sexta-feira, 10 de março de 2017

A Assunção de Maria e a Evidência Histórica


Já existe um ótimo artigo traduzido para o português abordando a assunção de Maria e a evidência histórica aqui. Recomendo que todos o leiam. Neste artigo, iremos abordar evidência histórica complementar (ou mais especificamente a falta dela). Um grupo com alguns dos maiores estudiosos católicos e luteranos do mundo concluiu:

Além disso, a noção da assunção de Maria ao céu não deixou qualquer vestígio na literatura do terceiro e muito menos do segundo século. M. Jugie, a principal autoridade sobre esta questão, concluiu em seu monumental estudo: "A tradição patrística anterior ao Concílio de Nicéia não fornece nenhuma testemunha sobre a Assunção". (Raymond Brown, et al., Maria no Novo Testamento [Mahwah: Paulist Press, 1978], página 266)

Alguns costumam argumentar que saberíamos onde estão os restos mortais de Maria, e que as primeiras fontes teriam apresentado mais relíquias marianas, se ela tivesse permanecido no túmulo, já que se trata de alguém tão importante. Todavia, os primeiros cristãos achavam que Maria era tão importante quanto algumas pessoas sugerem? David Farmer comenta:

Na igreja primitiva, bem como no ministério de Cristo, ela [Maria] permaneceu tão em segundo plano que é difícil saber onde viveu ou mesmo onde morreu. Tanto Éfeso como Jerusalém foram apontados como o lugar de sua morte, com os padres orientais geralmente apoiando Jerusalém. (Oxford Dictionary Of Saints [Nova York, Nova York: Oxford University Press, 1997], pag. 336)

A alegação de que as primeiras fontes certamente teriam falado sobre o túmulo e as relíquias de Maria se ela não tivesse sido assunta corporalmente é duvidosa. Existem muitas figuras da bíblia e da história da igreja bem conhecidas cujas sepulturas e relíquias não são muito discutidas ou sequer são mencionadas nas fontes mais antigas. A preocupação com essas questões aumentou ao longo do tempo à medida que conceitos como a veneração das relíquias se desenvolveu, mas mesmo alguém que viveu tão tarde quanto João Crisóstomo poderia comentar:

Digam-me, não foram os ossos de Moisés postos em terra estranha? E os de Arão, Daniel, Jeremias, e os Apóstolos? Não sabemos onde estão muitos deles. No caso de Pedro, Paulo, João e Tomé, os sepulcros são bem conhecidos, mas os demais, sendo muitos, não se tornaram conhecidos. Não nos lamentemos, nem sejamos tão preocupados, pois onde quer que estejam sepultados “a terra é do Senhor e tudo o que nela há”. (Salmo 24:1). (Homilias em Hebreus, 26:2, v. 22)

Vejam que figuras até mais importantes do que Maria não tiveram seus túmulos conhecidos, mesmo num período em que a importância das relíquias estava se desenvolvendo. Romanistas frequentemente cometem anacronismo em sua argumentação. Eles partem do pressuposto que a igreja antiga era como a igreja romana atual e partir dessa falsa premissa constroem um argumento igualmente falso. Além disso, se as primeiras fontes se abstiveram de mencionar as relíquias marianas porque pensavam que ela foi assunta corporalmente ao Céu, então por que não mencionaram essa assunção corporal? Não seria provável que mencionassem uma ocorrência tão incomum, especialmente se tivessem uma visão tão elevada de Maria como os romanistas alegam? Dionísio de Alexandria, um bispo do séc. III escreve:

Queremon era já muito velho e era bispo da cidade chamada Nilópolis. Tendo fugido com sua mulher à montanha de Arábia, não regressou mais, e os irmãos, apesar de esquadrinhar bem por muitas partes, não puderam encontrá-los nem seus cadáveres. (Citado por Eusébio, História da Igreja, 6:42:3)

Isso demonstra quão absurda é a ideia de que os primeiros cristãos teriam acreditado na assunção de Maria sem dizer uma palavra sequer a respeito. Se Dionísio e Eusébio acharam importante registrar o desparecimento deste bispo e sua esposa, teriam achado muito mais importante registrar a Assunção de Maria. Concluir que Maria foi assunta somente porque o paradeiro do seu corpo é desconhecido é um argumento frágil.

Os pais da igreja dos séculos mais primitivos citam repetidamente Enoque e Elias como exemplos de pessoas que não morreram e foram transladados ao Céu (Clemente de Roma, Primeiro Clemente 9; Tertuliano, Um Tratado sobre a Alma 50; Tertuliano, Sobre a ressurreição da carne 58; Tertuliano, Contra Marcião 5:12; Metódio, do discurso sobre a ressurreição 14), mas nada dizem sobre Maria. Irineu, por exemplo, escreve sobre o poder de Deus para livrar as pessoas da morte e cita Enoque, Elias e Paulo (2 Coríntios 12: 2) como exemplos de pessoas que foram "assuntas" e "transladadas", mas nada diz de Maria (Contra Heresias 5:5). As pessoas afirmam ver referências a assunção de Maria em passagens bíblicas como Apocalipse 12. No entanto, Hipólito, Metódio e outros pais primitivos comentaram sobre tais passagens sem nada dizer sobre assunção. Mais detalhes sobre a interpretação patrística de Apocalipse 12 aqui.

Quão provável é que todos esses escritores, comentando em tantos contextos diferentes, se abstivessem de mencionar a assunção de Maria, mesmo sabendo disso? Embora os católicos romanos deem a Maria tanta atenção e afirmem que Maria é a maior criação de Deus, a assunção apócrifa de Moisés recebe mais atenção entre os pré-nicenos do que a Assunção de Maria (que sequer é mencionada).

