Hipólito
de Roma (170 – 235)
Hipólito
escreveu uma importante obra chamada “Tradição Apostólica” que descreve as
práticas litúrgicas da Igreja em Roma no início do terceiro século:
Os diáconos oferecerão o
sacrifício ao bispo e este dará graças sobre o pão, como símbolo do Corpo de Cristo, e sobre o cálice do vinho preparado, para imagem do Sangue que foi derramado por
amor de todos que creem nele. Fará o mesmo sobre o leite e o mel misturados, recordando a plenitude da promessa feita
aos antepassados; nessa promessa, Deus anunciou a "terra onde correm
leite e mel". Por ela, Cristo ofereceu a sua Carne e, assim como crianças,
se alimentam os que creem, tornando suave a amargura do coração pela docilidade
da Palavra. Da mesma maneira, o bispo
renderá graças sobre a água do sacrifício, como representação do batismo,
para que o homem interior, isto é, a alma, obtenha os mesmos dons que o corpo.
(Tradição Apostólica 3:7)
É
visível que Hipólito aponta vários simbolismos no momento da comunhão, sendo
todo o contexto simbólico. Nota-se que também fala do leite e mel como representando
a promessa feita a Israel, e até mesmo a água é tratada como uma representação
do batismo. Ele chama a eucaristia de sacrifício, a compreendendo como outros pais
como uma oferta de louvor e agradecimento.
[Ele] tomou o pão e deu
graças a ti, dizendo: 'Tomai e comei: isto é o meu Corpo que será destruído por
vossa causa'. [Depois,] tomou igualmente o cálice e disse: 'isto é o meu
sangue, que será derramado por vossa causa. Quando fizerdes isto, fá-lo-eis em
minha memória'. Por isso, lembramos de
sua morte e ressurreição e oferecemos-te o pão e o cálice, dando-te graças por
nos considerardes dignos de estarmos na tua presença e de te servir. (Ibid
2:3)
Essa
é precisamente a crença evangélica – uma recordação de um fato passado – o que
a Escritura chama de memorial. A doutrina romanista já sustenta que esse
memorial não é apenas uma lembrança, mas tornar presente o fato acontecido.
Que todo fiel corra a
receber a eucaristia antes de experimentar qualquer outra coisa. Se receber por
causa de sua fé, não se prejudicará, mesmo sendo o homem mortal. Todos devem se esforçar para não permitir
que o infiel prove a eucaristia, nem um rato ou outro animal; deve-se cuidar para
que dela não caia uma migalha e se perca, pois ela é o Corpo de Cristo que
deve ser comido pelos fiéis e não pode ser negligenciado. Consagrado o cálice em nome de Deus, que recebestes como a imagem do
Sangue de Cristo, não queirais derramá-lo. Que o espírito hostil não venha
lambê-lo, desprezando-o, pois serias culpado para com o Sangue, como quem
despreza o valor pelo qual foi comprado. (Ibid 4:11)
Esta
citação é usada por apologistas em defesa da presença física. Apenas mostra o
respeito que Hipólito tinha pelos elementos sagrados, e a própria citação
refuta qualquer possibilidade de literalidade quando diz: “que recebeste como
imagem do sangue de Cristo”. Logo após dizer que é uma imagem, ele adverte para
que o elemento não seja lambido, pois assim estaria sendo desprezado “como que
desprezando o valor pelo qual foi comprado”. Perceba que é o já argumentado aqui,
Hipólito adverte a não desprezar o símbolo, pois estaria desprezando a coisa
simbolizada – o sangue que Cristo derramou por nós na cruz.
Se estiverdes num outro
local, rezai a Deus no coração, pois foi nessa hora que Cristo se viu pregado
no madeiro. Também por essa razão, a Lei do Antigo Testamento prescreve que se
ofereça o pão da proposição, como imagem
do Corpo e Sangue de Cristo, e a imolação do cordeiro, como imagem do Cordeiro
perfeito: Cristo é o Pastor e o Pão
que desceu do céu. (Ibid 4:14)
Assim
como Hipólito de Roma, os autores do Novo Testamento disseram que a páscoa
judaica prefigurava a paixão de Cristo, e a eucaristia também nos relembra a
paixão de nosso Senhor. Portanto, há uma analogia direta entre a páscoa judaica
e a eucaristia, da mesma forma que a páscoa era um memorial da libertação do
povo hebreu e obviamente não era literal, a eucaristia também deve ser um memorial
da paixão de Jesus, não podendo ser tomado em termos literais. Caso contrário,
a analogia fica defeituosa, pois teríamos uma celebração não literal sendo
paralelo de um rito literal.
