Em virtude dos 500 anos da
Reforma, a internet foi tomada por protestantes comemorando essa importante
data e católicos romanos lamentando a “rebelião” de Lutero. Além disso,
observei que seguidores do Olavo de Carvalho estão cada vez mais engajados no debate
contra protestantes. Por isso, vou responder algumas objeções levantadas
especialmente por membros do “Terça Livre” contra a Sola Scriptura. O motivo
pelo qual o faço não é bem a qualidade do argumento (parece-me que teologia não
é bem o forte do Olavo e seus seguidores), mas porque não lembro de tê-los
respondido nesse blog.
1 – No período apostólico
havia Escritura (Antigo Testamento), Magistério (os apóstolos) e Tradição
(mensagem dos apóstolos), logo a Sola Scriptura deve ser rejeitada
O problema óbvio desse
argumento é que no período apostólico a revelação pública e vinculante de Deus
ainda não havia cessado. Como agentes da revelação, eles não estavam
condicionados apenas ao que estava escrito. Tanto a pregação escrita como a
oral eram igualmente infalíveis e vinculantes. Esse era um período de transição
em que a Escritura estava sendo produzida, logo se a revelação ainda não havia
sido escriturada, o princípio não era aplicável em sua totalidade.
Católicos e protestantes
concordam que a revelação publicou cessou com os apóstolos. O princípio
reformado não era aplicável em sua totalidade aqueles que tiveram acesso ao
ensino oral dos apóstolos, mas às gerações posteriores para as quais o ensino
oral não estava mais disponível. Qual a fonte infalível de ensino apostólico
que as gerações posteriores poderiam acessar? Somente as Escrituras. Uma vez que a Escritura contém o
registro inspirado da pregação apostólica, é infalível. Já a tradição não pode
ser uma fonte infalível de ensino. Suponha que a testemunha A ouviu um apóstolo
pregar e repassou para a testemunha B que repassou para a C..... Todo o
processo é falível. A testemunha A não era um autor inspirado, logo poderia ter
interpretado errado ou sido traído por sua memória. Na II carta aos Coríntios,
Paulo afirma que a igreja de Corinto não havia entendido algumas questões de
sua primeira carta. O mesmo poderia ocorrer àqueles que receberam sua pregação oral.
Em suma, o primeiro registro da pregação oral é falível, o primeiro registro da
pregação escrita (os autógrafos) era infalível. Isso por si só coloca a
Escritura numa posição de superioridade diante da tradição. Por isso, rendemos
à Escritura a posição de autoridade suprema, pois é o registro inspirado da
revelação divina. Nenhuma outra fonte atende a esse critério.
Outro erro do argumento católico é apelar ao magistério
apostólico para invalidar a Sola Scriptura. Pelo contrário, justamente por ser fruto
da atividade apostólica, a Escritura desfruta do ápice da autoridade. O
magistério dos apóstolos é único. Inácio de Antioquia e Clemente de Roma corretamente
conceberam que eles não tinham a mesma autoridade dos apóstolos. Eles exerciam
função magisterial em suas igrejas, mas diferente dos apóstolos, seu ensino era
falível e sujeito à correção. O argumento analisado utiliza um período em que
havia um magistério infalível (os apóstolos) e aplica às gerações posteriores
em que tal magistério não estava mais disponível.
Dessa forma, o que temos hoje? Temos o magistério falível da Igreja de Cristo que precisa ser submetido ao crivo da Escritura, a tradição (o ensino histórico da Igreja Cristã) que também está sujeita ao erro e correção e a Escritura (o único registro infalível da pregação dos apóstolos). Assim, a Sola Scritpura é plenamente aplicável. Lembrem-se que eu disse que o princípio não era totalmente aplicável ao período apostólico. Isso porque se tratava de um período em que a revelação pública ainda não cessara. No entanto, alguns aspectos do princípio eram aplicáveis mesmo nesse período. O Antigo Testamento era considerado a palavra inspirada de Deus e a pregação apostólica não poderia contradizer a revelação já escriturada. Não por acaso os bereanos foram elogiados por submeterem a pregação apostólica ao crivo das Escrituras.
