Epifânio de Salamina (310-403)
Rivière
sumariza as opiniões de Epifânio:
Nos
escritos de Epifânio, nós conseguimos encontrar apenas algumas passagens de pouca
importância, na qual a expiação é aludida. Ele descreve a morte de Cristo
como um sacrifício, um vivo e verdadeiro sacrifício oferecido por toda a
humanidade, e no qual Cristo é ao mesmo tempo vítima e sacerdote, e no
qual é também o fim dos sacrifícios temporários da dispensação do Antigo
Testamento (Panarion 55:4).
Ele também disse que “Cristo por sua morte voluntária tirou a maldição que
era devida ao pecado, e que Ele foi a morte da nossa morte e a maldição da
nossa maldição” [Panarion 42:8].
Menos eloquentemente, mas significando o mesmo, ele disse em outro lugar:
“Cristo carregou nossos pecados no madeiro no qual Ele deu a si mesmo por nós.
Seu sangue nos redimiu e seu corpo apagou nossa maldição. Sua morte
destruiu a morte que era a punição pelo pecado [Ancoratus 93]. (Rivière, p. 213)
Embora
não tão explícito, há alusão a um possível aspecto penal na expiação, quando
ele diz que Cristo apagou nossa maldição e destruiu a morte que nos era devida
como punição.
João Crisóstomo (?-407)
Kelly sumariza as posições de Crisóstomo:
Crisóstomo ensina que a humanidade estava condenada
à morte por Deus e, de fato, virtualmente morta; mas
Cristo livrou-nos ao se entregar à morte. Enquanto os
sacrifícios da antiga lei eram incapazes de realizá-lo, Cristo salvou-nos
mediante Seu sacrifício singular. Crisóstomo deixa claro que
Ele fez isso colocando-Se em nosso lugar. Embora Ele fosse a
própria retidão, Deus permitiu que fosse condenado como pecador
e morresse como alguém sob maldição, transferindo-lhe não apenas a morte que
merecíamos, mas também nossa culpa. E o sacrifício de tal vítima foi de
eficácia excepcional, sendo suficiente para salvar a raça inteira: "No que
Lhe dizia respeito, Ele morreu por todos os homens, para salvar a todos; pois
essa morte era um equivalente (antirropos) justo em lugar da destruição de
todos.” Ao morrer, seu objetivo era salvar a todos; e, se na verdade nem todos
alcançaram a salvação, a razão é que eles se recusam em aceitá-lo. (Kelly, p. 293)
A partir deste sumário, poderíamos contar Crisóstomo
como um antecedente da SP, pois, segundo ele, Cristo fora condenado pecador
tendo recebido nossa morte e culpa. Convém trazermos as citações as quais Kelly
usa para chegar a estas conclusões:
Se alguém que era Ele próprio um Rei, contemplando
um ladrão e malfeitor sob punição, desse o seu Filho Amado, seu unigênito e
verdadeiro, para ser morto; e também transferisse a morte e a culpa dele
para o seu filho (que não era ele próprio de tal caráter), para
que ele pudesse salvar o condenado e livrá-lo da sua má reputação (...) (Homilias sobre Segunda Coríntios 11:6)
Aqui Crisóstomo explica a obra de Cristo na cruz fazendo
uma comparação com a atitude de um rei diante de um criminoso condenado. O rei
dá o seu único filho em lugar do criminoso. Este filho recebe a morte e a
culpa, ou seja, ele é punido em substituição ao malfeitor, que seria então
salvo. É uma citação claríssima que afirma tanto o aspecto substitutivo como
penal da obra de Cristo. Rivière traz mais documentação em favor desta posição:
Como a morte de Cristo nos salva? Crisóstomo é
de todos os pais o mais explícito em afirmar a doutrina da substituição. Nós encontramos
isto acima de tudo expresso em termos gerais: “Deus poupou os pecadores, mas
não poupou seu Filho”. Pelo contrário: “Ele sacrificou seu próprio filho para
nós perdoar”. (Rivière, p. 217)
Vejamos estas duas citações em seus contextos
estendidos:
Pois, antes disso havia duas dificuldades no caminho
para sermos salvos: nosso ser pecador e nossa salvação exigindo a
morte do Senhor, algo que era incrível antes de acontecer, e exigia amor excessivo para
que acontecesse. Mas, agora que isso aconteceu, os outros requisitos são mais
fáceis, pois nos tornamos amigos e não há mais necessidade da Morte. Aquele
que tanto poupou seus inimigos a ponto de não poupar Seu Filho deixará de defende-los
agora que se tornaram amigos, quando Ele não precisa mais desistir de seu
Filho? (Homilias em Romanos 9:9)
A
tradução acima é ligeiramente diferente da utilizada por Rivière. Crisóstomo
acreditava que nossa salvação exigia a morte de Cristo. Por isso, para nos
poupar, Deus teve que sacrificar seu filho. Esta ideia fica mais explícita na
segunda citação:
“Assim como Deus", diz ele, "também em
Cristo perdoou você" [Efésios 4:32]. E isso contém uma grande alusão. Não
simplesmente, ele diria que nos perdoou sem risco ou custo,
mas pelo sacrifício de Seu Filho. Ele sacrificou o Filho para que pudesse
perdoar você ao passo que tu, muitas vezes, mesmo quando vês o perdão sem risco e sem
custo, ainda assim não o concedes. (Homilias em Efésios 17)
Deus
não poderia nos perdoar sem o sacrifício. A morte de Cristo era necessária para
haver perdão. Isto se deu porque Cristo fora punido em nosso lugar. Ele recebeu
a pena, conforme vimos na primeira citação. Felizmente, Crisóstomo repetiu esta
explicação em outra obra:
Mas
agora Ele tanto realizou coisas poderosas como também permitiu que aquele que
não fez nada de errado fosse punido por causa daqueles que fizeram o mal.
