Apologistas católicos geralmente argumentam que podemos encontrar a verdadeira Igreja a partir da sucessão apostólica. Os versículos apontados pelos católicos como provas da doutrina da sucessão se referem a todos os apóstolos e não apenas a Pedro, e alguns deles, se forem tomados como evidências, se refeririam a sucessão de Igrejas que hoje não estão em comunhão com Roma.
O
ponto é que há Igrejas ensinando doutrinas fundamentais opostas e ainda assim
reivindicando sucessão apostólica. A Igreja Romana reconhece a sucessão das
Igrejas Ortodoxa e não-calcedonianas. Porém, todas elas têm divergências doutrinárias
irreconciliáveis, sendo mais notável a negação do papado – o fundamento do
romanismo. Ou seja, a história prova que uma suposta sucessão apostólica não
garante a doutrina correta nem a unidade da Igreja. Então, quem desejar
encontrar a Igreja verdadeira não poderá se basear apenas na existência dessa
sucessão.
Todas as vertentes cristãs concordariam que
uma característica indispensável da Igreja verdadeira é a preservação da
doutrina apostólica. Se uma sucessão ordenada de bispos não pode garanti-la, há
pouco valor nesse critério para determinar a verdadeira Igreja. Apologistas
católicos respondem dizendo que não é suficiente ter sucessão, mas é preciso
estar em comunhão com o sucessor de Pedro – no caso, o bispo de Roma. Ele seria
o garantidor da preservação doutrinal da Igreja. Essa posição não encontra
nenhum apoio bíblico ou histórico, ninguém no primeiro milênio acreditava que o
bispo romano não podia errar na fé.
Uma
das maiores preocupações dos apóstolos era preservar as comunidades locais dos
falsos mestres e da apostasia. O Novo Testamento contém numerosas advertências
contra a apostasia e falso ensino. É notável o fato de em tais contextos, nunca
terem ensinado que uma suposta sucessão seria o bastião da doutrina, seria o
guia infalível da fé. Em absolutamente nenhum lugar, o Novo Testamento ensina
que o sucessor de Pedro seria esse guia. Pelo contrário, mostra homens
comissionado pelos apóstolos apostatando e se tornando falsos mestres.
Ainda
que tomemos como verdadeiro que o sucessor de Pedro tenha as prerrogativas
defendidas pelos papistas, existe um problema a se considerar – porque o
sucessor de Pedro é exclusivamente o bispo de Roma, se há tradição até mais
antiga afirmando que os bispos de Antioquia são sucessores de Pedro? Eusébio
escreve:
Ao mesmo tempo adquiriram
notoriedade Papias, bispo da igreja de Hierápolis, e Inácio, o homem mais
célebre para muitos ainda hoje, segundo
a obter a sucessão de Pedro no episcopado de Antioquia. (História
Eclesiástica 3:36:2)
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