Para o bem do debate, concedi que pudesse haver uma tradição
oral com doutrinas extra bíblicas. Mas, a julgar pela evidência histórica, isso
não aconteceu. Os pais da Igreja defenderam vorazmente a suficiência material
das Escrituras. Não foi até meados do séc. XIV que a teoria das duas fontes
(Escritura e Tradição como fontes independentes de revelação) ganhou força na
Igreja. Além do argumento da inspiração, muitos outros poderiam ser feitos em
favor da superioridade da Escritura sobre a tradição oral. Poder-se-ia
argumentar em favor da maior confiabilidade da tradição escrita. A própria
Escritura pressupõe a maior confiabilidade do registro escrito (Isaias 30:8)
Eu gostaria de ir além e argumentar que na verdade o período
em que a revelação estava sendo produzida demonstra a inveracidade da regra de
fé romana. Os apologistas católicos afirmam que a existência de um magistério
infalível pós-apostólico não é apenas útil, mas uma necessidade. É o famoso “se
não existisse, teríamos que inventá-lo”. Mas isso incorre nos seguintes
problemas:
(1) Jesus responsabilizou os judeus (em especial os fariseus)
por seguirem e interpretarem corretamente a Escritura. Como isso poderia ser
demandado se os judeus não tinham qualquer intérprete infalível a disposição?
Como um judeu que viveu 50 anos antes de Cristo poderia saber quais livros
pertenciam a Escritura? Se na antiga aliança, Deus cumpriu seus propósitos sem
um magistério oficial infalível, porque o mesmo não poderia acontecer na nova
aliança?
(2) Se o magistério é necessário porque a Escritura não é
formalmente suficiente ou perspicaz, como os apóstolos poderiam elogiar os
bereanos por julgarem a pregação pelo crivo das Escrituras? Porque o mesmo não
seria aplicável ao magistério da igreja romana?
(3) O magistério da Igreja romana seria a continuação do
magistério apostólico. E a função do magistério é produzir declarações doutrinais
claras de modo a prevenir a igreja do erro. Se o Novo Testamento nada mais é do
que o ensino apostólico escriturado, como então ele não seria claro o
suficiente? Ao afirmarem que a Escritura é insuficiente, os católicos estão
implicando que o magistério apostólico não era suficiente e que Deus não fez um
bom trabalho ao inspirar livros para guiar o seu povo.
(4) Jesus deu o exemplo ao julgar as tradições dos fariseus
pelo crivo da Escritura. Alguém pode dizer que os judeus tinham a tradição
errada, mas como poderíamos diferenciar tradições certas das erradas se a
elevarmos ao mesmo patamar da Escritura inspirada?
(5) A igreja historicamente viu o magistério apostólico como
único. Os pais da Igreja compreendiam que nenhum bispo (incluindo o de Roma)
poderia ensinar infalivelmente como um apóstolo. Agostinho escreveu
:
Em tais termos, poderíamos nos divertir
sem medo de ofender um ao outro no campo da Escritura, mas eu poderia muito bem
perguntar se a diversão não foi à minha custa. Eu confesso a sua bondade de que eu aprendi a render este respeito e
honra apenas aos livros canônicos da Escritura: Desses somente eu mais
firmemente tenho acreditado que os autores foram completamente livre de erro.
E se nesses escritos eu esteja confuso por qualquer coisa que me parece oposta
à verdade, não hesitaria em supor que o manuscrito seja defeituoso, ou o
tradutor não pegou o significado do que foi dito, ou eu mesmo tenho falhado em
entender isso. (Carta
82 a Jerônimo)
O proeminente teólogo Tomás de Aquino afirmou que os autores
canônicos poderiam produzir argumentos certos, enquanto os demais doutores da
igreja apenas argumentos prováveis (aqui). Além disso, a promessa de Cristo de guiar em toda a verdade foi feita somente
aos apóstolos e não a supostos sucessores (Jo 16:12-13). Na verdade, o apóstolo
Paulo adverte que dentre os homens que ele próprio escolheu surgiriam falsos
mestres (Atos 20:29).
(6) Os católicos costumam resolver o problema da falibilidade
das fontes da tradição apelando a infalibilidade de sua própria igreja. O
magistério infalível seria responsável por peneirar nos pais da igreja o que
seria tradição apostólica autêntica. Ocorre que a infalibilidade da igreja
romana depende em última instância da infalibilidade do bispo de Roma. O
problema é que a infalibilidade papal é uma doutrina estranha a Escritura e história
da Igreja. O proeminente medievalista católico Brian Tierney escreveu:
Não há evidência convincente de que a infalibilidade papal
tenha constituído qualquer parte da tradição teológica ou canônica da Igreja
antes do século XIII; a doutrina foi criada em primeiro
lugar por uns poucos dissidentes franciscanos porque lhes era adequado e
conveniente inventá-la; eventualmente, mas
não somente após muita relutância, foi aceita pelo papado porque ela se
adequava a conveniência dos papas em aceitá-la. (Brian Tierney, Origins of Papal
Infallibity: 1150-1350, (Leiden: E.J. Brill, 1988) p. 281)
Historiadores católicos e protestantes estão de acordo que a
infalibilidade papal não encontra qualquer evidência histórica nos primeiros
séculos da Igreja. A controvérsia é se a doutrina foi primeiramente defendida
pelos canonistas do séc. XII ou franciscanos radicais do séc. XIII.