Ele não disse isso, mas mencionou aquilo que é muito maior do que isto. O que
seria então? Aquele que não conheceu pecado, ele diz, aquele que era a própria
justiça, Ele o fez pecado. Ele é condenado como pecador, como alguém que
está amaldiçoado para morrer. Pois, maldito é aquele que é pendurado numa
árvore. Morrer assim era muito maior do que apenas morrer. E isto ele também
por implicação diz em outro lugar "Tornando-se obediente até a morte, sim,
a morte de cruz", pois isto trazia consigo não só castigo, mas também a desgraça. (Homilia em 2 Coríntios 11)
O
sacrifício de Cristo traz perdão porque Jesus recebe o castigo, a punição e a
maldição devida a nós. É claro a partir desta citação que Jesus sofreu punição
ao morrer na cruz. Interessa notar que todo esse comentário de Crisóstomo é
sobre uma passagem chave da SP no Novo Testamento: “Àquele que não conheceu
pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2
Coríntios 5:21). Ele afirma em outra parte:
“Ele
deu a si próprio como resgate”, diz ele, como foi então entregue pelo Pai?
Porque era da Sua bondade. E o que significa “resgate”? Deus estava prestes
a castigá-los, mas Ele absteve-se de o fazer. Eles estavam prestes a
perecer, mas em seu lugar Ele deu o Seu próprio Filho, e enviou-nos como
arautos para proclamar a Cruz.
(Homilias em 1 Timóteo 7 https://www.newadvent.org/fathers/230607.htm)
O
homem estava prestes a ser punido, mas apenas não foi porque Cristo tomou o seu
lugar e recebeu o castigo. Observem como ele usa o termo resgate aqui num contexto totalmente diferente daquele usado na teoria do resgate. Não é como se Deus nos tivesse como reféns, assim como diabo. O resgate seria para nos livrar da devida punição, e esta seria cominada pelo juiz supremo.
Cristo nos resgatou da maldição da Lei, fazendo-se maldição por nós: pois está escrito: Maldito todo aquele que
estiver pendurado no madeiro (Gálatas 3:13). Na realidade, o povo estava
sujeito a outra maldição, que diz: Maldito todo aquele que não continuar nas
coisas que estão escritas no livro da lei. Eu digo que a esta maldição as
pessoas estavam sujeitas, pois nenhum homem havia continuado ou era um
guardador de toda a Lei; mas Cristo trocou esta maldição pela outra - maldito
todo aquele que estiver pendurado em uma árvore. Como então, tanto aquele que
está pendurado em uma árvore quanto aquele que transgride a Lei são
amaldiçoados, e como era necessário para aquele que está prestes a se libertar
de sua própria maldição receber outra em seu lugar, então Cristo tomou sobre si
a outra [maldição] e assim nos livrou da nossa própria maldição. Era como um
homem inocente se comprometendo a morrer por outro que estava condenado à
morte, e assim resgatá-lo do castigo. Assim, Cristo tomou sobre Si não a
maldição da transgressão, mas a outra maldição, a fim de remove-la dos outros.
Pois, Ele não havia cometido violência nem havia engano em Sua boca. E como ao
morrer, ele resgatou da morte os que estavam morrendo, também tomando sobre
Si a maldição, Ele os livrou dela. (Homilias em Gálatas 3:13)
Havias
duas maldições: a da transgressão da Lei e a daqueles que eram mortos no
madeiro. Cristo não toma a primeira porque ele nunca transgrediu a Lei, mas
toma a segunda em substituição aquela maldição devida a nós. A analogia é bem
clara. Assim como um inocente que morre no lugar de um condenado, livrando-o
do castigo, Cristo suportou a maldição (aqui vista como uma condenação/punição)
em nosso lugar. Um inocente pelo culpado. Crisóstomo repete a mesma ideia:
Quando
(Paulo) diz, Cristo nos redimiu da maldição da lei, sendo feito maldição por
nós, ele não quer dizer que a remoção de Sua essência de Sua própria glória
tomou sobre Si o ser de uma coisa maldita (nem mesmo os demônios poderiam
imaginar, nem mesmo os muito tolos, nem aqueles privados de sua compreensão natural,
tal impiedade e loucura). (São Paulo) não diz isso, mas que Ele, tomando
sobre si a maldição pronunciada contra nós, não nos deixa mais sob a maldição.
