sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Os Pais da Igreja e a Eucaristia (Hipólito, Cipriano, Minúcio, Eusébio, Atanásio, Gregório, Macário e Teodoreto) - Parte 3

Hipólito de Roma (170 – 235)

Hipólito escreveu uma importante obra chamada “Tradição Apostólica” que descreve as práticas litúrgicas da Igreja em Roma no início do terceiro século:

Os diáconos oferecerão o sacrifício ao bispo e este dará graças sobre o pão, como símbolo do Corpo de Cristo, e sobre o cálice do vinho preparado, para imagem do Sangue que foi derramado por amor de todos que creem nele. Fará o mesmo sobre o leite e o mel misturados, recordando a plenitude da promessa feita aos antepassados; nessa promessa, Deus anunciou a "terra onde correm leite e mel". Por ela, Cristo ofereceu a sua Carne e, assim como crianças, se alimentam os que creem, tornando suave a amargura do coração pela docilidade da Palavra. Da mesma maneira, o bispo renderá graças sobre a água do sacrifício, como representação do batismo, para que o homem interior, isto é, a alma, obtenha os mesmos dons que o corpo. (Tradição Apostólica 3:7)

É visível que Hipólito aponta vários simbolismos no momento da comunhão, sendo todo o contexto simbólico. Nota-se que também fala do leite e mel como representando a promessa feita a Israel, e até mesmo a água é tratada como uma representação do batismo. Ele chama a eucaristia de sacrifício, a compreendendo como outros pais como uma oferta de louvor e agradecimento.

[Ele] tomou o pão e deu graças a ti, dizendo: 'Tomai e comei: isto é o meu Corpo que será destruído por vossa causa'. [Depois,] tomou igualmente o cálice e disse: 'isto é o meu sangue, que será derramado por vossa causa. Quando fizerdes isto, fá-lo-eis em minha memória'. Por isso, lembramos de sua morte e ressurreição e oferecemos-te o pão e o cálice, dando-te graças por nos considerardes dignos de estarmos na tua presença e de te servir. (Ibid 2:3)

Essa é precisamente a crença evangélica – uma recordação de um fato passado – o que a Escritura chama de memorial. A doutrina romanista já sustenta que esse memorial não é apenas uma lembrança, mas tornar presente o fato acontecido.

Que todo fiel corra a receber a eucaristia antes de experimentar qualquer outra coisa. Se receber por causa de sua fé, não se prejudicará, mesmo sendo o homem mortal. Todos devem se esforçar para não permitir que o infiel prove a eucaristia, nem um rato ou outro animal; deve-se cuidar para que dela não caia uma migalha e se perca, pois ela é o Corpo de Cristo que deve ser comido pelos fiéis e não pode ser negligenciado. Consagrado o cálice em nome de Deus, que recebestes como a imagem do Sangue de Cristo, não queirais derramá-lo. Que o espírito hostil não venha lambê-lo, desprezando-o, pois serias culpado para com o Sangue, como quem despreza o valor pelo qual foi comprado. (Ibid 4:11)

Esta citação é usada por apologistas em defesa da presença física. Apenas mostra o respeito que Hipólito tinha pelos elementos sagrados, e a própria citação refuta qualquer possibilidade de literalidade quando diz: “que recebeste como imagem do sangue de Cristo”. Logo após dizer que é uma imagem, ele adverte para que o elemento não seja lambido, pois assim estaria sendo desprezado “como que desprezando o valor pelo qual foi comprado”. Perceba que é o já argumentado aqui, Hipólito adverte a não desprezar o símbolo, pois estaria desprezando a coisa simbolizada – o sangue que Cristo derramou por nós na cruz.

Se estiverdes num outro local, rezai a Deus no coração, pois foi nessa hora que Cristo se viu pregado no madeiro. Também por essa razão, a Lei do Antigo Testamento prescreve que se ofereça o pão da proposição, como imagem do Corpo e Sangue de Cristo, e a imolação do cordeiro, como imagem do Cordeiro perfeito: Cristo é o Pastor e o Pão que desceu do céu. (Ibid 4:14)

Assim como Hipólito de Roma, os autores do Novo Testamento disseram que a páscoa judaica prefigurava a paixão de Cristo, e a eucaristia também nos relembra a paixão de nosso Senhor. Portanto, há uma analogia direta entre a páscoa judaica e a eucaristia, da mesma forma que a páscoa era um memorial da libertação do povo hebreu e obviamente não era literal, a eucaristia também deve ser um memorial da paixão de Jesus, não podendo ser tomado em termos literais. Caso contrário, a analogia fica defeituosa, pois teríamos uma celebração não literal sendo paralelo de um rito literal.

