O Concílio de Niceia produziu o seguinte credo em oposição
ao arianismo:
Cremos
em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador de todas as coisas visíveis e
invisíveis. Ε em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado unigênito do Pai, isto é, da substância do Pai; Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado,
não feito, consubstancial ao Pai; por quem foram feitas todas as coisas que
estão no céu ou na terra. O qual por
nós homens e para nossa salvação, desceu, se encarnou e se fez homem. Padeceu e
ressuscitou ao terceiro dia e subiu aos céus Ele virá para julgar os vivos e os
mortos. E no Espírito Santo. E quem quer
que diga que houve um tempo em que o Filho de Deus não existia, ou que antes
que fosse gerado ele não existia, ou que ele foi criado daquilo que não
existia, ou que ele é de uma substância ou essência diferente (do Pai), ou que
ele é uma criatura, ou sujeito à mudança ou transformação, todos os que falem
assim, são anatematizados pela Igreja Católica.
Todavia, o credo mais
comumente referido como Niceno não é o acima. Um outro credo supostamente
produzido no Primeiro Concílio de Constantinopla traz o seguinte texto:
Cremos
em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do
céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. E em um só
Senhor, Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos, luz de luz, Deus verdadeiro
de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial ao Pai, por quem, foram
feitas todas as coisas. O qual por nós homens e para a nossa salvação, desceu
dos céus: se encarnou pelo Espírito
Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos e padeceu e foi sepultado e ressuscitou
ao terceiro dia conforme as Escrituras, e subiu aos céus, onde está assentado à
direita do Pai. Ele virá novamente, em glória, para julgar os vivos e os
mortos; e o Seu reino não terá fim. E no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai; e com o Pai e o Filho é
adorado e glorificado: Ele falou pelos profetas. E na Igreja, una, santa,
católica e apostólica. Confessamos um só batismo para remissão dos pecados.
Esperamos a ressurreição dos mortos; e a vida do mundo vindouro. Amém.
As diferenças entre os dois
estão negritadas. É nítido que se tratam de credos diferentes. Observem que o
Credo de Constantinopla exclui a porção final do credo de Niceia. A maior parte
das diferenças não são significativas, mas a exclusão os trechos finais de cada
credo e os trechos “isto é, da substância do Pai; Deus de Deus” (Niceia) e “gerado
do Pai antes de todos os séculos” (Constantinopla) são significantes. Eu
afirmei que este último credo foi supostamente produzido pelo Concílio de Constantinopla
porque não há nenhuma evidência deste texto anterior ao que foi apresentado no
Concílio de Calcedônia. Este Concílio decretou:
(...) Nós renovamos o credo inerrante dos pais. Nós proclamamos todo o credo
dos 318 [Credo Niceno de 325]; e fizemos pelos nossos próprios pais que concordaram com essa declaração da
religião - os 150 que mais tarde se reuniram na grande Constantinopla e puseram
seu selo no mesmo credo. (Decretos dos Concílios Ecumênicos, Volume 1,
Norman P. Tanner, editor de S.J., 1990, p. 83.)
Dessa forma, sabe-se que o
credo de Niceia não é o mesmo de Constantinopla. Além disso, “o primeiro
concílio de Constantinopla não era originalmente um concílio geral” (Joseph
Pohle, The Trinity, English trans. Arthur Preuss, 1912, p. 129).
Assim, temos um credo de um concílio
“ecumênico”, que “não era originalmente um conselho geral”, alterando (por
deleção) o Credo Niceno de 325 e o Quarto Concílio Ecumênico declarando equivocadamente
que o credo promulgado no Concílio de Constantinopla em 381 era “o mesmo credo”
que foi promulgado em Niceia em 325. Esta me parece ser uma forte evidência da
falibilidade dos concílios ecumênicos.
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