(Homilias no Evangelho de João 11)
Ele
retoma a analogia da dívida paga por um terceiro em outra homilia:
Um credor joga na prisão o devedor que devia a
ele 10 moedas, e não apenas o devedor, mas também sua, esposa, filhos e servos
juntamente com ele. Uma terceira pessoa entra em cena e dá as 10 moedas
requeridas, e mais ainda, 10 mil talentos de ouro (...) Depois disso, poderia o
credor ter algum outro pensamento sobre as 10 moedas? Dessa forma foi conosco. Cristo pagou mais do que devíamos, um oceano
por uma única gota. (Homilias em Romanos 10:2)
Crisóstomo
expressa a superabundância do sacrifício de Cristo. Ele pagou além do que
devíamos. Por isso, seu sacrifício era suficiente para salvar o mundo inteiro. Sobre o aspecto substitutivo da obra de Cristo:
Pois se examinarmos tão bem quanto possível o
verdadeiro carácter do mistério da Sua obra, veremos que Ele morreu, não apenas
por Ele próprio, nem mesmo especialmente por Ele próprio; mas que foi em nome da humanidade que Ele sofreu e realizou tanto o
sofrimento em si mesmo como a ressurreição que se seguiu. Porque, ao morrer
segundo a carne, ofereceu a sua própria
vida como equivalente para a vida de todos; e ao dar satisfação perfeita a
todos, cumpriu em Si mesmo até ao extremo a força daquela antiga maldição. (Comentário sobre o Evangelho de São João
9:31-32 )
Ele
também menciona o caráter propiciatório do sacrifício de Cristo. Rivière
comenta e traz as citações:
O mal notório do pecado é que ele nos faz
inimigos de Deus: “Todos nós estávamos
debaixo da sentença. Nós merecíamos execução. Nós fomos acusados pela Lei, e Deus nos condenou. Nós estávamos para
morrer nos dias do dilúvio, e virtualmente já estávamos mortos. Cristo nos
resgatou da morte enviando a si mesmo para a morte. A presença de Cristo apaziguou a ira divina [Homilias em Gálatas2:8].
“Ele ofereceu um sacrifício que era capaz de propriciar seu Pai” [Homilias em Hebreus 17:1] e este
sacrifício efetivamente “nos reconcilia com Deus e Deus conosco, pois onde há
sacrifício, há remissão de pecados” [Homilia I de Cruce et Latrone 1]. Também
por este sacrifício, nós fomos libertos da punição futura: “Pois todos
estávamos sujeitos ao pecado e sua pena. Cristo,
através de sua paixão aboliu ambos – o pecado e a penalidade” [Homilias em Colossenses 6:3]. Aqui nós encontramos a distinção
escolástica entre e culpa e pena. (Rivière,
p. 215-216)
Ainda
sobre a ira de Deus, há outra citação importante:
Aquele Cordeiro de Moisés não tirou de
imediato o pecado de ninguém; mas este tirou o pecado de todo o mundo; pois
quando o mundo estava em perigo de perecer, Ele rapidamente o livrou da ira de Deus. (Homilias no Evangelho de João 17:1)
Ele
também diz que a morte de Cristo não foi acidental, mas sendo necessária para o
perdão, fazia parte do plano de Deus:
Há também milhares de outros textos que
anunciam sua morte, e que Ele deveria
morrer por nossos pecados.
(Homilias em 1 Coríntios 38:3)
Especialmente
nas Homilias em Hebreus, Crisóstomo entende que o sistema sacrifical do A.T
prefigurava o sacrifício de Cristo.