Cipriano
de Cartago (? – 258)
Cipriano
é muito citado como testemunha da transubstanciação. Geralmente são
apresentadas citações em que o Bispo de Cartago afirma que o pão e o vinho são
o corpo e sangue de Cristo. Não é suficiente, é preciso trazer mais elementos
que provem o que Cipriano queria expressar com essas palavras, por que
deveríamos aceitar que ele acreditava na transubstanciação, e não na
consubstanciação ou numa presença espiritual especial?
Além disso, mesmo os
sacrifícios do Senhor declaram eles próprios que a unanimidade cristã está ligada
em si mesma por um firme e inseparável amor. Pois quando o Senhor chama ao pão, o qual é composto pela união de muitos grãos, seu
corpo, indica ao nosso povo que Ele carregou como estando unido; e quando chama ao vinho, o qual é espremido de
muitas uvas e cachos e recolhido, seu sangue, também significa o nosso rebanho
reunido pela mistura de uma multidão unida. (Epístola 75:6)
Cipriano
foi muito influenciado por Tertuliano que era tido como um grande. Da mesma
forma que ele, o Bispo de Cartago não interpretava os elementos de forma
literal. Percebam que ele cria uma simbologia entre o pão e a união da Igreja
com Cristo. A mesma analogia faz com o vinho. Em ambos os casos, até mesmo o papista
não poderia literalizar a passagem, afinal é óbvio que a união da Igreja com
Cristo não é física, mas espiritual.
Pois porque Cristo nos
carregou a todos, em que Ele carregou também com os nossos pecados, vemos que na água é entendido o povo, mas
no vinho é mostrado o sangue de Cristo. Mas quando a água é misturada no cálice
com vinho, o povo é feito um com Cristo, e a assembleia de crentes é
associada e reunida com Ele em quem ela crê; a qual associação e conjunção de água e vinho está tão misturada no cálice do
Senhor, que aquela mistura já não pode ser mais separada. Daí que nada pode
separar a Igreja – isto é, o povo estabelecido na Igreja, fiel e firmemente
perseverantes no que creram - de Cristo, de um modo tal que impedisse o seu
amor indiviso de permanecer e aderir. Assim, portanto, ao consagrar o cálice do
Senhor não pode oferecer-se só água, como nem somente vinho. Pois se alguém oferecesse só vinho, o
sangue de Cristo está dissociado de nós; mas se a água estiver sozinha, o povo
está dissociado de Cristo; mas quando ambos estão misturados, e se unem entre
si com um estreito vínculo, completa-se um sacramento espiritual e celestial.
Assim o cálice do Senhor não é certamente só água, nem só vinho, a menos que
cada um se misture com o outro; do mesmo modo em que, por outro lado, o corpo do Senhor não pode ser só farinha
ou só água, se ambas não se unem e se compactam na massa de um pão; no qual
mesmíssimo sacramento o nosso povo demonstra ser um, de forma que de modo
similar a muitos grãos, colhidos, e moídos, e misturados numa massa, fazem um
pão; assim em Cristo, que é o pão celestial, podemos saber que há um corpo, com
cujo nosso número é aumentado e unido. (Epístola 62:13)
A
Epístola 62 trata da condenação de Cipriano ao costume de substituir o vinho
pela água. Ele diz que ambos devem ser utilizados e misturados, e ao responder
o porquê da necessidade de ambos, nos mostra que não aderia à transubstanciação.
A água representa o povo de Deus e o vinho o sangue de Cristo, quando ambos se
misturam, há uma união espiritual de Cristo e sua Igreja. É impossível
interpretar isso de forma literal, pois sabemos que a água não se
transubstancia no corpo dos comungantes, e muito menos, a união da Igreja a
Cristo é física, portanto, o vinho não poderia ser materialmente o sangue de
Cristo. Cipriano cria num mero simbolismo? Com certeza não, ele cria numa
presença espiritual.
[O Senhor ensinou] com o
exemplo da sua própria autoridade que o cálice havia de misturar-se com a união
de água e vinho. Pois ao tomar o cálice na véspera da sua paixão, o abençoou e
o deu aos seus discípulos, dizendo: "Bebei todos disto; porque isto é o
meu sangue do Novo Testamento, o qual será derramado por muitos, para a
remissão de pecados. Digo-vos que desde agora não beberei mais deste fruto da
videira, até àquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai."