Assim como nas fontes pré-nicenas, os escritores dos séculos posteriores discutem frequentemente assuntos como assunções corporais e o que aconteceu a homens como Enoque e Elias sem mencionar a assunção corporal de Maria (Constituições Apostólicas 5:7; Cirilo de Jerusalém, Conferências Catequéticas 3:6; João Crisóstomo, Homilias sobre João 75; Jerônimo, A Pamáquio contra João de Jerusalém 29 e 32, etc.). Um oponente de Agostinho resumiu as crenças dele sobre este assunto:

Além disso, não é somente Elias, mas também Moisés e Enoque que vocês acreditam ser imortais e terem sido levados com seus corpos ao céu. (Citado em Agostinho, Resposta a Fausto O maniqueísta 26:1)

Por que nenhuma menção a Maria? Em outra ocasião, Agostinho menciona que as pessoas às vezes perguntam para onde os seres humanos que foram removidos corporalmente da terra iriam (Sobre a graça de Cristo e sobre o pecado original 2:27). Ele menciona que as pessoas perguntam sobre Enoque, Elias e Paulo, mas, mais uma vez, Maria não é mencionada. O mesmo se aplica a João Crisóstomo quando discute a mesma questão que Agostinho tratou (Homilias em Hebreus 22). Epifânio, bispo dos séculos IV e V, escreve sobre como ninguém sabe o que aconteceu no final da vida de Maria. O estudioso católico romano Michael O'Carroll comenta:

Numa passagem posterior, ele [Epifânio] diz que ela [Maria] pode ter morrido e ter sido enterrada ou mesmo morta como um mártir. "Ou ela permaneceu viva, já que nada é impossível para Deus e ele pode fazer tudo o que deseja, pois o seu fim ninguém sabe." (...) Um palestino com oportunidade para alguma pesquisa não diz nada sobre uma ressurreição corporal e permanece não comprometido sobre a forma como a vida de Maria terminou. Ele não nega a Assunção nem admite a possibilidade de Assunção sem morte, pois não encontrou nenhum sinal de morte ou sepultamento, sugere várias hipóteses diferentes e não tira conclusões firmes. (Theotokos [Wilmington, Delaware: Michael Glazier, Inc., 1988], página 135)

Deve-se notar que apologistas católicos romanos às vezes deturpam o que Epifânio acreditava sobre este assunto. Alguns afirmam que quando Epifânio se refere a ninguém saber o fim de Maria, ele está apenas dizendo que não se sabe se Maria morreu antes de ser assunta, e não sobre a assunção em si. No entanto, Epifânio refere-se ao fim da vida de Maria em geral. Ele não qualifica seus comentários dizendo que está apenas se referindo a se ela morreu ou não. Ao contrário, ele menciona a possibilidade de que ela fosse tirada da terra, e discute se ela viajou com o apóstolo João e a possibilidade de ela ser enterrada, então ele não está apenas abordando se ela morreu. Pelo contrário, Epifânio está negando que alguém soubesse o que aconteceu no final da vida de Maria como um todo, não apenas no que diz respeito à questão de saber se ela morreu. Ele estava negando que alguém soubesse o que a Igreja Católica Romana afirma saber hoje. O proeminente historiador Philip Schaff escreve:

Ele [o conceito da Assunção de Maria] repousa, no entanto, sobre uma fundação puramente apócrifa: todo o silêncio dos apóstolos e dos primitivos mestres da igreja a respeito da partida de Maria despertou a curiosidade ociosa para todos os tipos de invenções, até que uma tradução como Enoque e Elias foram atribuídas a ela. No tempo de Orígenes alguns estavam inferindo de Lucas cap. 35 que ela havia sofrido o martírio. Epifânio não vai decidir se ela morreu e foi sepultado ou não. Dois escritos gregos apócrifos de transitu Mariae do final do quarto ou começo do quinto século, pseudo-Dionísio o Areopagita e Gregório de Tours († 595) pela primeira vez contêm a lenda de que a alma da mãe de Deus foi transportada para o paraíso celestial por Cristo e seus anjos na presença de todos os apóstolos, e na manhã seguinte seu corpo também foi transportado para lá numa nuvem e ali unido com a alma. Posteriormente, a lenda foi ainda mais embelezada e, além dos apóstolos, os anjos e patriarcas, inclusive Adão e Eva, foram testemunhas do maravilhoso espetáculo. (Philip Schaff, seção 83)

Everett Ferguson, especialista em cristianismo primitivo afirma:

A abordagem de Epifânio sugere fortemente a ausência de uma firme tradição sobre o fim de Maria (...) Isidoro de Sevilha (636) quebra o silêncio generalizado, mas apenas para atestar a profunda ignorância sobre a maneira como Maria deixou esta terra. Cerca de um século depois, o inglês Beda confessou sua ignorância sobre a disposição final do corpo de Maria.  (Everett Ferguson, editor, Enciclopédia do Cristianismo Primitivo [Nova Iorque: Garland Publishing, Inc., 1999], pp. 134-135)

Ele continua:

A origem dos relatos do Transitus Mariae (apócrifo) não está clara. Aparentemente se originaram antes do final do século V, talvez no Egito ou Síria, em conseqüência do estímulo dado a devoção mariana pela definição de Maria como “mãe de Deus" no Concílio de Éfeso (431). Pelo menos uma parte desses relatos existe em cópias em grego, latim, siríaco, árabe, etíope e armênio. Todos relatam a morte de Maria. Todos postulam algum tipo de intervenção divina: translado do corpo de Maria para um paraíso presumivelmente terreno, onde é preservado incorrupto sob a arvore da vida, ou uma assunção genuína - uma reunião de alma e corpo que implica a entrada de Maria no céu (...) Os relatos mais antigos exerceram uma influência perceptível sobre o estabelecimento da festa oriental da Dormição ou da Migração da Mãe de Deus (...) O primeiro testemunho expresso de uma assunção genuína ocorre (talvez sexto século) no apócrifo Transitus de Pseudo-Melito. (Everett Ferguson, editor, Enciclopédia do Cristianismo Primitivo [Nova Iorque: Garland Publishing, Inc., 1999], pp. 134-135)