Os corpos daqueles animais cujo sangue é
trazido pelo Sumo Sacerdote ao santuário, são queimados fora do arraial. Então aquelas coisas eram uma tipologia
destas e, portanto, Cristo, sofrendo “fora”, cumpria tudo. Aqui, ele também
deixa claro que sofreu voluntariamente, mostrando que essas coisas não foram
acidentais, mas mesmo o arranjo [Divino] era de um sofrimento “fora”. (Homilias sobre Hebreus)
Para
encerrar, trazemos os últimos comentários de Rivière sobre Crisóstomo e a
Expiação:
Porque Cristo morreu? Porque, por um lado,
todos éramos pecadores e, por outro, somente
o sem pecado pode morrer por pecadores. A conclusão era que somente Cristo poderia nos salvar: “Ele é o
único sacerdote que poderia nos livrar dos nossos pecados. Foi por isso que Ele
se tornou homem: para oferecer uma
vítima que pudesse nos purificar. Nós
éramos inimigos de Deus, e fomos condenados e desonrados, e não havia
ninguém que poderia oferecer um sacrifício por nós. Nos vendo neste estado
miserável, Ele teve piedade de nós, e
não nos deu um sacerdote, mas Ele próprio se tornou nosso sacerdote” [Homilias em Hebreus 5:1]
(Rivière, p. 216)
Cirilo de Alexandria (376-444)
Kelly apresenta um substancioso e bem documentando comentário sobre Cirilo:
Cirilo raciocinava que, se o Senhor tivesse apenas vivido durante vários anos na terra como homem, Ele não poderia ter sido para nós mais do que mestre e exemplo. Dito de forma mais positiva, ele estava pronto para afirmar que "a morte de Cristo é, por assim dizer, a raiz da vida. Ela acabou com a corrupção, destruiu o pecado e pôs fim à ira divina" [Sobre Hebreus 2:14]. Ele também podia dizer que "quando derramou Seu sangue por nós, Jesus Cristo destruiu a morte e a corruptibilidade (...) Pois, se não tivesse morrido por nós, não teríamos sido salvos; e, se não tivesse descido entre os mortos, o cruel império da morte jamais teria sido destroçado" [Sobre Êxodo 2]. Pensamentos como esses vinculam Cirilo a Atanásio, que também sustentava que, embora a encarnação exalte a natureza humana, a morte do Deus-homem foi uma etapa necessária em tal processo, uma vez que os homens já estão sob sentença de morte. Além disso, porém, Cirilo entendia que a morte do Salvador foi um sacrifício, a oferta imaculada delineada no sistema sacrificial do Antigo Testamento [Sobre Hebreus 2:18]. Não somente a morte, mas também o pecado, que era a causa da morte, constituíam o obstáculo para a restauração do homem. Esse ponto de vista surge de modo incisivo em textos como este:
"Ora, aquele Cordeiro, prenunciado em tipos no passado, é conduzido ao matadouro como sacrifício imaculado em favor de todos, a fim de acabar com o pecado do mundo, vencer o destruidor da humanidade, aniquilar a morte ao morrer por todos, livrar-nos da maldição que pairava sobre nós (...) Pois, quando éramos culpados de muitos pecados e, por esse motivo, sujeitos à morte e corrupção, o Pai deu Seu Filho como resgate, um por todos (...) Porque todos estávamos em Cristo, que morreu por nós e em nosso lugar, e ressuscitou. Mas, sendo o pecado destruído, como a morte, o que brota do pecado, também não seria destruído?" [Sobre João 1:29]
Nessa passagem, os vários elementos da doutrina de Cirilo, incluindo a ideia de Cristo como o segundo Adão que dá início a uma nova humanidade, são reunidos numa síntese. Outros dois aspectos dessa doutrina precisam ser mencionados para que se compreenda seu verdadeiro caráter. Primeiro, a ideia que norteia Cirilo é a conhecida concepção da substituição penal. A semelhança de quase todos os escritores patrísticos que já mencionamos, ele se inspira em Isaías 53.4. Cristo não sofreu por Seus próprios pecados, ele afirma:
"mas foi ferido por causa de nossas transgressões (...) Desde o passado, estivéramos em inimizade com Deus (...) Era necessário que fôssemos castigados por nossa contumácia (...) Mas esse castigo, que devia recair sobre os pecadores para que eles cessassem de guerrear com Deus, desceu sobre Ele (...) Deus o entregou por causa de nossos pecados, a fim de nos livrar da penalidade" [Sobre Isaías 53:4-6].
Em outro contexto, ele escreve:
"O Unigênito tornou-Se homem (...) a fim de que, submetendo-se a morte que nos ameaçava como castigo por nossos pecados, destruísse assim o pecado e acabasse com as incriminações de Satanás, na medida em que, na pessoa de Cristo, já cumprimos a pena devida a nossos pecados" [De odor in spir er verit 3].