(7) Os apologistas reivindicam que o ensino atual da Igreja
Romana tem o mesmo conteúdo que a tradição apostólica referida nas cartas de
Paulo. O problema é que o conceito de tradição atualmente adotado é a “tradição
viva” (aqui).
Trata-se de uma tradição dinâmica que se desenvolve ao longo da história
levando a implicações que nenhum apóstolo de fato ensinou. Ratzinger ao
comentar sobre o dogma da Assunção de Maria nos dá um relato de como funciona a
tradição viva:
Antes que a assunção corporal de Maria
ao céu fosse definida, todas as faculdades teológicas do mundo foram
consultadas para dar opinião. A resposta
de nossos professores foi enfaticamente negativa (...) "Tradição"
foi identificada com o que poderia ser provado com base em textos. Altaner, o
patrologista de Würzburg (...) provou de
maneira cientificamente persuasiva que a doutrina da assunção corporal de Maria
ao céu era desconhecida antes do século V. Esta doutrina, portanto,
argumentou, não poderia pertencer à "tradição apostólica". E essa foi
a conclusão que meus professores em Munique compartilharam. Este argumento é
convincente se você entender a "tradição"
estritamente como o manuseio de fórmulas e textos fixos (...) Mas se você
conceber a "tradição" como um processo vivo pelo qual o Espírito
Santo nos apresenta a plenitude da verdade e nos ensina como entender o que
anteriormente não podíamos entender (Jo 16:12-13), então a
"lembrança" subseqüente (Jo 16:4, por exemplo) pode reconhecer o que
não tinha visto anteriormente e ainda como repassado na palavra original. (Milestones (Ignatius, 1998), 58-59)
Em outras palavras, ainda que uma determinada tradição não
possa ser rastreada até uma fonte apostólica (nenhuma tradição
extra bíblica pode), a igreja pode defini-la como parte da revelação
apostólica. Por isso, apelar à tradição dos apóstolos é inócuo uma vez que a
Igreja pode redefinir seu conceito de tradição ao longo da história e incluir
no pacote ideias que nenhum apóstolo ensinou.
(8) Por último, os protestantes não estão sozinhos quando
afirmam que tudo o que podemos determinar como pertencente à tradição
apostólica está contido na Escritura. Estamos juntos com os Pais da Igreja, com
teólogos como Tomás de Aquino e com boa parte dos atuais teólogos católicos. Se
tudo o que a Igreja Romana chama de tradição fosse doutrinas explícitas ou
implícitas da Escritura, não teríamos problemas em adotar tais tradições. O
problema é que sob o título de “tradição apostólica” Roma tem introduzido inovações
estranhas ao Evangelho como a assunção corporal de Maria.
2
– A Escritura não responde algumas questões éticas, logo não é suficiente
Essa objeção geralmente é
apresentada se referindo a questões bioéticas. Já ouvi católicos argumentarem
que o cristão protestante não pode ser contrário ao aborto, pois não há um
versículo que diga “não abortarás”. Primeiramente, a Escritura é um livro de
princípios gerais. Abortar pode facilmente ser encaixado no mandamento “não
matarás” que melhor seria traduzido por “não assassinarás”. Não é preciso que a
Escritura trate de cada tópico específico, basta que ofereça princípios ou
critérios pelos quais um julgamento moral possa ser realizado. Alguém pode
objetar que a aplicação do princípio ao caso concreto pode exigir conhecimento
que não está na própria Escritura. Isso é verdade. No entanto, não é um
problema para o princípio reformado, uma vez que não afirmamos que a Escritura
é a única fonte de verdade ou conhecimento necessário.
Além disso, não somos nós que
definimos quais perguntas devem ser respondidas, mas Deus. A Escritura não é
para ser exaustiva, mas suficiente. Assim, se uma determinada questão não é
tratada pela Escritura mesmo através de um princípio geral, é porque Deus não
quis nos responsabilizar moralmente a respeito dessa questão. O magistério da
Igreja Romana também não é capaz de responder todas as questões morais de nosso
tempo. Não apenas morais, mas muitas controvérsias de natureza doutrinária
ficaram séculos para serem respondidas ou nunca foram (ex. molinismo vs
tomismo). Se o argumento católico contra a doutrina protestante é válido, ele
também atestaria a insuficiência do próprio magistério. Ademais, a medida que o
tempo passa novos problemas surgem. Ninguém sabe ao certo se e quando haverá uma
resposta do magistério. Joseph Ratzinger escreveu:
De
fato, somos constantemente confrontados com problemas em que não é possível
encontrar a resposta correta em pouco tempo. Acima de tudo, no caso de
problemas relacionados com a ética, particularmente a ética médica (...).
