C. S Lewis dispensa
apresentações. É considerado um dos maiores apologistas cristãos de todos os
tempos. Cresceu como um ateu e se converteu ao cristianismo anglicano. Ele
também conseguiu um feito considerável – ser muito prestigiado nos círculos
católicos e protestantes. Lewis se dedicou a defender o que chamava de “mero
cristianismo” – os fundamentos básicos comuns a todas as tradições cristãs. Dessa
forma, ele dificilmente se envolvia em polêmicas entre católicos e
protestantes. Todavia, ele ofereceu aquele que considero o melhor motivo para
rejeitar o catolicismo romano:
A
Igreja Romana, onde ela difere da tradição universal e especialmente do
cristianismo apostólico, eu rejeito. Assim, a sua teologia sobre a Virgem Maria rejeito porque parece totalmente
estranha ao Novo Testamento; onde de fato as palavras "bem-aventurado
o ventre que te gerou" recebem uma tréplica apontando na direção
exatamente oposta. Seu papalismo parece
igualmente estranho a atitude de São Paulo em direção a São Pedro nas epístolas.
A doutrina da transubstanciação insiste
numa definição que o Novo Testamento me parece não aprovar. Em outras
palavras, todo o setup do catolicismo moderno me parece ser tanto uma variação
provincial da central e antiga tradição como qualquer seita protestante em
particular é. Devo, portanto, rejeitar o seu pedido: embora isso, naturalmente,
não significa rejeitar determinadas coisas que eles dizem. (Letter
of C. S. Lewis to H. Lyman Stebbins, “The Boldness of a Stranger”)
E o argumento principal:
A
verdadeira razão pela qual eu não posso estar em comunhão com vocês [católicos]
não é o meu desacordo com esta ou aquela doutrina romana, mas ter que aceitar sua forma de Igreja, não para aceitar um
determinado corpo de doutrina, mas para
aceitar com antecedência qualquer doutrina que sua Igreja produzir no futuro.
É como ser solicitado a concordar não só
com o que um homem tem dito, mas também como o que ele vai dizer. (Christian
Reunion”, in Christian Reunion and Other Essays, edited by Walter
Hooper, London: Collins, 1990, p. 17-18)
Aderir ao catolicismo romano é
como passar um cheque em branco. Você não sabe de fato o valor que será “cobrado”.
Ainda que uma pessoa estude profundamente a Escritura e a história e chegue à
conclusão de que a igreja romana está certa em todas as suas reivindicações
(uma conclusão absurda obviamente), não seria suficiente. Esta pessoa teria que
concordar não somente com tudo o que a Igreja ensinou, mas com tudo que ela
ainda vai ensinar. É um passo tão grande que até mesmo os católicos têm
dificuldade de dá-lo. Atualmente, há na igreja romana diversos grupos afirmando
que o papa apostatou e abandonou o ensino histórico da igreja (vide as recentes
polêmicas sobre a pena de morte, distribuição da comunhão para recasados,
salvação fora da igreja e etc).
Lewis também foi responsável
por oferecer antídoto para os desvios do romanismo. Michael Edwards, comentando
uma resposta a uma carta que recebeu de Lewis em 2 de novembro de 1959, afirma:
Isso foi em resposta a um pedido de uma reunião pessoal para me ajudar a
resolver duas áreas problemáticas diferentes (1) em que denominação cristã eu
deveria me fixar (...) Eu nunca me senti feliz como evangélico. Eu estava
considerando seriamente tornar-me católico romano (...) Eu estava aborrecido
com o problema da infalibilidade papal e Lewis
recomendou que eu lesse "A Infalibilidade da Igreja" por Salmon.
Isso, de fato, me ajudou a resolver a questão. (Douglas M. Jones
III, Foreword to Keith Mathison's The Shape of Sola Scriptura (Moscow,
ID: Canon Press), p. 248)
Bem que eu queria saber mais sobre a opinião do C. S. Lewis sobre o catolicismo
ResponderExcluirE vou poderia explicar o como era possível a tradição oral se corromper e sofrer adulteraçoes. É verdade que cristianismo sofreu sincretismo com paganismo ?
Acho que a pergunta seria como é possível a tradição oral não se corromper? Em todo o caso, a única forma de a tradição oral ser incorruptível é a proteção pelo Espírito Santo. O problema é que os veiculadores da tradição (os pais da Igreja) não eram inspirados, e portanto, diferente dos apóstolos, não receberam nenhuma proteção especial contra o erro. Por isso, os escritos dos apóstolos desfrutam de autoridade suprema, pois diferente dos demais, eram inspirados, portanto, infalíveis.
ExcluirAinda assim, os apelos de Roma aos Pais da Igreja são inócuos. Eles não acreditavam portar uma tradição oral com conteúdo doutrinário extra-bíblica. A tradição não era entendida como um suplemente das Escrituras, mas apenas o ensino das Escrituras preservado pela Igreja.
Eu gosto de estudar as doutrinas individualmente e quando submetemos as tradições de Roma ao crivo da histórica, elas não passam no teste. Nenhuma deles pode ser rastreada até os apóstolos, portanto não podem ser estabelecidas como artigos de fé.
Sim, houve algum nível de sincretismo entre o cristianismo e o paganismo. Sobretudo, a partir do séc. IV. Práticas como cultuar imagens e orar aos santos ganharam impulso na piedade popular e não há como negar a influência que os pagãos convertidos tiveram nesse processo. Contudo, nem todos os erros doutrinários cometidos pelas Igrejas Cristãs ao longo dos séculos podem ser colocados na conta do paganismo. Muita coisa simplesmente partiu de má exegese e da elevação de tradições humanas ao status de revelação divina.
Como se desenvolveu ao longo da história tais doutrinas é o objeto de estudo desse site. Acredita que já abordamos o desenvolvimento histórico de todas as distintas doutrinas romanas.
Uma simples brincadeira de telefone sem fio prova o porque da tradição ter se corrompido.
ResponderExcluirSem dúvida.... por isso o ônus é de quem apela à tradição oral.
ExcluirExcelente artigo!
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