Segundo, Cirilo compreendeu, com maior clareza do que seus predecessores, o fato de que o que capacitou Cristo a alcançar tudo isso não foi apenas Sua identificação de Si mesmo com a natureza humana pecadora, mas o valor infinito de Sua pessoa:
"Não foi um homem comum", ele nos relembra (com uma evidente referência ao nestorianismo), "que Deus Pai entregou à morte em nosso favor e promoveu à condição de mediador, desfrutando a glória de um Filho adotivo e sendo honrado com uma associação duradoura com o próprio Pai (...) mas foi Aquele que transcende toda a criação, a Palavra gerada a partir de Sua própria substância, de modo que Ele fosse considerado amplamente equivalente à vida de todos" [Quod unus]. (Kelly, p. 302-303)
Nesta última citação, temos a ideia da superabundância do sacrifício de Cristo, que foi bastante explorada por Anselmo e também seria incluída pelos reformadores quando da formulação da SP. Já seria uma exposição suficiente sobre Cirilo, mas como desejamos ir mais fundo, vamos cavar mais um pouco, pois há muitas outras referências. Ele afirma o caráter sacrificial da morte de Cristo:
Cristo, o único Filho de Deus, nos redimiu, não com metais perecíveis como ouro ou prata, mas dando Sua alma por nós, oferecendo-se a Seu Pai como um inculpável sacrifício, dando Seu sangue em troca de todos as nossas vidas. Pois ele valia mais do que tudo, mesmo mais do que toda a criação, porque embora um perfeito homem, ele permaneceu o único Filho de Deus. (Carta 31)
Rivière apresenta as posições de Cirilo:
Mas o pecado não é apenas uma falha que deve ser apagada ou uma escravidão que deve ser quebrada. Esses são seus resultados. O pecado é, além disso, uma ofensa contra Deus [Sobre Romanos 5:3]. Daí o efeito final do sacrifício de Cristo é nos reconciliar com Deus, derrubar o pecado, que era como uma parede ou partição entre nós e Ele, e restaurar a sua amizade conosco [Sobre João 11] (Rivière, p. 229)
Assim como Kelly, Rivière enxerga a SP nos comentários de Cirilo sobre Isaías 53:
A primeira explicação aventada por Cirilo invoca a ideia de uma substituição penal. Ele primeiro faz uso disso em seu comentário sobre Isaías 53 (...) A mesma ideia ocorre em outros lugares:
“Deus fez pecado aquele que nunca pecou e fez ele sofrer tudo o que era devido ao maior dos pecadores. Assim, nós fomos justificados nele, pois um morreu por todos, sendo ele mesmo o devido equivalente de todos” [Sobre 2 Coríntios].
“Nós merecíamos uma punição por nossos pecados. Ele que nunca cometeu pecado, mas que andou em toda a retidão, recebeu a punição dos pecadores e destruiu na cruz o antigo banimento” [De Inc. Domini 27].
(...) “Já que o pecado reinou na terra (...) todos nós incorremos no sofrimento da morte, pois a pena por infringir a Lei de Deus e a vontade do Senhor é a morte. Porém, o Criador teve compaixão de nossa natureza caída e o Senhor Deus tornou-se homem (...) para sofrer a morte que nos ameaçava por conta do nosso pecado. Assim, ele destruiu o pecado e pôs fim às reivindicações de Satanás, pois em Cristo pagamos as penalidades devidas aos nossos pecados (...) Cristo tendo sofrido por nós, como poderia Deus ainda exigir a pena de nossos pecados? [De adorat. in sp. et ver. 3]
Portanto, se nossos pecados foram apagados, isto foi porque Cristo se colocou em nosso lugar para suportar as penalidades. Mas, como já vimos, Cristo é, de acordo com São Cirilo, não um substituto comum: Ele é um equivalente real para todos os pecadores. Cristo é isto por causa de sua natureza divina que assume em si mesma os sacrifícios voluntários de sua humanidade divina: “Aquele que deveria morrer por todos, deveria ser o equivalente pela vida de todos”. (Rivière, p. 231-232)
Esta documentação trazida por Rivière, juntamente com a apresentada por Kelly, traz um testemunho evidente sobre um pai da Igreja defendendo a SP. Nós temos os aspectos substitutivo e penal sendo articulados aqui. Sigamos com Rivière:
São Cirilo cita todos os textos do Novo Testamento que descrevem a Expiação como resultado da morte de Cristo, e mostra como cada um desses textos aponta para a mesma conclusão. Cristo foi nossa propiciação em Seu sangue e não de outra forma. Assim, a Palavra de Deus teve que se tornar homem. Cristo é a nossa redenção e santificação, portanto, Ele é Deus. Cristo nos redime ao preço de Seu sangue. Se Ele fosse um mero homem, como poderia esta redenção ser um equivalente? Mas se ele é realmente Deus, então nós entendemos que a troca é mais que suficiente. (Rivière, p. 233-234)
Como é sabido, Cirilo se notabilizou por seu embate contra Nestório. A principal temática de suas obras é a encarnação e divindade de Cristo. Ele repetidamente conecta cristologia com soteriologia. Há uma ênfase inegável na ideia de que Deus precisou se tornar homem para que uma oferta equivalente a toda a humanidade fosse oferecida. E isto somente seria possível se a oferta fosse o próprio Deus. Rivière prossegue:
Cristo se tornou maldição e assim nos livrou de nossa maldição, uma vez que sua morte não era de um homem comum. Apenas a Paixão da Palavra feita carne poderia redimir o mundo (...) No texto que daremos agora, esta ideia de um equivalente divino é combinada com a ideia de uma expiação penal:
"Cristo nos redimiu da lei ao se tornar uma maldição por nós. Como a lei amaldiçoou aqueles que cometeram erros, Ele que não conheceu pecado, por uma sentença injusta, sofreu o castigo que era merecido por aqueles que estavam sob o banimento da lei. Assim, aquele que era o equivalente de todos, ao morrer por nós, nos absolveu do crime da desobediência, e em Seu sangue redimiu todo mundo. Se Ele fosse apenas um homem, Ele não poderia ter sido o resgate adequado de todos. Mas se ele é Deus Encarnado, sofrendo na carne que Ele assumiu, então toda a Criação é nada em comparação a Ele, e Sua morte, uma vez ocorrida, basta para redimir o mundo” [De recta fide ad reginas. Oratio altera 7]
Não pode haver qualquer dúvida que, de acordo com o grande Doutor alexandrino, nossa redenção é o resultado dos sofrimentos do redentor, os quais são as penalidades de nossos pecados sofridas em nosso lugar. (Rivière, p. 235-236)
Sob pena de ser repetitivo, vamos trazer algumas outras citações dos comentários sobre os evangelhos não apontadas por Kelly ou Rivière:
Para nosso bem, Ele pagou a pena pelos nossos pecados. Pois embora Ele fosse um que sofreu, contudo estava muito acima de qualquer criatura, como Deus, e mais precioso do que a vida de todos. Portanto, como diz o Salmista, a boca de toda a iniquidade foi fechada, e a língua do pecado foi silenciada, incapaz de continuar a falar contra os pecadores. Pois somos justificados, agora que Cristo pagou a pena por nós; pois pelas Suas pisaduras somos curados, de acordo com a Escritura. (Sobre o Evangelho de João, Livro 12, Cap. 19)
Levando a Cruz sobre os Seus ombros, sobre os quais Ele estava prestes a ser crucificado, Ele partiu. A sua desgraça já estava fixada, e Ele tinha sofrido, para nosso bem, embora inocente, a sentença de morte. Pois, na Sua própria pessoa, Ele suportou a sentença pronunciada com justiça contra os pecadores pela Lei (...) Portanto, Ele que não conheceu nenhum pecado foi amaldiçoado para nosso bem, para que Ele nos livrasse da velha maldição. Pois tudo-suficiente era o Deus que está acima de tudo, morrendo por todos; e pela morte do Seu próprio Corpo, comprando a redenção de toda a humanidade (...) Ele tomou sobre Si a Cruz que nos era devida, passando sobre Si a condenação da Lei, para que a boca de toda a iniquidade pudesse de agora em diante ser detida, de acordo com o ditado do Salmista; o Sem Pecado tendo sofrido a condenação pelo pecado de todos. (Sobre o Evangelho de João, Livro 12, Cap. 19:16)
A morte era o nosso destino, na medida em que pelo pecado tínhamos caído sob a maldição divina. Mas quando o Salvador de si mesmo, por assim dizer, assumiu a acusação, transferiu para si o que nos era devido, e deu a Sua vida, para que pudéssemos ser enviados para longe da morte e da destruição. (Sobre o evangelho de Lucas, Sermão LIII )
Teodoreto de Ciro (393-457)
Rivière
também comenta trazendo farta documentação:
Outro
contemporâneo de St. Cirilo, Teodoreto, bispo de Ciro, em seus comentários,
descreve a obra de Cristo em termos comuns. Sua morte foi um resgate, ou melhor
“um tipo de resgate”, uma correção do termo tradicional que Teodoreto faz duas
vezes [Comentários sobre Romanos 3:24]. Acima de tudo, sua morte era um
sacrifício voluntário e espontâneo feito para expiar nossas falhas
[Comentários em Daniel 9:24], e nos reconciliar com Deus
[Comentários em Romanos 5:8]. Esta expiação pressupõe que Cristo
pagou nosso débito [Comentário em Colossenses 1:20].
Esta ideia permeia seu comentário
sobre Isaías 53:
“Nós
deveríamos ter morrido por nossos pecados, mas Ele morreu por nós. Ele se
tornou maldição para nos salvar da maldição da Lei. Nós merecíamos o castigo
pelos nossos pecados. Ele, o inculpável, sofreu o castigo no nosso lugar
(...) Por causa do pecado, nos tornamos inimigos de Deus, e para que a paz
fosse restaurada, nós tínhamos que ser castigados. Porém, Ele tomou sobre si
o castigo e nos deu paz (...) Em outras palavras, Ele tomou sobre si a
penalidade devida aos pecadores” [Sobre Isaías 53:4-12] (Rivière, p.
239-240)
A
citação acima é bastante clara ao afirmar os aspectos penal e substitutivo da
obra de Cristo. Eu acrescentaria outra citação que reafirma esses aspectos:
Aqueles
que o viram pregados na cruz presumiram que Ele estava sendo punido por
inúmeras ações erradas e estava pagando a penalidade por falhas pessoais (...)
