacrifício da Missa é geralmente ignorada pelos protestantes. A maioria se concentra mais na transubstanciação. A ideia de que o sacrifício da Missa é uma reapresentação do sacrifício de Cristo na Cruz é uma das doutrinas mais blasfemas do catolicismo.

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