É nisso que se baseia a assunção de Maria – literatura apócrifa fantasiosa de nenhuma credibilidade. Everett ainda diz:

Como relatos históricos, a literatura de Transitus [onde o conceito de uma assunção corporal de Maria é mencionado pela primeira vez] é sem valor. (Everett Ferguson, editor, Enciclopédia do Cristianismo Primitivo [Nova York: Garland Publishing, Inc., 1999], página 134)
Com este pano de fundo, não é surpreendente encontrar os primeiros oradores da festa de 15 de agosto no oriente consistentemente cautelosos sobre a ressurreição corpórea de Maria. Não surpreende encontrar na Espanha, quando o oitavo século se fecha, alguns asturianos negando a Assunção de Maria. Não surpreende ver se desenvolver no nono século, ao lado da tradição favorável a uma assunção representada por pseudo-Agostinho, outra corrente de pensamento representada por pseudo-Jerônimo hostil, se não à doutrina, pelo menos a sua afirmação inequívoca como algo vinculativo. (Everett Ferguson, editor, Enciclopédia do Cristianismo Primitivo [Nova York: Garland Publishing, Inc., 1999], página 135)

O Dicionário Oxford da Igreja Cristã afirma:

É agora geralmente acordado que a crença [Assunção de Maria] era desconhecida nas primeiras eras da Igreja." St. Ambrósio (Exposit. Evan. sec. Luc. 2. 35; PL 15. 1574) e St Epifânio (Haer. 79. 11, PG 42, 716), eram aparentemente ignorantes a respeito disto. É pela primeira vez encontrada em certos apócrifos do Novo Testamento datados do final do século IV, alguns deles simpáticos ao gnosticismo (...) Parece que uma dessas obras foi condenada no Decretum Gelasianum, embora a condenação possa ter sido dirigida contra seus ensinamentos gnósticos e não especificamente contra a doutrina da assunção corporal. Uma homilia atribuída na maioria dos manuscritos a Timóteo de Jerusalém (provavelmente séculos IV-V) poderia implicar a crença alternativa de que Maria foi assunta em corpo e alma durante sua vida natural. A doutrina da assunção corporal foi formulada pela primeira vez em círculos ortodoxos no oriente por São Gregório de Tours (d. 594), que aceitou como histórico o relato atribuído [falsamente]  a Melito. (F.L. Cross e E.A. Livingstone, editores, O Dicionário Oxford da Igreja Cristã [New York: Oxford University Press, 1997], página 117)

A primeira testemunha ortodoxa a favor da assunção é dos séculos VI-VII – mais de quinhentos aos anos após o suposto fato. E a base da crença de Gregório era uma obra falsamente atribuída a Melito, ou seja, um fundamento espúrio. É importante mencionar que mesmo Gregório não considerava tal crença uma doutrina cristã vinculante, mas apenas uma crença piedosa. O Dicionário Oxford prossegue:

A doutrina surgiu pela primeira vez em vários apócrifos do Novo Testamento do século IV, e com a força de uma passagem em pseudo-Dionísio foi aceita em círculos ortodoxos pelo século VII. Finalmente, em 1950, o Papa Pio XII, no decreto Munificentissimus Deus, definiu-a como um dogma divinamente revelado, fazendo afirmações que têm pouco apoio histórico: "Esta verdade é baseada na Sagrada Escritura (...) ela recebeu a aprovação do culto litúrgico desde os tempos mais antigos, está perfeitamente em harmonia com o resto Verdade revelada". O que é claramente verdadeiro é o reconhecimento de que ele está "profundamente enraizado nas mentes dos fiéis" (ou pelo menos em muitos deles), e com base nisso foi declarado e definido como um dogma revelado por Deus. (John Bowker, editor, Oxford Dictionary of World Religions [Oxford, Inglaterra: Oxford University Press, 1999], página 101)

O dicionário de antiguidades do cristianismo dá um relato detalhado de como essa lenda foi tomando corpo:

Na terceira parte do século IV foi composto um livro, incorporando as tradições gnósticas e coliridianas sobre a morte de Maria, chamado De Transitu Virginis Mariae Liber. Este livro ainda existe e pode ser encontrado na Biblioteca Patrum Maxima (tom. ii. pt. ii. p. 212) (...) O Liber Transitu Mariae contém já toda a história da Assunção. Porém, até o final do século V essa história foi considerada pela Igreja como uma fábula gnóstica ou coliridiana e o Liber de Transitu foi condenado como herético pelo Decretum de Libris Canonicis Ecclesiasticus et Apocryphis, atribuído ao papa Gelásio, 494 d.c. Como, então, atravessou as fronteiras e estabeleceu-se dentro da igreja, de modo a ter um festival nomeado para comemorá-lo? Da seguinte forma:

No século VI uma grande mudança aconteceu sobre os sentimentos e a teologia da igreja em referência a Theotokos - um resultado não intencional, mas muito perceptível, das controvérsias nestorianas, que, ao manter a verdadeira doutrina da encarnação, por acaso, deu forte impulso ao que se tornou o culto à Maria. Em consequência dessa mudança de sentimento, durante os séculos VI e VII (ou mais tarde):

1) O Liber de Transitu, embora classificado por Gelásio como conhecida produção dos hereges veio a ser atribuído por um (...) a Melito, um bispo ortodoxo de Sardes no século II, e por outro a São João Apóstolo.