Mas o Espírito Santo ensina através do profeta que Ele foi ferido por nossas
iniquidades e enfraquecido por nossos pecados. Ele deixa isso mais claro no
seguinte: O castigo pela nossa paz foi infligido a Ele e por suas
feridas, fomos curados. Nós éramos inimigos de Deus, por tê-lo ofendido, de
modo que o castigo e a vingança nos eram devidos. No entanto, não liquidamos a
dívida. Nosso Salvador resolveu a si mesmo (...) Como uma ovelha, então, ele
se tornou vítima e foi oferecido um sacrifício em nome de toda a raça. Ao
dizer por nós, mostrou que, embora fosse ele próprio inocente e livre de toda a
culpa, pagou nossa dívida e nos considerou dignos de liberdade, embora
tenhamos sofrido inúmeras penas e fomos obrigados a viver em escravidão. Como
resultado, Ele nos redimiu ao preço de Seu próprio sangue (...) Pois, embora
estivesse fora da maldição (pois não pecou, nem foi culpa encontrada em Sua
boca), Ele suportou a morte dos pecadores. (Sobre a Divina Providência, Sermão 10)
Proclo de Constantinopla (?-446)
Rivière traz alguns comentários a respeito deste pouco conhecido autor cristão:
Nos
escritos de São Proclo, Bispo de Constantinopla, encontramos alguns textos que
dizem respeito ao nosso assunto: “Tendo se tornado homem, sem pecado, Ele pela
cruz livrou a natureza humana do pecado. Seu túmulo foi o fim da morte” [Oração
2:2]. “A paixão era a expiação do mundo. Sua morte foi uma fonte de
imortalidade” [Oração 11:4]. “Ele era o verdadeiro Cordeiro Pascal que
se ofereceu voluntariamente a Deus para obter para nós em Seu sangue o perdão
de nossos pecados” [Oração 14:2]. Nós até mesmo encontramos uma alusão a
expiação penal suportada pela morte de Cristo: “Ao se tornar homem, Ele
salvou aqueles semelhantes a Ele. Ao morrer como homem por todos, Ele pagou
a dívida do pecado” [Epístola 4:7]. Mas neste escritor encontramos um texto
mais interessante no qual ele estabelece com exatidão o que raramente se
encontra em outros lugares - a necessidade relativa da expiação pelo Deus-homem:
(...)
“Pois Ele veio para nos salvar e, para isto, Ele tinha que morrer.
Agora, como estas duas coisas podem ser consistentes? Um homem comum não
poderia nos salvar. Deus como tal não poderia sofrer. Então o próprio Deus
tornou-se homem. O que Ele era nos salva. O que Ele se tornou, sofre”.
[Oração 1:5-9] (Rivière, p. 238-239)
Esta
última citação é importante porque defende que para que o pecado fosse expiado,
a vítima deveria sofrer. Deus então precisou se tornar homem para experimentar
sofrimento e assim ser uma oferta equivalente à nossa. Depreende-se então que a
morte de Cristo tinha um aspecto punitivo. Isto fica mais evidente na seguinte
citação:
Sendo voluntariamente condenado, Ele destruiu aquela morte que era
devida aos seus executores e tornou o crime de seus assassinos em salvação dos
pecadores. (Ibid.)
Em
Procópio de Gaza encontramos uma concepção realista dos eventos:
“Devíamos ter salientado que Ele é o Salvador de nossas almas, que também
carrega nossos pecados e sofre por nós. Pois, foi por nós que Ele sofreu
para nos livrar da punição que era devida aos nossos pecados”. O expositor,
na linguagem de São Cirilo, ressalta que Ele era o equivalente de todos: “O
castigo que merecíamos, Ele sofreu, para nos reconciliar com Deus. Ele
suportou os golpes destinados a nós e por Suas feridas somos curados. Se
perguntarmos por que aquele que não cometeu nenhum pecado teve que sofrer a
morte, o Pai responde: ‘Foram os pecados do meu povo que o levaram à morte;
pois o Pai realmente o entregou como resgate por nossas almas’. Não devemos
agora imaginar que Ele morreu por qualquer necessidade. Sua morte foi
voluntária. Ele assumiu a punição que deveria ter caído sobre nós e assim
morreu por nós para absolver o mundo do pecado” [Sobre Isaías 53].
(Rivière, p. 242)
Rivière
ainda comenta sobre os autores gregos do séc. V:
Como
já dissemos, nesses escritores há quase nada de novo a ser encontrado. Na
verdade, um pouco mais de profundidade e variedade de expressão seriam
bem-vindos, mas uma coisa não permite dúvida, isto é, que eles conectam
unanimemente a Salvação com a morte de Cristo, que sacrificou a si mesmo, e
assim pagou a dívida por nós. A constante repetição de tais ditos prova que
havia uma tradição de longa data na Igreja Grega que favorecia a concepção
realista de Salvação.