Cipriano de Cartago (? – 258)

Cipriano é muito citado como testemunha da transubstanciação. Geralmente são apresentadas citações em que o Bispo de Cartago afirma que o pão e o vinho são o corpo e sangue de Cristo. Não é suficiente, é preciso trazer mais elementos que provem o que Cipriano queria expressar com essas palavras, por que deveríamos aceitar que ele acreditava na transubstanciação, e não na consubstanciação ou numa presença espiritual especial?

Além disso, mesmo os sacrifícios do Senhor declaram eles próprios que a unanimidade cristã está ligada em si mesma por um firme e inseparável amor. Pois quando o Senhor chama ao pão, o qual é composto pela união de muitos grãos, seu corpo, indica ao nosso povo que Ele carregou como estando unido; e quando chama ao vinho, o qual é espremido de muitas uvas e cachos e recolhido, seu sangue, também significa o nosso rebanho reunido pela mistura de uma multidão unida. (Epístola 75:6)

Cipriano foi muito influenciado por Tertuliano que era tido como um grande. Da mesma forma que ele, o Bispo de Cartago não interpretava os elementos de forma literal. Percebam que ele cria uma simbologia entre o pão e a união da Igreja com Cristo. A mesma analogia faz com o vinho. Em ambos os casos, até mesmo o papista não poderia literalizar a passagem, afinal é óbvio que a união da Igreja com Cristo não é física, mas espiritual.

Pois porque Cristo nos carregou a todos, em que Ele carregou também com os nossos pecados, vemos que na água é entendido o povo, mas no vinho é mostrado o sangue de Cristo. Mas quando a água é misturada no cálice com vinho, o povo é feito um com Cristo, e a assembleia de crentes é associada e reunida com Ele em quem ela crê; a qual associação e conjunção de água e vinho está tão misturada no cálice do Senhor, que aquela mistura já não pode ser mais separada. Daí que nada pode separar a Igreja – isto é, o povo estabelecido na Igreja, fiel e firmemente perseverantes no que creram - de Cristo, de um modo tal que impedisse o seu amor indiviso de permanecer e aderir. Assim, portanto, ao consagrar o cálice do Senhor não pode oferecer-se só água, como nem somente vinho. Pois se alguém oferecesse só vinho, o sangue de Cristo está dissociado de nós; mas se a água estiver sozinha, o povo está dissociado de Cristo; mas quando ambos estão misturados, e se unem entre si com um estreito vínculo, completa-se um sacramento espiritual e celestial. Assim o cálice do Senhor não é certamente só água, nem só vinho, a menos que cada um se misture com o outro; do mesmo modo em que, por outro lado, o corpo do Senhor não pode ser só farinha ou só água, se ambas não se unem e se compactam na massa de um pão; no qual mesmíssimo sacramento o nosso povo demonstra ser um, de forma que de modo similar a muitos grãos, colhidos, e moídos, e misturados numa massa, fazem um pão; assim em Cristo, que é o pão celestial, podemos saber que há um corpo, com cujo nosso número é aumentado e unido. (Epístola 62:13)

A Epístola 62 trata da condenação de Cipriano ao costume de substituir o vinho pela água. Ele diz que ambos devem ser utilizados e misturados, e ao responder o porquê da necessidade de ambos, nos mostra que não aderia à transubstanciação. A água representa o povo de Deus e o vinho o sangue de Cristo, quando ambos se misturam, há uma união espiritual de Cristo e sua Igreja. É impossível interpretar isso de forma literal, pois sabemos que a água não se transubstancia no corpo dos comungantes, e muito menos, a união da Igreja a Cristo é física, portanto, o vinho não poderia ser materialmente o sangue de Cristo. Cipriano cria num mero simbolismo? Com certeza não, ele cria numa presença espiritual.

