Quem
procurar entender a Soteriologia do quarto século e do quinto ficará
profundamente decepcionado se esperar encontrar algo parecido com as sínteses
cuidadosamente elaboradas que a teologia da Trindade e da encarnação
apresentaram naquela época. Nessas duas áreas, a controvérsia exigiu definições
bastante exatas por parte da igreja, enquanto a redenção só passou a ser um
campo de batalha entre escolas rivais no século XII, quando a obra de
Anselmo, Cur deus homo (c. 1097), concentrou a atenção no assunto. Pelo
contrário, o estudante deve estar preparado para tatear em meio a uma
variedade de teorias, sem nenhuma relação aparente entre si ou até mutuamente
incompatíveis, coexistindo lado a lado e às vezes sustentadas pelo mesmo
teólogo. (KELLY, J. N.
D. Doutrinas Centrais da Fé Cristã – Origem e Desenvolvimento. São Paulo: Vida Nova,
1994, p. 285)
Isto
remonta ao que dissemos no primeiro artigo sobre a abordagem multifacetada dos
Pais da Igreja, que poderiam defender teorias aparentemente contraditórias.
Entre tantas teorias, Kelly identifica três mais significativas:
Três
delas são especialmente significativas, e por questão de clareza serão
examinadas no início de nossa análise. Primeiro, havia a chamada teoria
"física" ou "mística" (já nos deparamos com ela em
Irineu), que vinculava a redenção à encarnação. De acordo com ela, a
natureza humana foi santificada, transformada e exaltada no próprio ato de
Cristo tornar-se homem (...) Segundo, havia a explicação da redenção em
termos de um resgate oferecido ao diabo ou de uma penalidade imposta a ele.
A primeira versão remonta a Irineu e Orígenes; a segunda começou neste período,
com a crescente percepção da incoerência
de atribuir algum direito ao diabo nessa questão. Terceiro, havia a
teoria, muitas vezes chamada de "realista", que dirigia a atenção
para os sofrimentos do Salvador. Dando mais atenção ao pecado e ao devido
castigo do que ao legado trágico do próprio pecado, ela colocava a cruz em
primeiro plano e descrevia Cristo substituindo os homens pecadores por Si
mesmo, arcando com a penalidade que a justiça exigia que eles pagassem e
reconciliando-os com Deus mediante Sua morte sacrificial. (Kelly, p. 285)
A
terceira teoria – a realista – embute os principais aspectos da Substituição
Penal. Kelly argumenta que embora os estudiosos tendam a ver a abordagem dos
pais como incoerente, estas três teorias não são mutuamente exclusivas (p.
286). Por uma questão de ênfase, um determinado autor poderia abordar uma
teoria, sem que outras desempenhassem algum papel no seu sistema.
Eusébio de Cesareia (265-339)
Vamos
ao testemunho de Eusébio de Cesareia, o renomado historiador cristão:
Mas
desde que estando em semelhança de carne pecaminosa, Ele condenou o pecado
na carne, as palavras citadas são usadas corretamente. E no sentido de
que Ele tornou seus os nossos pecados por Seu amor e benevolência para
conosco (...) O Cordeiro de Deus (...) foi castigado em nosso favor e sofreu
uma punição que Ele não devia, mas que devíamos por causa da multidão de nossos
pecados. Assim, Ele se tornou a causa do perdão dos nossos pecados, porque
Ele recebeu a morte por nós, e transferiu para Si o açoite, os insultos
e a desonra que eram devidos a nós, e atraiu sobre Si a maldição
partilhada, sendo feito maldição por nós. E o que é isso senão o
preço de nossas almas? E assim o oráculo diz em nossa pessoa: “Pelas suas
pisaduras fomos curados” e “O Senhor o entregou por nossos pecados”. (Demonstração do Evangelho 10:1)
É
difícil entender como alguém pode afirmar que nenhum Pai da Igreja defendeu a
Substituição Penal (SP) diante desta citação. Cristo foi punido na cruz em
nosso lugar. E, por esta razão, nossos pecados são perdoados. Ao ser punido,
ele pagou o preço de nossas almas. Eusébio está interpretando Isaías 53, mas
diferente de outros Pais da Igreja, ele não apenas cita o texto, mas expressa
seu próprio entendimento da passagem. Isto será reafirmado em outra parte:
O Cordeiro de Deus é feito pecado e maldição - pecado pelos pecadores do mundo e maldição
por causa daqueles que permanecem em todas as coisas escritas na lei de Moisés.