Nesta porção descobrimos que o cálice que o Senhor ofereceu estava misturado, e que era vinho aquilo que chamou seu
sangue. (Ibid 9)
A
intenção nesta citação é defender a presença do vinho na ceia, mas as palavras
negritadas chamam atenção, elas não parecem indicar uma conversão dos
elementos. Caso defendesse este conceito, Cipriano provavelmente diria: “e que
era vinho aquilo que se transformou em seu sangue”. Somada a outras citações
mostradas, a evidência contra a doutrina católica romana fica ainda mais
robusta.
Sabe, então, que fui
advertido que, ao oferecer o cálice, a tradição do Senhor deve ser observada, e
que nada deve ser feito por nós senão o que o Senhor fez primeiro em nosso
benefício, como o cálice que é oferecido em memória d`Ele deve ser oferecido
misturado com vinho. Pois quando Cristo diz, "Eu sou a videira verdadeira", o sangue de Cristo seguramente não é água, mas vinho; nem pode o
seu sangue pelo qual somos redimidos e ressuscitados parecer estar no cálice,
se no cálice não há vinho pelo qual é demonstrado o sangue de Cristo, o qual é
declarado pelo sacramento e testemunho de todas as Escrituras. (Ibid 2)
Recorre-se
ao simbolismo da videira para defender a necessidade do vinho na ceia. Ninguém
em sã consciência, muito menos o Bispo de Cartago, acreditava que Jesus era
literalmente uma videira. É muito improvável que utilizasse um simbolismo para
defender a exigência de algo que seria literal, ainda mais quando os elementos
são os mesmos, pois a videira gera a matéria-prima do vinho.
Ele
também é testemunha da prática da Igreja Primitiva de permitir a comunhão às
crianças. Diferentemente, a Igreja Romana restringe a comunhão para pessoas que
atingiram a idade da razão (Catecismo da Igreja Católica 1244). O proeminente
historiador Philip Schaff escreveu:
Nas
igrejas orientais e Norte-Africana prevaleceu o costume incongruente da
comunhão infantil, que parecia seguir a partir do batismo infantil, e foi
defendido por Agostinho e Inocêncio I,
invocando a autoridade de João 6:53. Na igreja grega esse costume continua até
hoje, mas na Latina, depois do século IX, foi disputada e proibida, porque o
apóstolo requer auto-exame como condição de participação digna. (Seção 95 § 97
- Aqui)
Minúcio
Félix (Séculos II ou III)
E agora, eu desejaria
conhecer quem diz ou acredita que nós somos iniciados pelo massacre e sangue de
uma criança (...) Para nós, não é lícito nem ver ou ouvir um homicídio; e da mesma forma nos afastamos de sangue
humano, nós nem mesmo usamos o sangue de animais comestíveis em nossa comida.
(Otávio de Minúcio Félix 30)
Minúcio
se defendia da calúnia de que os cristãos eram iniciados em sua religião
através da morte de crianças e utilização de seu sangue. Ele então passa a
discorrer sobre uma série de práticas pagãs que envolviam sacrifício infantil e
homicídio. O fim da citação é esclarecedor – como Minúcio poderia defender-se
desta forma se acreditasse em algo como a transubstanciação e sacrifício da
missa. Seria esperado que ele ao menos fizesse uma defesa de como a eucaristia
não equivale a comer e beber carne e sangue humanos, mesmo os elementos se
transformado em carne e sangue humanos. Estranhamente, nem isso ele faz, apenas
taxativamente afirma – “nos afastamos de sangue humano”.
Eusébio
de Cesaréia (263 – 339)
Eusébio
é apontado por muitos estudiosos da história da Igreja como testemunha do ponto
de vista simbólico da ceia:
As palavras "Seus olhos
são alegres de vinho, e os dentes brancos como leite" novamente eu acho
que secretamente revelam os mistérios do novo Pacto de nosso Salvador.
"Seus olhos são alegres do vinho" parece-me para mostrar a alegria do
vinho místico que Ele deu aos seus
discípulos, quando disse: "Tomem, beba; este é o meu sangue, que é
derramado por vós para a remissão dos pecados; fazei isto em memória de
mim." E, "Seus dentes são brancos como leite", mostra o brilho e
a pureza dos alimentos sacramentais.