2) Uma carta sugerindo a possibilidade da Assunção foi escrita e atribuída a São Jerônimo (ad Paulam et Eustochium de Assumptiae B. Virginis, Op. Tom., P.82, Paris, 1706).

3) Um tratado para provar que não era impossível foi composto e atribuído a Santo Agostinho (Op. Tom., V. 1142, ed. Migne).

4) Dois sermões que apoiam a crença foram escritos e atribuídos a Santo Atanásio (Op. Tom., II, pp 393, 416, ed., Ben. Paris, 1698).

5) Foi feita uma inserção na Crônica de Eusébio que "no ano 48 Maria, a Virgem foi levada para o céu, como alguns escreveram que havia sido revelado a eles".

Assim, a autoridade dos nomes de São João, Melito, Atanásio, Eusébio, Agostinho, e Jerônimo foi obtida pela crença por uma série de falsificações prontamente aceites porque estavam de acordo com o sentimento da época e a lenda gnóstica foi atribuída a escritores ortodoxos que não a defendiam. Isso não foi tudo, pois há a mais clara evidência de que ninguém na igreja o ensinou por seis séculos e que aqueles que primeiro o ensinaram dentro da igreja o tomaram emprestado diretamente do livro condenado pelo papa Gelasius como herético. A primeira pessoa dentro da igreja que a sustentou e ensinou foi Juvenal, bispo de Jerusalém (se uma homilia atribuída a João Damasceno contendo uma citação da 'história Eutymiac' (...) seja considerada genuína) (...) A segunda pessoa dentro da igreja que (ou a primeira, se a homilia atribuída a João Damasceno relatando o conto de Juvenal for espúrio, como quase certamente é) foi Gregório de Tours, 590 d.c.

A história, portanto, da crença para a qual este festival foi instituído é a seguinte: Foi ensinado pela primeira vez no século 3 ou 4 como parte da lenda gnóstica da morte de Santa Maria e foi considerado pela igreja como gnóstico e coliridiano até o final do século V. Foi introduzido na igreja nos séculos 6, 7 e 8, em parte por uma série de falsificações bem-sucedidas, em parte pela adoção da lenda gnóstica por reconhecidos mestres, escritores e liturgistas. Um festival em comemoração ao evento veio a ser instituído no leste no começo do século 7 no oriente e no começo do século 9 no ocidente. (Dicionário das antiguidades cristãs, William Smith e Samuel Cheetham, Ed., (Hartford: JB Burr, 1880), pp. 1142-1143).

O erudito R.P.C. Hanson escreve:

Este dogma não tem qualquer conexão séria com a Bíblia e seus defensores dificilmente alegam que tenha. Não se pode dizer honestamente que tenha um terreno sólido na teologia patrística, porque foi pela primeira vez conhecido entre os cristãos católicos, mesmo na sua forma mais crua, apenas no início do século V e, em seguida, entre os coptas no Egito, cujas associações com a heresia gnóstica são suspeitosamente fortes. Na verdade, é demonstrado ser uma doutrina que teve sua origem manifestamente entre os hereges gnósticos. O único argumento pelo qual se defende é que, se a Igreja tem acreditado e crê nela, então deve ser ortodoxa, quaisquer que sejam suas origens, porque o padrão final da ortodoxia é o que a Igreja crê. O fato de que esta crença é presumivelmente suposto ter alguma base em um fato histórico análogo à crença de todos os cristãos na ressurreição de nosso Senhor torna seu registro como um dogma de fide mais incrivelmente incompreensível, pois é totalmente desprovido de qualquer evidência histórica que apoie isso. Em suma, o último exemplo da teoria católica romana do desenvolvimento doutrinário parece ser uma reductio ad absurdum expressamente concebido para desacreditar toda a estrutura. (R.P.C. Hanson, The Bible as a Norm of Faith (University of Durham, 1963), Inaugral Lecture of the Lightfoot Professor of Divinity delivered in the Appleby Lecture Theatre on 12 March, 1963, p. 14)

O dogma da Assunção de Maria é o perfeito exemplo de como funciona a Sola Eclesia. Por mais desprovida de evidências que uma doutrina seja, mesmo que suas origens sejam gnósticas (como muitas outras doutrinas romanistas são), não importa, deve ser crido porque a igreja assim o determina.

25 comentários:

  1. Excelente artigo como é habitual.

    Mas mais importante é vê-lo de volta aos bons velhos tempos.

    "Grandes coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos alegres" Salmos 126:3

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    1. Graças a Deus estamos de volta! Fico feliz que você esteja publicando também meu irmão!

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    2. Bruno você não faz ideia da FALTA que seus artigos fazem - e sua pessoa também, estimado irmão. Bem vindo de volta às trincheiras da defesa da fé cristã, Deus o abençoe grandemente.

      Em Cristo

      Thiago Dutra

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    3. Obrigado pela consideração Thiago. Pretendo voltar a escrever com mais frequência na medida em que o tempo permitir.

      Fique na PAZ!

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    4. Você fez muita falta nesse período de 9 meses, praticamente o Lucas Banzoli, o Elisson Freire e o Hugo combatendo o Paganismo Romano e o mais importante pelo ser humano e sujeito de sua própria construção social que você é. Bem-vindo de volta. Deus te abençoe graciosamente. Abraços...

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    5. Obrigado Silas,

      Estaremos juntos com força total neste ano.

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  2. Bruno refuta o último artigo dos apologistas sobre virgindade de Maria.