Finalmente, devemos dizer, depois de longos estudos "respondemos que, agora, no nível local, não fomos suficientemente
longe para ter certeza plena sobre isso". Novamente, na área da ética
médica, novas possibilidades, e com elas novas situações limítrofes surgem
constantemente quando não é imediatamente evidente
como aplicar princípios. Não podemos
simplesmente invocar certeza. Não é necessário que sempre haja respostas
universais. Nós também precisamos
realizar nossos limites e renunciar a respostas onde eles não são possíveis
(...) simplesmente não é verdade que queiramos dar respostas em todas as
situações ... "(J. Ratzinger, Salt of the Earth [ Ignatius,
1996], 100-101)
Ratzinger apenas admite o
óbvio – a Igreja Romana não tem respostas para todas as questões éticas. A
visão de que a Igreja Romana é um fundamento moral que fornece todas as
respostas num mundo de incertezas é simplesmente ingênua e romântica. A realidade
é que declarações ex-cathedra (infalíveis) são extremamente raras. Alguns
teólogos afirmariam que existem apenas dois casos na história. O exercício do magistério
extraordinário é tão raro na história que simplesmente não pode preservar a
igreja romana do erro como muitos apologistas parecem acreditar. Gerações e
gerações de católicos romanos morreram tendo crenças erradas ou sem respostas
para questões éticas porque o magistério pode demorar séculos para se
pronunciar ou declarar doutrinas e ninguém pode dizer ao certo que algum dia
haverá resposta. Ademais, em muitas questões tudo o que o magistério oferece
são princípios gerais. Assim como o protestante precisa utilizar conhecimento extra
bíblico para aplicar o princípio ao caso concreto, o católico romano precisará
utilizar conhecimento alheio a sua regra de fé para aplicar os ensinamentos do
magistério.
3 – Nem John Wesley acreditava
na Sola Scriptura, pois adotava um quadrilátero de autoridades (Escritura,
Tradição, Razão e Experiência)
Isso nem é uma objeção, mas
resolvi responder porque é demonstrativo de como os católicos não entendem o
que é a Sola Scriptura. Essa afirmação surgiu na minha timeline e também foi produzida por um membro do Terça Livre. Os
católicos leem “Somente a Escritura” e acreditam já ter a exata definição da
doutrina. Ocorre que “Sola Scritpura” é um slogan e, portanto, não apresenta a
própria definição da doutrina. Qualificações adicionais precisam ser feitas.
Seria como alguém dizer “infalibilidade papal” e acreditar que somente com
essas duas palavras já se tem a correta definição da doutrina católica. Quando
afirmamos a Sola Scriptura, estamos dizendo que somente a Escritura é uma regra
ou autoridade infalível. Por não haver nenhuma outra autoridade infalível, a
Escritura é autoridade suprema, estando sobre a tradição e o magistério (autoridades
falíveis). O quadrilátero de John Wesley aplica quatro autoridades, mas apenas
a Escritura é suprema e infalível, o que faz dele tão proponente da Sola
Scriptura quanto Calvino e Lutero. O teólogo metodista Thomas Oden e
especialista em John Wesley escreveu:
É
a 'fé dos protestantes' em acreditar em
nada mais ou nada menos que está manifestamente contido e provado pelas Santas
Escrituras. A palavra escrita é a única e plena regra de sua fé, assim como
prática. Acreditamos que a Escritura seja de Deus. Somos orientados a não
sermos sábios acima do que está escrito. Não devemos impor nada que a Bíblia
claramente não imponha. Não devemos proibir nada que ela claramente não proíba."
(ODEN,
Thomas, John Wesley’s Scriptural Christianity. Grand Rapids: Zondervan, 1994.
P.56)
O teólogo H. Ray Dunning
escreveu sobre o quadrilátero wesleyano:
Seguindo
João Wesley, a teologia Wesleyana sempre construiu sua obra doutrinária sobre
quatro pilares essenciais comumente referidos como quadrilátero Wesleyano. Além
da Escritura, elas são a tradição, razão e experiência. Estas, todavia, não estão em pé de igualdade. Na verdade, se
propriamente entendidas, as três fontes auxiliares corroboram diretamente a
prioridade da autoridade bíblica.” (DUNNING, H. Ray. Grace,
Faith, and Holiness. Kansas City, Mo.: Beaconc Hill, 1998. p.77)
Vejamos o artigo V da
Confissão de Fé Metodista que apoia o quadrilátero wesleyano:
A
Sagrada Escritura contém todas as coisas necessárias à salvação. Tudo que não
possa ser lido nela, nem possa ser provado dela, não é exigido de qualquer
homem que se possa acreditar como um artigo de fé, ou seja considerado
necessário para a salvação.
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