(Ibid., p. 242)
João Damasceno (?-749)
Vamos
encerrar nossa exposição nos pais gregos com o último deles, fazendo uso da exposição de Rivière:
Nosso
autor em outro lugar dá a devida ênfase à morte de Cristo: “Se Cristo morreu,
isso não foi por si mesmo, pois Ele não tinha pecado, mas por nós. Ele se
ofereceu a si como uma vítima por nós. Pois, foi contra Deus
que pecamos, portanto, e foi a Ele que o preço de nossa redenção teve que ser
pago, antes que a proibição que havia contra nós pudesse ser removida”. Em
outra passagem, São João Damasceno expressou ainda mais claramente a ideia de
substituição: “Se Cristo foi chamado de maldição, isso foi por nós, porque Ele
estava cumprindo nossa parte como faria aquele que, por gentileza, colocou-se
em nosso lugar para pagar dívidas que ele não havia contraído" [Exposição da Fé Ortodoxa 3:25]. “Foi por esta morte preciosa, e somente
por ela, que a morte foi destruída. O pecado de nossos primeiros pais foi
apagado e o inferno espojado de sua presa, enquanto nós novamente fomos capazes
de encontrar a ressurreição e o caminho para o céu” [Exposição da Fé Ortodoxa 4:11].
Todas
essas diferentes visões recebem uma afirmação ainda mais ampla no comentário de
São João Damasceno sobre São Paulo: "Éramos inimigos de Deus e estávamos debaixo
da sentença de morte, e não havia ninguém que pudesse oferecer sacrifício por
nós. Mas Cristo teve pena de nós e não nos deu outro sumo sacerdote, mas ele
mesmo assumiu este cargo para expiar os pecados do Seu povo” [Sobre Hebreus
2:17]. “Sua morte nos livra do pecado e nos arranca da nossa condenação,
e nos justifica, carregando-nos também com presentes” [Sobre Romanos 6:17-21].
Especialmente,
isso nos une a Deus, tirando para sempre a inimizade que havia entre nós.
Se a morte de Cristo produz todos esses bons resultados, então deve ser porque
é uma expiação real. Nosso autor nos lembra do princípio universalmente
admitido da lei, que todo pecador deve ser punido, e ele acrescenta "que
fomos libertados de nossa punição apenas por meio da Expiação de Cristo, a quem
Deus fez a vítima expiatória de nossos pecados" [Sobre Romanos 3:23]. Pois, de acordo com a
profecia de Isaías, Deus entregou Seu Filho pelos pecados do mundo [Sobre 1 Coríntios 15:23].
"Não
somente Ele permitiu que Ele [o Filho] morresse pelos pecadores; Ele o fez
morrer, e Ele tornou pecado, aquele que não conheceu pecado" [Sobre 2 Coríntios 5:22]. E também: "Os homens
deveriam ter sido punidos por suas más ações, mas em seu lugar, Ele entregou o
seu próprio filho" [Sobre 1 Timóteo 2:2]. Mas, ao mesmo tempo, Cristo se ofereceu por sua própria
vontade: "Ele veio para tomar sobre Si mesmo os nossos pecados e morrer" [Sobre Hebreus 9:15] . E,
por Sua morte voluntária, Ele nos livrou da maldição e da morte; e conclui
repetindo a bela comparação já usado por Crisóstomo: "Quando um homem foi
condenado à morte, se outro se oferecer para tomar seu lugar, ele o livra da
morte. Isto é exatamente o que Cristo fez por nós" [Sobre Gálatas 3:13].
Se
o leitor continua a procurar uma visão sintetizada de todas as condições da
salvação, ele irá encontrar na passagem na qual St. João Damasceno sumariza sua
visão com uma exatidão quase escolástica: “O grande favor de Deus para conosco
foi ter nos tomado e santificado em si mesmo, de uma forma que nos tornamos seu
corpo e Ele nossa cabeça. A causa desse favor foi a bondade de Deus, e os meio
pelo qual foi obtido foi a expiação pelo sangue de Cristo" [Sobre Efésio 1:1]. (Rivière, p.
244-246)
Rivière termina a análise
sobre os pais gregos com o seguinte comentário:
Nossa investigação imparcial nos mostrou a existência de duas correntes: uma delas especulativa, considerando a Salvação como uma restauração sobrenatural da humanidade a um imortal e divina vida; e outro realista, considerando Salvação como o efeito da expiação de nossos pecados através da morte de Cristo. Essas duas correntes seguiram lado a lado, a princípio de um modo um tanto confuso, mas em nenhum momento uma absorveu completamente a outra e, no caso, foi a corrente mais realista que ganhou o dia. De todos os Padres Gregos, podemos dizer o que foi o dito de São João Damasceno, que, segundo eles, "a morte na cruz, embora não seja a única, foi o evento principal da obra da Expiação". (Rivière, p. 246)
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