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    1. Vou dar uma lida neste artigo. No momento, com o pouco tempo livre que tenho, estou preparando artigos sobre outro tema. Todavia, eu já tratei desse assunto aqui no blog:

      http://respostascristas.blogspot.com.br/2016/05/a-virgindade-perpetua-de-maria-e.html

      http://respostascristas.blogspot.com.br/2016/05/a-virgindade-perpetua-de-maria-e_23.html

      Se este artigo fornecer algum argumento tradicional ainda não tratado aqui, pretendo sim revisitar o tema em breve.

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    2. O artigo do apologista católico corrobora a origem espúria e pouco recomendável da doutrina da virgindade perpétua de Maria :)

      O autor reconhece que "os apócrifos, no geral, possuem conteúdo fantasioso e que seus valores não são históricos sobre os acontecimentos que relatam" mas ao mesmo tempo usa o seu conteúdo para fundamentar a doutrina citada.

      Portanto, ele concorda que na base da doutrina estão fontes que contêm histórias inventadas, lendas e ficção piedosa mas aparentemente está feliz com isso.

      E a mesma pessoa que usa fontes apócrifas altamente duvidosas, não hesita em desqualificar Tertuliano por supostamente ter "deixado a Igreja" simplesmente porque o que afirma não concorda com o que o apologista quer demonstrar.

      Não apresenta nenhuma evidência de que o que Tertuliano afirma esteja relacionado com o fato dele ter aderido ao montanismo, e que isso não fosse a crença predominante nos círculos ortodoxos da Igreja cristã da época.

      Antes pelo contrário, dá argumentos para Tertuliano ter defendido a virgindade perpétua de Maria caso conhecesse alguma tradição a respeito - quando afirma que Tertuliano considerava a virgindade e a celibato estados superiores ao do matrimónio.

      Evidência da existência nos séculos II-III de alguma tradição confiável da virgindade perpétua de Maria como a ensina hoje a Igreja de Roma (antes, durante e depois do parto) zero.

      Tudo muito non sequitur e tudo muito pobre para perder tempo com um artigo desse calibre.

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    3. Ninguém está que os apócrifos são infalíveis sobre fé, mas como são históricos, servem para corroborar sobre determinado assunto, inclusive são utilizados por todos os historiadores e também por protestantes para produzir refutações. Se vc tivesse lido o artigo do site dos apologistas teria comprovado que houve testemunhas da mesma época de Tertuliano que ensinavam o contrário dele, como Clemente de Alexandria e Orígenes por exemplo que falam da virgindade perpétua.

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    4. "Ninguém está que os apócrifos são infalíveis sobre fé, mas como são históricos, servem para corroborar sobre determinado assunto, inclusive são utilizados por todos os historiadores e também por protestantes para produzir refutações."

      Os apócrifos não tem valor histórico. Essa é a opinião majoritária dos acadêmicos. Eu gostaria que você me apontasse quem são esses protestantes que atribuem valor histórico a tais livros. Os apócrifos que sugerem uma assunção de Maria são piores ainda, eles foram escritos no séc. IV (mais de 300 anos após o fato) e contém todo o tipo de história lendária ou fantasiosa. Desconheço que exista qualquer historiador mesmo católico que atribua valor histórico a esses livros. E o mais relevante é que eles não se baseiam em nenhuma tradição anterior. O ponto principal do meu artigo é demonstrar como não há qualquer evidência confiável a favor da Assunção de Maria, sendo que os Pais da Igreja em muitos contextos poderiam ter falado a respeito.

      "Se vc tivesse lido o artigo do site dos apologistas teria comprovado que houve testemunhas da mesma época de Tertuliano que ensinavam o contrário dele, como Clemente de Alexandria e Orígenes por exemplo que falam da virgindade perpétua."

      Não mesmo. Os apócrifos (especialmente o proto-evangelho de Tiago) é também leitura fantasiosa. Os próprios historiadores citados no respectivo artigo reconhecem que eles não possuem valor históricos. É uma história sem pé nem cabeça que não foi escrita por Tiago e cujo autor era ignorante sobre a cultura judaica. Nos próximos dias vou publicar a refutação a este artigo que mais corrobora meu do que o refuta.

      Além disso os apócrifos contém ensinamentos heréticos. O que sugere a Assunção de Maria foi condenado como herético por um papa por ter claras influências gnósticas.

      E para fechar... Nem Orígenes nem Clemente ensinaram a virgindade perpétua de Maria. Leia meus artigos e verá que Orígenes acreditava que Maria não teve outros filhos mas não ensinou a virgindade no parto e Clemente ensinou a virgindade no parto, mas não no pós-parto. O mais importante é que nenhum deles considerava essas ideias como artigos de fé. Havia total liberdade na igreja para discordar disso, diferente da igreja romana atual.

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    5. Meu argumento acima não foi em relação ao conteúdo do post que trata da assunção de Maria. Eu respondi a pessoa acima dizendo que tanto Orígenes como seu mentor, Clemente de Alexandria, ensinaram sobre a virgindade perpétua de Maria. Orígenes produziu uma homilia onde ele chega a citar os 3 Dogmas Marianos. Ele ensina a virgindade de Maria antes, durante e após o parto, ensina ainda sua imaculada conceição e sua maternidade divina:

      Que necessidade terá havido de Maria se ter desposado com José, senão que isso fosse para que este mistério ficasse escondido ao diabo e assim aquele maligno não encontrasse absolutamente nenhum plano fraudulento contra a virgem desposada? Ora ela fora desposada com José, para que, depois de nascido o Menino, se visse que José tinha o cuidado de Maria, quer na viagem para o Egito, quer no seu regresso. Por isso é que ela se desposou com José, não para uma união de concupiscência. Maria é Mãe imaculada, mãe incorrupta, mãe intacta. «A sua mãe». Mãe de quem? Mãe do Unigênito de Deus, do Senhor e Rei de todos, o autor e criador de todas as coisas. Mãe daquele que nos céus não tem mãe e que na terra não tem pai; daquele que nos céus está no seio do Pai em razão da divindade, e que na terra está no seio da mãe em razão de ter recebido um corpo. Ó que graça de admirável grandeza! Ó inenarrável maravilha! Ó inefável e grande mistério! Essa mesma Virgem é a própria mãe do Senhor, a própria progenitora é a sua escrava, aquela que o gerou é a sua imagem. Quem alguma vez ouviu isto? Quem é que viu tal coisa? Quem é que foi capaz de imaginar que uma mãe fosse virgem e que pudesse gerar sem ser tocada, e que ela não só permaneceu virgem, mas que também gerou. Era como outrora a sarça que parecia que ardia e no entanto o fogo não a tocava (Ex. 3); e tal como os três jovens encerrados na fornalha, a quem o fogo não queimava, nem havia neles cheiro a fumo. Ou então, da mesma forma como aconteceu com Daniel, encerrado na cova dos leões, a quem, sem que se abrissem as portas, lhe foi levada a comida por Habacuc (Dan. 3, 6, 15), assim também esta santa Virgem gerou o Senhor, mas permaneceu intacta. Tornou-se mãe, mas não perdeu a virgindade. Gerou uma criança e (tal como já foi dito) permaneceu virgem. Portanto gerou virgem e virgem permaneceu. Tornou-se mãe de um filho e não perdeu o selo da castidade. Porquê? (Orígenes - Homilia 17,2 - Na Vigília do Nascimento do Senhor)

      Nem ela foi enganada pela tentação da serpente, nem foi contaminada pelas suas insinuações venenosas... (Orígenes - Homilia 17,7 - Na Vigília do Nascimento do Senhor)

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    6. Quanto aos livros apócrifos, eles só não são considerados canônicos ou palavra de Deus em sua essência, mas tem sim valor histórico e informações importantes da era primitiva.

      Vcs protestantes não veem a negação da virgindade de Maria como heresia, isso porque o protestantismo trouxe o relativismo dentro do cristianismo, transformando a verdade absoluta em algo subjetivo e pessoal. A liberdade de concordar ou não com algo sempre existiu, vc não é obrigado à acreditar em nada, mas se não acreditar, deixa de estar em total comunhão com a Igreja. Na igreja primitiva se vc discordasse de qualquer doutrina que seja, por mais insignificante que parecesse, vc é considerado herege. Se por exemplo, se vc negasse que Jesus era Deus, ou se fizesse distinção entre Suas naturezas, seria considerado herege, e isso são coisas negadas por boa parte protestante. Também os Dogmas Marianos eram tratados como essenciais à fé. Santo Epifânio, Agostinho, Jerônimo, Ambrósio, Gregório de Nanzianzo e muitos outros, consideram hereges aqueles que negam os Dogmas Marianos, por se tratar de doutrina e verdade de fé. Os pais da igreja chamavam esses hereges de ANTIDICOMARITAS.

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    7. Quem parece que não leu o artigo foi o Tiago Ferreira. Até mesmo o autor daquele penoso texto admite que "os apócrifos, no geral, possuem conteúdo fantasioso e que seus valores não são históricos sobre os acontecimentos que relatam".

      Agora fazendo um pequeno aparte, há uma coisa que me intriga.

      O proto-evangelho de Tiago avança os nomes dos pais de Maria (Joaquim e Ana) e conta a história da concepção milagrosa de Maria, onde se indica que Maria teria sido filha única do casal - a mãe de Maria era supostamente estéril. E os católicos dão crédito a esta informação sobre Maria.

      Acontece que nos evangelhos canónicos é afirmado que Maria tinha pelo menos uma irmã (João 19:25).

      Ora, como é que os católicos conciliam esta contradição entre o proto-evangelho de Tiago e o evangelho de João? Ambos os relatos não podem ser verdadeiros. Como podem dar crédito aos dois ao mesmo tempo? Esquizofrenia católica?

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    8. Esta é somente uma das muitas contradições. Não por acaso, até mesmo os historiadores católicos afirmam que o livro é cheio de fantasias, a começas pela sua autoria (não foi Tiago que o escreveu).

      Existe uma contradição ainda mais gritante. Quando José descobre que Maria estava grávida, Maria afirma que não sabia como aquilo teria acontecido, o que entra em frontal contradição ao relato dos Evangelhos.

      Isso revela muito sobre como são fabricados os dogmas romanistas.

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    9. Não vão aceitar meus comentários? Eu expliquei que não me referi a esse post aqui sobre assunção (que nem li). Meu comentário foi direcionado ao "Conhecereis a Verdade". E nem tenho intenção alguma de negar as contradições e heresias desses livros apócrifas, apenas disse que podem ter importância histórica sobre certos acontecimentos e relatos e não sobre ensinamentos de fé.

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    10. "Eu respondi a pessoa acima dizendo que tanto Orígenes como seu mentor, Clemente de Alexandria, ensinaram sobre a virgindade perpétua de Maria. Orígenes produziu uma homilia onde ele chega a citar os 3 Dogmas Marianos."