[O Senhor ensinou] com o exemplo da sua própria autoridade que o cálice havia de misturar-se com a união de água e vinho. Pois ao tomar o cálice na véspera da sua paixão, o abençoou e o deu aos seus discípulos, dizendo: "Bebei todos disto; porque isto é o meu sangue do Novo Testamento, o qual será derramado por muitos, para a remissão de pecados. Digo-vos que desde agora não beberei mais deste fruto da videira, até àquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai." Nesta porção descobrimos que o cálice que o Senhor ofereceu estava misturado, e que era vinho aquilo que chamou seu sangue. (Ibid 9)

A intenção nesta citação é defender a presença do vinho na ceia, mas as palavras negritadas chamam atenção, elas não parecem indicar uma conversão dos elementos. Caso defendesse este conceito, Cipriano provavelmente diria: “e que era vinho aquilo que se transformou em seu sangue”. Somada a outras citações mostradas, a evidência contra a doutrina católica romana fica ainda mais robusta.

Sabe, então, que fui advertido que, ao oferecer o cálice, a tradição do Senhor deve ser observada, e que nada deve ser feito por nós senão o que o Senhor fez primeiro em nosso benefício, como o cálice que é oferecido em memória d`Ele deve ser oferecido misturado com vinho. Pois quando Cristo diz, "Eu sou a videira verdadeira", o sangue de Cristo seguramente não é água, mas vinho; nem pode o seu sangue pelo qual somos redimidos e ressuscitados parecer estar no cálice, se no cálice não há vinho pelo qual é demonstrado o sangue de Cristo, o qual é declarado pelo sacramento e testemunho de todas as Escrituras. (Ibid 2)

Recorre-se ao simbolismo da videira para defender a necessidade do vinho na ceia. Ninguém em sã consciência, muito menos o Bispo de Cartago, acreditava que Jesus era literalmente uma videira. É muito improvável que utilizasse um simbolismo para defender a exigência de algo que seria literal, ainda mais quando os elementos são os mesmos, pois a videira gera a matéria-prima do vinho.

Ele também é testemunha da prática da Igreja Primitiva de permitir a comunhão às crianças. Diferentemente, a Igreja Romana restringe a comunhão para pessoas que atingiram a idade da razão (Catecismo da Igreja Católica 1244). O proeminente historiador Philip Schaff escreveu:

Nas igrejas orientais e Norte-Africana prevaleceu o costume incongruente da comunhão infantil, que parecia seguir a partir do batismo infantil, e foi defendido por Agostinho e Inocêncio I, invocando a autoridade de João 6:53. Na igreja grega esse costume continua até hoje, mas na Latina, depois do século IX, foi disputada e proibida, porque o apóstolo requer auto-exame como condição de participação digna. (Seção 95 § 97 - Aqui)

Minúcio Félix (Séculos II ou III)

E agora, eu desejaria conhecer quem diz ou acredita que nós somos iniciados pelo massacre e sangue de uma criança (...) Para nós, não é lícito nem ver ou ouvir um homicídio; e da mesma forma nos afastamos de sangue humano, nós nem mesmo usamos o sangue de animais comestíveis em nossa comida. (Otávio de Minúcio Félix 30)

Minúcio se defendia da calúnia de que os cristãos eram iniciados em sua religião através da morte de crianças e utilização de seu sangue. Ele então passa a discorrer sobre uma série de práticas pagãs que envolviam sacrifício infantil e homicídio. O fim da citação é esclarecedor – como Minúcio poderia defender-se desta forma se acreditasse em algo como a transubstanciação e sacrifício da missa. Seria esperado que ele ao menos fizesse uma defesa de como a eucaristia não equivale a comer e beber carne e sangue humanos, mesmo os elementos se transformado em carne e sangue humanos. Estranhamente, nem isso ele faz, apenas taxativamente afirma – “nos afastamos de sangue humano”.

Eusébio de Cesaréia (263 – 339)

Eusébio é apontado por muitos estudiosos da história da Igreja como testemunha do ponto de vista simbólico da ceia:

As palavras "Seus olhos são alegres de vinho, e os dentes brancos como leite" novamente eu acho que secretamente revelam os mistérios do novo Pacto de nosso Salvador. "Seus olhos são alegres do vinho" parece-me para mostrar a alegria do vinho místico que Ele deu aos seus discípulos, quando disse: "Tomem, beba; este é o meu sangue, que é derramado por vós para a remissão dos pecados; fazei isto em memória de mim." E, "Seus dentes são brancos como leite", mostra o brilho e a pureza dos alimentos sacramentais. Novamente, Ele deu a si mesmo os símbolos da sua dispensação divina aos seus discípulos, quando Ele ordenou-lhes fazer a semelhança de seu próprio corpo. Pois, uma vez que Ele não mais teria prazer em sacrifícios de sangue, ou aqueles ordenados por Moisés no abate de animais de vários tipos, deu-lhes o pão para ser usado como símbolo de seu corpo, ensinando a pureza e o brilho desses alimentos dizendo: "E os dentes são brancos como o leite". Isso também outro profeta tem registrado, onde ele diz: "Sacrifício e oferta que não tens obrigado, mas um corpo tens preparado para mim. (Demonstração Evangélica 8:1)

Observem as expressões utilizadas: “símbolo, vinho místico, alimentos sacramentais, fazer semelhança”. Tudo alude uma representação simbólica do corpo de Cristo. Papistas argumentam que quando Eusébio descreve os elementos como símbolo está se referindo somente ao vinho da profecia “seus olhos são alegres de vinho”, ou seja, o pão da eucaristia é símbolo apenas do pão da profecia, mas é literalmente o corpo de Cristo.

Essa argumentação é refutada por dois simples argumentos:

(1) Eusébio utiliza esses termos que expressam uma simbologia sem fazer maiores qualificações. Se acreditasse numa presença física, com certeza, daria maiores explicações sobre em que sentido o vinho é símbolo do corpo de Cristo. Mas não faz, se limitando a dizer que é um símbolo;
(2)  Quando Eusébio utiliza o termo símbolo, não está se referindo aos elementos preditos pela profecia. Refere-se ao momento em que Jesus institui a Ceia, vejamos: “Ele deu a si mesmo os símbolos da sua dispensação divina aos seus discípulos, quando Ele ordenou-lhes fazer a semelhança de seu próprio corpo” – Em que momento Cristo deu aos seus discípulos esses símbolos? No momento da Ceia, e nesse momento, o romanista sustenta que ali não há mais pão ou vinho, e sim carne e sangue. E prossegue: “Pois, uma vez que Ele não mais teria prazer em sacrifícios de sangue (...) deu-lhes o pão para ser usado como símbolo de seu corpo”. Continua claro sobre qual momento Eusébio se refere, apesar de estabelecer tipologias em profecias do A.T, trata o pão como simbólico no momento em que Nosso Senhor o dá aos discípulos.

E o cumprimento do oráculo é verdadeiramente maravilhoso, para quem reconhece como nosso Salvador Jesus Cristo de Deus, que mesmo agora realiza através de seus ministros ainda hoje sacrifícios, à maneira de Melquisedeque. Pois, assim como ele, que era sacerdote dos gentios, não é representado como oferecendo sacrifícios exteriores, mas como abençoando Abraão apenas com vinho e pão, exatamente da mesma forma como o nosso Senhor e salvador fez primeiro, e depois todos os seus sacerdotes entre todas as nações, realizam o sacrifício espiritual de acordo com os costumes da Igreja, e com vinho e pão expressam os mistérios do seu corpo e sangue redentor (...) Isso pelo Santo Espírito, Melquisedeque previu, e usou figuras do que estava por vir, como a Escritura de Moisés testemunha, quando ele diz: "E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo, e ele abençoou Abraão''. (Ibid., 5:3)

Aqui, Eusébio reverbera a posição da Igreja Antiga sobre a eucaristia ser um sacrifício. Ele faz uma analogia entre o sacrifício da eucaristia e a oferta de Melquisedeque. O sacrifício era espiritual, uma oferta de gratidão. Melquisedeque não ofereceu a Abraão algum tipo de sacrifício animal com derramamento de sangue, o que seria a figura veterotestamentária para o sacrifício de Cristo na cruz. Ele, porém, deu ofertas, assim como os cristãos neste momento solene lembram o sacrifício de Cristo e oferecem a ele louvor, adoração e gratidão.
Diante de provas incontestáveis como esta, os apologistas católicos lançam mais um malabarismo falacioso. Dizem que quando os pais se referem aos elementos como símbolos, estão apenas se referindo ao fato de o pão e o vinho preservarem seus acidentes, permanecendo com a aparência que tinham antes, mas, ainda assim, acreditavam piamente que ali estava fisicamente transubstanciado o corpo de Cristo. Esse argumento é anacronismo. Apela à distinção entre substância e acidente, que só viria a ser empregada séculos depois, para explicar por que mesmo após a transubstanciação, os elementos mantem as suas propriedades. Absolutamente nenhum Pai da Igreja lançou mão desse raciocínio, e em nenhum momento, o contexto de suas obras descreve esse tipo de diferenciação. Portanto, atribuir o simbolismo dos Pais à explicação tomista, é partir do pressuposto não provado que eles pensavam como atualmente pensam os católicos romanos.