Novamente, Ele deu a si mesmo os símbolos
da sua dispensação divina aos seus discípulos, quando Ele ordenou-lhes fazer a semelhança de seu próprio
corpo. Pois, uma vez que Ele não mais teria prazer em sacrifícios de sangue, ou
aqueles ordenados por Moisés no abate de animais de vários tipos, deu-lhes o
pão para ser usado como símbolo de seu
corpo, ensinando a pureza e o brilho desses
alimentos dizendo: "E os dentes são brancos como o leite". Isso
também outro profeta tem registrado, onde ele diz: "Sacrifício e oferta
que não tens obrigado, mas um corpo tens preparado para mim. (Demonstração
Evangélica 8:1)
Observem
as expressões utilizadas: “símbolo, vinho místico, alimentos sacramentais,
fazer semelhança”. Tudo alude uma representação simbólica do corpo de Cristo. Papistas
argumentam que quando Eusébio descreve os elementos como símbolo está se
referindo somente ao vinho da profecia “seus olhos são alegres de vinho”, ou
seja, o pão da eucaristia é símbolo apenas do pão da profecia, mas é
literalmente o corpo de Cristo.
Essa
argumentação é refutada por dois simples argumentos:
(1)
Eusébio utiliza esses termos que expressam uma simbologia sem fazer maiores
qualificações. Se acreditasse numa presença física, com certeza, daria maiores
explicações sobre em que sentido o vinho é símbolo do corpo de Cristo. Mas não
faz, se limitando a dizer que é um símbolo;
(2) Quando Eusébio utiliza o termo símbolo, não
está se referindo aos elementos preditos pela profecia. Refere-se ao momento em
que Jesus institui a Ceia, vejamos: “Ele
deu a si mesmo os símbolos da sua
dispensação divina aos seus discípulos, quando Ele ordenou-lhes fazer a semelhança de seu próprio corpo”
– Em que momento Cristo deu aos seus discípulos esses símbolos? No momento
da Ceia, e nesse momento, o romanista sustenta que ali não há mais pão ou
vinho, e sim carne e sangue. E prossegue: “Pois,
uma vez que Ele não mais teria
prazer em sacrifícios de sangue (...) deu-lhes
o pão para ser usado como símbolo de seu corpo”. Continua claro sobre
qual momento Eusébio se refere, apesar de estabelecer tipologias em profecias
do A.T, trata o pão como simbólico no momento em que Nosso Senhor o dá aos
discípulos.
E o cumprimento do oráculo é
verdadeiramente maravilhoso, para quem reconhece como nosso Salvador Jesus
Cristo de Deus, que mesmo agora realiza através de seus ministros ainda hoje sacrifícios, à maneira de
Melquisedeque. Pois, assim como ele, que era sacerdote dos gentios, não é representado como oferecendo
sacrifícios exteriores, mas como abençoando Abraão apenas com vinho e pão,
exatamente da mesma forma como o nosso
Senhor e salvador fez primeiro, e depois todos os seus sacerdotes entre
todas as nações, realizam o sacrifício espiritual de acordo com os costumes da
Igreja, e com vinho e pão expressam os
mistérios do seu corpo e sangue redentor (...) Isso pelo Santo Espírito, Melquisedeque
previu, e usou figuras do que estava por
vir, como a Escritura de Moisés testemunha, quando ele diz: "E
Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus
Altíssimo, e ele abençoou Abraão''. (Ibid., 5:3)
Aqui,
Eusébio reverbera a posição da Igreja Antiga sobre a eucaristia ser um
sacrifício. Ele faz uma analogia entre o sacrifício da eucaristia e a oferta de
Melquisedeque. O sacrifício era espiritual, uma oferta de gratidão.
Melquisedeque não ofereceu a Abraão algum tipo de sacrifício animal com
derramamento de sangue, o que seria a figura veterotestamentária para o
sacrifício de Cristo na cruz. Ele, porém, deu ofertas, assim como os cristãos
neste momento solene lembram o sacrifício de Cristo e oferecem a ele louvor,
adoração e gratidão.