      Sua afirmação não procede. Em nenhuma obra considerada autêntica, Clemente afirma a virgindade pós-parto de Maria, ele se limitou a afirmar sua virgindade no parto e isso quando admitia que muitos discordavam dele em seu tempo. Por sua vez, Orígenes não defende três dogmas marianos como você afirma. Na verdade, ele não defende nenhum. No trecho por você citado, ele se limita a afirmar que Maria foi virgem no sentido não ter relações sexuais com um homem. Todavia, Orígenes não pode ser contado como defensor da virgindade no parto (você frequentemente confunde as duas coisas). Na obra católica Mariologia está escrito:

      "Parece, no entanto, que o próprio Orígenes não reconheceu a conexão entre o que hoje chamamos de virgindade no parto e a virgindade pós-parto. A primeira não era desconhecida para ele. Ele enfrentou o problema em seu comentário sobre a Epístola a Tito e rejeitou o nascimento virginal (141)"

      O mais relevante é que tanto Orígenes como Clemente não consideravam seus pontos de vista como artigos de fé. Para eles, não seriam hereges quem negasse a virgindade no parto e no pós-parto. Você então deve considerá-los relativistas também né. Agora, afirmar que Orígnes defendeu a imaculada conceição de Maria (e ainda mais como dogma) demonstra que você realmente não estudou bem a questão:

      "Maria pertence ao número daqueles de quem Cristo profetizou que haviam de se escandalizar nEle, como os apóstolos, ela também ficou perturbada com a catástrofe da cruz; e era necessário que pecasse assim em certa medida, para que também ela fosse remida por Cristo"(Orígenes de Alexandria, Homília 17, sobre Lucas)

      No trecho por você citado, Orígenes diz que Maria era imaculada no sentido de que ela foi virgem e pura. Todo o contexto aponta para virgindade e não impecabilidade. Poderia citar aqui um grande número de estudiosos (inclusive católicos) que apoiam esta posição. Vá até o meu artigo sobre virgindade perpétua para verificar a documentação. Orígenes também não afirma que Maria era mãe de Deus, mas sim mãe do Senhor.

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    11. "Quanto aos livros apócrifos, eles só não são considerados canônicos ou palavra de Deus em sua essência, mas tem sim valor histórico e informações importantes da era primitiva."

      Nem os historiadores da sua própria igreja concordaria com você. Nos mostre então quais informações dos apócrifos são historicamente confiáveis e as evidências para esta afirmação. O consenso virtual dos estudiosos é que eles são relatos lendários.

      "Vcs protestantes não veem a negação da virgindade de Maria como heresia, isso porque o protestantismo trouxe o relativismo dentro do cristianismo, transformando a verdade absoluta em algo subjetivo e pessoal."

      Para variar, você demonstra mais uma vez desconhecer a história da igreja. Os protestantes não são relativistas na medida em que eles defendem a doutrina apostólica como algo absoluto e que deve ser crido por todos os cristãos. A questão é que a virgindade perpétua não é uma doutrina apostólica. Pelo contrário, transformar algo que os apóstolos não ensinaram num dogma é errado.

      Na igreja primitiva, diversos pais da igreja ou (1) negaram a virgindade pós-parto; (2) ou negaram a virgindade no parto; (3) ou não consideravam essa ideia um artigo de fé. O seu comentário só nos demonstra algo: a igreja primitiva não era católica romana, uma vez que eles não consideravam artigos de fé o que hoje sua igreja ensina. Eis a questão, o que a igreja primitiva considerava doutrinas da fé é diferente da lista de doutrinas da sua igreja.

      "Se por exemplo, se vc negasse que Jesus era Deus, ou se fizesse distinção entre Suas naturezas, seria considerado herege, e isso são coisas negadas por boa parte protestante."

      Não contente em demonstrar sua ignorância sobre a história da igreja, você agora expressa sua ignorância sobre o protestantismo. A fé protestante nunca negou a divindade de Cristo. Absolutamente todas as confissões de fé afirmam isso. Os grupos que negam isso nem consideram a si mesmos protestantes como os TJs. Agora, eu gostaria muito que o senhor nos mostrasse uma confissão de fé protestante negando a divindade de Cristo. Pediria que só voltasse aqui depois de provar esse ponto. E o que você chama de distinguir as duas naturezas? O protestantismo sempre afirmou que Jesus é totalmente homem e totalmente Deus. Traga-nos também a evidência de que a maioria dos protestante negam isso. A divindade de Cristo era de fato crida pelos pais da igreja desde o início, mas o dogma mariano não. Não por acaso, nós cremos no primeiro e rejeitamos o segundo.

      "Também os Dogmas Marianos eram tratados como essenciais à fé. Santo Epifânio, Agostinho, Jerônimo, Ambrósio, Gregório de Nanzianzo e muitos outros, consideram hereges aqueles que negam os Dogmas Marianos, por se tratar de doutrina e verdade de fé. Os pais da igreja chamavam esses hereges de ANTIDICOMARITAS."

      Que Dogmas? Dogmas como Assunção de Maria e Imaculada Conceição são estranhos a igreja primitiva. Sobre o primeiro paira um silêncio sepulcral, sobre o segundo diversos pais da igreja o negaram explicitamente. Sobre a virgindade perpétua, tanto Jerônimo como Epifânio negaram em algum momento a virgindade no parto. Outros pais da igreja como Atanásio, Efrém e Basílio admitiam liberdade na questão e testemunham que homens de renome na igreja não criam na virgindade perpétua. Você ainda cita Agostinho que negou a imaculada conceição. Ou seja, se você for coerente, deveria considerar todos os autores citados como hereges.

      No mais, você não demonstra estar qualificado para esse debate. Não tenho tempo para gastar com alguém que sequer leu meus artigos onde já respondi todos esses pontos. Leia-os primeiro e só depois vem comentar aqui. Se você realmente trouxer algum argumento adicional ou refutação aos meus artigos, eu responderei, caso contrário não perderei mais tempo com alguém que sequer faz o básico.

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  3. Olá Bruno Lima. Sem que não tem nada haver com o post. Mas vc poderia fazer um artigo sobre Mateus 19 e refutar tal professor Fábio Sabino que diz que Mateus 19 apóia os gays porque naquela época eunucos eram gays. Tem até um vídeo recente dele dizendo que Daniel é o gay dá Babilônia.

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    1. Parece-me uma tese totalmente absurda. Vou pesquisar a respeito, só não prometo que será por agora, pois tenho algumas prioridades na frente, mas escreverei sim.

