Os católicos argumentam que a
Arca da Aliança era um tipo de Maria. Neste artigo, veremos os exemplos de pais
da igreja que contradizem esta visão. No século II, Irineu de Lyon escreveu:
Assim
é que a arca apontava um tipo do corpo
de Cristo, que é puro e imaculado. Pois, como essa arca era dourada com
ouro puro tanto dentro como fora, também o corpo de Cristo é puro e
resplandecente, sendo adornado dentro pela Palavra e fora protegido pelo
Espírito para que, em ambos os materiais, o esplendor das naturezas possa ser
exibido juntos. (Fragmentos 48)
Hipólito, no século III,
também viu Jesus ao invés de Maria na arca. Ele menciona Maria ao descrever
Jesus como a arca, por isso não se pode argumentar que ele não estava pensando
em Maria neste contexto:
Naquele
tempo o Salvador apareceu e mostrou seu próprio corpo ao mundo, nascido da
virgem, que era a "arca coberta de ouro puro ", com a palavra dentro
e sem o Espírito Santo. Deste modo, a verdade é demonstrada e a "arca" se manifestou
(...) o Salvador apareceu ao mundo, trazendo
a arca imperecível - seu próprio corpo.
(Sobre
Daniel 2:6)
Vitorino, também no século
III, vê a arca como representando as bênçãos que Jesus trouxe à humanidade. Ele
nos diz que o templo é Jesus, o que significa que a arca está dentro de Jesus.
Os católicos romanos fazem o argumento oposto, alegando que a arca, sendo
Maria, carrega Jesus:
"E abriu o templo de Deus, que está no céu". O templo aberto é uma
manifestação de nosso Senhor. Pois, o templo de Deus é o Filho, como Ele mesmo
diz: "Destrua este templo, e em três dias o levantarei". E quando os
judeus disseram: "Em quarenta e seis anos foi este templo construído".
O evangelista diz: "Ele falou do templo de Seu corpo". "E foi
visto em seu templo a arca do testamento
do Senhor". A pregação do evangelho e o perdão dos pecados, e todos os
presentes, tudo o que veio com ele, ele diz, apareceu nela. (Comentário
sobre o Apocalipse do abençoado João 11:19)
Agostinho, no século V, também
escreveu:
"Levanta-te,
ó Senhor, toma teu lugar de descanso" (v. 8). Ele disse ao Senhor
adormecido, "Levanta-te". Sabemos que dormia e que ressuscitou (...)
"Tu e a arca de vossa santificação": Quer dizer levanta-te a arca da
tua santificação, que Tu santificaste, e pode levantar também. Ele é o nosso
chefe, sua arca é a Sua Igreja: Ele
levantou primeiro, a Igreja irá levantar também. O corpo não se atreveria a
prometer sua própria ressurreição, salvo se a cabeça levantasse antes. O corpo de Cristo, que nasceu de Maria,
tem sido entendido por alguns como a
arca de santificação, de modo que as palavras significam: Levanta-te com o
teu corpo, para aqueles que não acreditam possam tocar. (Comentários dos Salmos 132:8)
Bruno qual é o principal argumento católico para justificar tal aberração?Eles citam outros pais da igreja para alegar que maria é a arca da nova aliança?Por que eles citam tanto o capítulo de apocalipse 12?
ResponderExcluirAcredito que haja algum pai da igreja que tenha relacionado a Arca a Maria. Se não estou enganado, Efrém o Sírio é um deles e viveu no séc. IV. Todavia, essa interpretação não é a majoritária nem a mais antiga. A maioria afirmou que se tratava da Igreja ou o corpo de Jesus.
ExcluirO uso que os católicos faz de Apocalipse 12 e outros textos se deve a escassez de textos que mencionem Maria. É um fato que não há qualquer apoio bíblico para nenhum dos dogmas marianos, então a saída é abusar de alegorias, metáforas e tipologias. A interpretação católica de apocalipse 12 não parte de exegese sólida, mas apenas o desejo de encontrar apoio para o dogma mais frágil do romanismo - a assunção de Maria.
A questão é que os católicos romanos não estão preocupados em descobrir o que a Bíblia realmente diz. No fim do dia, o que importa é o que a Igreja ensina, então eles primeiro assumem que a Igreja está certa e depois procuram na Escritura justificativas para aquele ensino.
Você é presbiteriano?
ResponderExcluirSou batista, mas com simpatia pela IPB.
ExcluirOlá Bruno, Tudo Bem! A paz de Cristo! Os pais da igreja eram cessacionistas? Eles criam no dom de linguas. Obrigado!
ResponderExcluirO cessacionismo foi a posição majoritária. E quanto mais longe dos apóstolos, mais se tornou a posição padrão até ser unânime. Todavia, há sim alguns pais da igreja continuistas.
ExcluirBruno, poderia recomendar leituras iniciais para se conhecer mais da teologia dos pais da Igreja? Pelo menos os principais como Clemente, Irineu, Atanásio, Orígenes e Agostinho.
ResponderExcluirE eu tenho um outro pedido: um amigo romanistas vive falando da continuidade histórica-dogmática que há entre os apóstolos e a Igreja romana, bem como a ortodoxa.
Eu gostaria que talvez você discorresse mais sobre o aspecto histórico dos antigos cristãos e sua relação (ou falta dela) com a ICAR.
A paz.
Olá,
ExcluirEu recomendaria ler os escritos deles. No caso de Clemente e Irineu, você encontra as principais obras em português em fontes onlines. Já para Orígenes, Atanásio e Agostinho há alguma coisa em português, mas muito não foi traduzido. As obras em inglês pode ser acessadas aqui:
http://www.newadvent.org/fathers/index.html
Sobre a continuidade histórica, um dos principais argumentos contra a ICAR é justamente a descontinuidade histórica de muitas das doutrinas que ela prega. Na verdade, o objeto principal desse blog tem sido explorar essa descontinuidade. Você pode ver aqui artigos separados por doutrinas: purgatório, dogmas marianos, papado, batismo, confissão e penitência e etc. Esses artigos irão tratar em detalhes como tais doutrinas não são rastreáveis até uma fonte apostólica. Agora, há um artigo mais genérico que trata do fato de que a ICAR não apela mais a continuidade histórica para validar sua tradição. A apologética católica está defasada nesses apelos, uma vez que atualmente todas as doutrinas são explicadas com base na teoria do desenvolvimento da doutrina. Recomendo que leia:
http://respostascristas.blogspot.com.br/2016/02/roma-e-seu-novo-conceito-de-tradicao.html
Além disso, não há outra fonte confiável de doutrina apostólica além dos livros da Escritura. A ideia de que há uma tradição que suplementar doutrinariamente a Escritura é totalmente estranha ao período patrístico. Sendo assim, para demonstrar a continuidade histórica, a ICAR deveria demonstrar que suas doutrinas possuem suporte bíblico - o que sabemos não ser o caso. Recomendo os artigos do blog heresias católicas que trata em detalhes sobre essa falta de suporte bíblico. Aqui você encontrá muita informação de cunho histórico.