Atanásio de Alexandria (296 – 373)

Atanásio foi bispo de Alexandria. Ele interpretava João 6 em termos espirituais:

O que ele diz não é carnal, mas espiritual. O corpo dele seria suficiente para quantos, ele [corpo] deveria se tornar alimento para o mundo inteiro? Mas por esta razão Ele fez menção da ascensão do Filho do Homem ao céu, a fim de que pudesse afastá-los da noção material, e que a partir de então eles pudessem compreender que a referida carne era comida celestial e alimento espiritual dado por Ele. (Carta Festiva 4:19)

Sobre a visão eucarística de Atanásio, Philip Schaff diz:

Mas é surpreendente que mesmo Atanásio, "o pai da ortodoxia", reconheceu apenas uma participação espiritual, uma auto comunicação da virtude nutritiva divina do Logos, nos símbolos do pão e do vinho, e evidencia uma doutrina da Eucaristia totalmente estranha à Católica, e muito parecido com a antiga alexandrina ou origenista, e a calvinista, embora não seja idêntica. Por carne e sangue no discurso misterioso de Jesus no sexto capítulo de João, que ele refere-se à Ceia do Senhor, compreendeu não a terrena, humana, mas a manifestação celeste e divina de Jesus, um alimento espiritual que vem do alto, a qual o Logos por meio do Espírito Santo comunica aos crentes (mas não a Judas, nem aos incrédulos). Com esta visão, concede a extensão da participação do alimento eucarístico aos crentes no céu, e até mesmo para os anjos, que, em virtude da sua natureza incorpórea, são incapazes de uma participação corpórea de Cristo. (Fonte)

Gregório de Nazianzo (329 – 389)

Gregório Nazianzo foi um proeminente autor cristão do quarto século e patriarca de Constantinopla. Em alusão a Romanos 12:1, Gregório diz qual o único sacrifício agradável a Deus:

Desde então eu sabia que destas coisas, e que ninguém é digno da grandeza de Deus e do sacrifício e sacerdócio, que não tenha primeiro apresentado a Deus, a vida, o sacrifício santo, agradáveis serviços, e oferecido a Deus o sacrifício de louvor e o espírito contrito, que é o único sacrifício exigido de nós por aquele que nos deu tudo. (Orações 2:95)

O único sacrifício exigido por Deus é o de louvor com espírito contrito. Essa afirmação é incompatível com uma crença no sacrifício da missa.

Comentando as obras de Nazianzo - as Orações XVII. 12; VIII. 17 e IV. 52, Schaff explica que ele "vê na Eucaristia um tipo de encarnação, e chama os elementos de símbolos consagrados e antítipos dos grandes mistérios (...) (História da Igreja Cristã, Volume 3, [Hendrickson Publishers, 2010], p. 496)

Macário do Egito (300 – 391)

Macário foi um monge egípcio e eremita do século IV. Enquanto não há evidência de que ele ensinou a transubstanciação ou a missa como um sacrifício propiciatório, há evidências de que tinha uma compreensão simbólica do pão e do vinho. Schaff observa que ele "pertence à mesma escola simbólica; ele chama o pão e o vinho de protótipo do corpo e sangue de Cristo, e parece conceber apenas comer espiritualmente a carne do Senhor [Macário, o Velho, Hom. XVII. 17]" (Ibid., p. 497 ).

Teodoreto (393 – 457)

Teodoreto foi um importante autor cristão do século quinto. A citação abaixo não poderia ser mais clara:

Os símbolos místicos [o pão e o vinho] não abandonam a sua natureza depois da consagração, mas conservam a substância e a forma em tudo como antes. (Teodoreto, Dialogus, Liber II)

Essa é uma alegação inconciliável com a explicação romanista que diferencia substância e acidente, pois Teodoreto destaca que os símbolos preservam não apenas a forma, mas também a substância.

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