Diante
de provas incontestáveis como esta, os apologistas católicos lançam mais um
malabarismo falacioso. Dizem que quando os pais se referem aos elementos como
símbolos, estão apenas se referindo ao fato de o pão e o vinho preservarem seus
acidentes, permanecendo com a aparência que tinham antes, mas, ainda assim,
acreditavam piamente que ali estava fisicamente transubstanciado o corpo de
Cristo. Esse argumento é anacronismo. Apela à distinção entre substância e
acidente, que só viria a ser empregada séculos depois, para explicar por que
mesmo após a transubstanciação, os elementos mantem as suas propriedades. Absolutamente
nenhum Pai da Igreja lançou mão desse raciocínio, e em nenhum momento, o
contexto de suas obras descreve esse tipo de diferenciação. Portanto, atribuir
o simbolismo dos Pais à explicação tomista, é partir do pressuposto não provado
que eles pensavam como atualmente pensam os católicos romanos.
Atanásio
de Alexandria (296 – 373)
Atanásio
foi bispo de Alexandria. Ele interpretava João 6 em termos espirituais:
O que ele diz não é carnal,
mas espiritual. O corpo dele seria suficiente para quantos, ele [corpo] deveria
se tornar alimento para o mundo inteiro? Mas por esta razão Ele fez menção da
ascensão do Filho do Homem ao céu, a fim de que pudesse afastá-los da noção
material, e que a partir de então eles pudessem compreender que a referida
carne era comida celestial e alimento espiritual dado por Ele. (Carta Festiva
4:19)
Sobre
a visão eucarística de Atanásio, Philip Schaff diz:
Mas é surpreendente que
mesmo Atanásio, "o pai da ortodoxia", reconheceu apenas uma participação espiritual, uma auto
comunicação da virtude nutritiva divina do Logos, nos símbolos do pão e do
vinho, e evidencia uma doutrina da Eucaristia totalmente estranha à Católica,
e muito parecido com a antiga alexandrina ou origenista, e a calvinista, embora
não seja idêntica. Por carne e sangue no discurso misterioso de Jesus no sexto
capítulo de João, que ele refere-se à Ceia do Senhor, compreendeu não a terrena, humana, mas a manifestação celeste e divina
de Jesus, um alimento espiritual que vem do alto, a qual o Logos por meio
do Espírito Santo comunica aos crentes (mas não a Judas, nem aos incrédulos).
Com esta visão, concede a extensão da
participação do alimento eucarístico aos crentes no céu, e até mesmo para os
anjos, que, em virtude da sua natureza incorpórea, são incapazes de uma
participação corpórea de Cristo. (Fonte)
Gregório
de Nazianzo (329 – 389)
Gregório
Nazianzo foi um proeminente autor cristão do quarto século e patriarca de
Constantinopla. Em alusão a Romanos 12:1, Gregório diz qual o único sacrifício
agradável a Deus:
Desde então eu sabia que
destas coisas, e que ninguém é digno da grandeza de Deus e do sacrifício e
sacerdócio, que não tenha primeiro apresentado a Deus, a vida, o sacrifício
santo, agradáveis serviços, e oferecido
a Deus o sacrifício de louvor e o espírito contrito, que é o único sacrifício
exigido de nós por aquele que nos deu tudo. (Orações 2:95)
O
único sacrifício exigido por Deus é o de louvor com espírito contrito. Essa
afirmação é incompatível com uma crença no sacrifício da missa.
Comentando as obras de
Nazianzo - as Orações XVII. 12; VIII. 17 e IV. 52, Schaff explica que
ele "vê na Eucaristia um tipo de encarnação, e chama os elementos de símbolos consagrados e antítipos dos
grandes mistérios (...) (História da Igreja Cristã, Volume
3, [Hendrickson Publishers, 2010], p. 496)
Macário
do Egito (300 – 391)
Macário
foi um monge egípcio e eremita do século IV. Enquanto não há evidência de que
ele ensinou a transubstanciação ou a missa como um sacrifício propiciatório, há
evidências de que tinha uma compreensão simbólica do pão e do vinho. Schaff
observa que ele "pertence à mesma
escola simbólica; ele chama o pão e o vinho de protótipo do corpo e sangue de
Cristo, e parece conceber apenas comer espiritualmente a carne do Senhor
[Macário, o Velho, Hom. XVII. 17]" (Ibid., p. 497 ).
Teodoreto
(393 – 457)
Teodoreto
foi um importante autor cristão do século quinto. A citação abaixo não poderia
ser mais clara:
Os símbolos místicos [o pão
e o vinho] não abandonam a sua natureza
depois da consagração, mas conservam a
substância e a forma em tudo como antes. (Teodoreto, Dialogus, Liber II)
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