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  4. Olá Bruno!
    Eu estou conversando com um católico sobre onipresenca dos santos. Perguntei a eles como os santos conseguem receber várias orações ao mesmo tempo, sendo que o único que Onisciente,onipresente e onipotente é Deus. Eles respondeu que os Santos participam dos atributos de Deus por estarem em plena comunhão com ele. Eles fazem isto através de Deus.
    Eu respondi se eles participam destes atributos,eles passam a ter os atributos de Deus, como se Deus os tornassem deuses.
    Ele respondeu: "Quando você recebe o Espírito Santo, você se torna a 3ª pessoa da Santíssima Trindade?
    Se você responder que não, a respostas é a mesma para os santos. Eles não se tornam deuses".
    Vc poderia me ajudar?

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    1. Onisciência é um atributo exclusivo de Deus, logo ele não pode ser comunicado a outros.

      O argumento é falacioso, pois quando recebemos o Espírito Santo (que é Deus) não passamos a ter os atributos exclusivos de Deus como a onisciência. Na verdade, o exemplo do Espírito Santo refuta a própria tese católica. Deveria ser ao contrário, a pessoa que recebe o Espírito Santo e passa a estar em comunhão com Deus passaria a ter a capacidade de ouvir orações do mundo inteiro, ai sim o argumento católico faria sentido. Nada disso acontece.

      Inclusive, os católicos usam a analogia de que como nós oramos por nossos irmãos na terra, da mesma forma os santos oram por nós no Céu, pois todos fazemos parte da mesma comunhão. Esse argumento cai por terra justamente porque nós aqui na terra não temos a capacidade de ouvir orações do mundo inteiro, então a analogia falha.

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    2. Só que para orar por uma multidão de pessoas, vc não precisa ouvir as orações de cada uma delas. Nós fazemos isso todos os dias pedindo graças a pessoas do mundo inteiro sem ouvir o que pedem. Imagine também que vc esteja pregando a palavra num estádio de futebol para 50 mil pessoas, quando todas elas te pedem orações. Vc então se dirige a Deus clamando por todas essas milhares de pessoas, pedindo que Ele realize as necessidade delas, sem ter ouvido o que cada uma pediu. Ora, no céu pode acontecer o mesmo, os santos não precisam ouvir o que cada pessoa na terra pede, mas sabem através de Deus que estamos lhe rogando ajuda.
      Uma outra coisa importante, e difícil de compreender, é o fato que na outra vida o tempo não passa, Deus, os anjos e santos habitam fora do tempo, por isso eles conhecem nossas preces. A intercessão dos santos poderia ser entendida de várias maneiras lógicas, como por exemplo os santos conhecerem o futuro assim como os profetas aqui na terra sabiam de certas coisas, Deus poderia permitir a eles saberem dos pedidos de orações futuras. É só uma hipótese, pois Deus nunca revelou exatamente como as coisas funcionam na outra vida.
      Negar a ajuda da igreja celeste, vai contra a unidade da Igreja que nos fala Cristo. É como se as almas no céu passassem a fazer parte de um outro corpo, desligados dos membros na terra. Por isso toda igreja primitiva praticava fortemente tal doutrina.
      Que fique claro, o Santo intercede diante de Deus, mas é Deus quem faz o milagre.

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    3. Seu argumento defende que os santos oram de forma genérica pelos devotos. Ocorre que não é isso que os católicos acreditam. Eles acreditam que os santos ouvem orações específicas e, portanto, oram de forma específica. Inclusive, dois católicos poderiam fazer orações específicas para o santo e este teria que escolher qual oração atender, uma vez que os pedidos podem ser mutuamente excludentes (ex: dois católicos pedindo a mesma vaga de emprego).

      "Deus, os anjos e santos habitam fora do tempo, por isso eles conhecem nossas preces."

      Quem disse que os santos habitam fora do tempo? E porque isso implicaria que eles ouvem todas as nossas orações?

      "É só uma hipótese, pois Deus nunca revelou exatamente como as coisas funcionam na outra vida."

      Você apela a várias especulações para explicar como os santos poderiam ouvir nossas orações e acaba admitindo que na verdade ninguém pode saber. Esse é o ponto, como ninguém sabe ao certo como funciona o porvir, para fundamentar a doutrina católica da invocação dos santos, você precisa de dados da revelação. O problema é que a revelação não oferece nenhum apoio a esta doutrina.

      "Negar a ajuda da igreja celeste, vai contra a unidade da Igreja que nos fala Cristo. É como se as almas no céu passassem a fazer parte de um outro corpo, desligados dos membros na terra."

      Errado. Eu posso fazer parte da mesma igreja que outro cristão que sequer sabe que eu existo e portanto não poderá ouvir minhas orações. Da mesma forma, os que já estão no céu continuam a fazer parte da mesma igreja ainda que não ouçam milhões de orações feitas ao redor do mundo.

      "Por isso toda igreja primitiva praticava fortemente tal doutrina.
      Que fique claro, o Santo intercede diante de Deus, mas é Deus quem faz o milagre."

      Sua informação está errada. A doutrina católica da invocação dos santos só encontra evidência confiável a partir do séc. IV. No período pré-niceno, não se acha um pai da igreja sequer (considerando as obras autênticas) que defendesse orar aos santos. Orígenes, por exemplo, condenou qualquer oração não feita a Deus ou Jesus:

      http://respostascristas.blogspot.com.br/2016/02/os-pais-ante-nicenos-e-oracao-santos-e.html

      Mais relevante ainda é a falta de evidência bíblica quando a Escritura fala exaustivamente de oração. Trata-se de mais uma inovação carente de fundamentação bíblica ou histórica.

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