E assim diz o Apóstolo: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se
maldição por nós”; e "Aquele que não conheceu pecado, por nós ele o fez
pecado." (Demonstração do Evangelho 1:10)
Ele
também identifica o sistema sacrifical de Israel como tipo de Cristo:
[Moisés]
diz claramente que o sangue das vítimas mortas é uma propiciação no lugar da
vida humana. E a lei sobre os sacrifícios sugere que isso deve ser
respeitado, se for considerado cuidadosamente. Pois, é necessário que aquele
que está sacrificando sempre coloque suas mãos sobre a cabeça da vítima, e leve
o animal ao sacerdote seguro por sua cabeça, como quem oferece um sacrifício em
seu nome. Assim, ele diz em cada caso: “Ele o trará perante o Senhor e porá
as mãos sobre a cabeça da oferta.” Esse é o ritual em todos os casos, nenhum
sacrifício é feito de outra forma. E então o raciocínio sustenta que as
vítimas são trazidas no lugar das vidas daqueles que as trazem. (Demonstração do Evangelho 1:10)
Os
defensores da SP entendem que o sistema sacrifical do Antigo Testamento (A.T)
era propiciatório, que o animal sacrificado era um substituto do ofertante e
que prefigurava o sacrifício de Cristo. A citação acima evidencia que Eusébio
tinha a mesma posição. Ele interpretou o gesto de colocar as mãos sobre a
cabeça do animal como uma identificação entre ofertante e o sacrificado – como
uma relação substitutiva. A prefiguração do sacrifício de Cristo é atestada
abaixo:
Embora
o melhor, o grande, digno e divino sacrifício ainda não estivesse disponível
para os homens, era necessário que eles pagassem um resgate por sua própria
vida com a oferta de animais, e esta era uma vida que representava sua
própria natureza. Assim fizeram os homens santos da antiguidade,
antecipando pelo Espírito Santo que uma vítima santa, querida a Deus e
grande viria um dia para os homens, como oferta pelos pecados do mundo,
crendo que como profetas eles deveriam cumprir em símbolo seu sacrifício, e
mostrar em tipo o que ainda estava para ser. Mas, quando o que era perfeito
veio (...) os primeiros sacrifícios cessaram imediatamente por causa do
melhor e verdadeiro Sacrifício.
(Demonstração do Evangelho 1:10)
A
natureza propiciatória do sacrifício é novamente afirmada:
O
grande e precioso resgate foi achado por judeus e gregos, a propiciação pelo
mundo inteiro, a vida dada pela vida de todos os homens, a pura
oferta por toda mancha e pecado, o Cordeiro de Deus. (Demonstração do Evangelho 1:10)
Eusébio
parece ter defendido a imputação de pecados a Cristo:
Ele
então (...) marcamos nele todos os nossos pecados, e fixamos nele
também a maldição que foi decretada pela lei de Moisés, como Moisés
predisse: "Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro." Ele
sofreu isso “sendo feito maldição por nós; e fazendo-se pecado por nós.” E
então "Ele que não conheceu pecado foi pecado por nós ", e colocou
sobre Ele todas as punições devidas a nós por nossos pecados, os grilhões,
os insultos, as injúrias, o açoite, os golpes vergonhosos e o troféu coroado da
Cruz. (Demonstração do Evangelho 1:10)
O
estudioso patrístico católico Jean Rivière disse sobre Eusébio e Orígenes:
As duas ideias de
substituição penal e de sacrifício expiatório, que em Orígenes encontramos de
forma desconectada, são combinadas em Eusébio, que em consequência, é capaz de dar os
contornos de uma teoria jurídica da expiação penal. Embora os escolásticos
medievais se aprofundem no problema e busquem a razão para essa substituição
nas demandas da justiça divina, mesmo no início do século IV os fundamentos
doutrinários já estavam lançados. (Rivière,
The Doctrine of the Atonement: A Historical Essay, 2 vols., trans. Cappadelta
(London: Kegan Paul, Trench, Trübner, 1909), 1:196)
Rivière diz em outra parte do livro:
(...) Eusébio fez pela ideia de satisfação
penal, que foi coloca-la no centro de seu sitema. (Rivière, p. 201)
Kelly segue a mesma interpretação:
Entretanto,
nem a teoria física nem a mitologia do
livramento do homem das garras do diabo representam a vertente principal da
soteriologia grega no quarto século. Para encontrá-la, precisamos examinar as doutrinas que interpretavam a obra de Cristo em
termos de um sacrifício oferecido ao Pai. Vimos que tanto Atanásio quanto Gregório de Nissa, mesmo
entendendo que, em essência, a restauração do homem era efeito da encarnação, foram capazes de encontrar um lugar lógico
para a morte do Senhor concebida como um sacrifício. Esse aspecto é apresentado de forma incisiva por Eusébio de Cesareia,
contemporâneo de Atanásio. Ele sustenta
que Cristo assumiu nossos pecados e aceitou o castigo que merecíamos. Sua morte
é um sacrifício substitutivo. Ele pôde identificar-se com nossos pecados e
com os castigos a eles associados porque, sendo plenamente homem, partilhava de
nossa natureza. (Kelly, p.
292)
Teodoro de
Heracleia (281-319)
Teodoro é um mártir cristão contemporâneo de
Eusébio que escreveu em termos muito similares ao historiador da Igreja.
Rivière relata:
Ensino muito similar ao de Eusébio será
encontrado nas obras de um dos seus mais conhecidos contemporâneos: Teodoro, o
bispo de Heracleia. Num de
seus poucos fragmentos restantes do comentário de Isaías, ele se expressa da
seguinte forma: “Como a maldade humana estava em seu nível mais alto e o levou
a praticar muitos tipos de iniquidades, o
castigo e a punição estavam próximos. Mas, a morte que era devida a nós foi voluntariamente recebida pelo filho de
Deus, que veio ao mundo, exerceu toda a justiça e não cometeu nenhum
pecado. Ele, desse modo, transformou
nosso castigo em paz e boa vontade, pois Ele sofreu ferimentos e torturas,
enquanto pela fé nos apropriamos de seus sofrimentos, morrendo com Ele pela
graça, para sermos salvos.” (Comentários em Isaías LIII. 5 – PG. XVIII;
Col. 1356) (Rivière, p.
195)
Vejam que ele entende a morte como castigo e
punição. E esta morte foi recebida por Cristo, o que implica que Jesus foi
punido em nosso lugar.
Atanásio
de Alexandria (?-373)
Vamos agora para o mais importante Pai da
Igreja do séc. IV, o campeão da fé nicena, Atanásio de Alexandria. Kelly
comenta:
A ênfase
dominante na Soteriologia de Atanásio é a teoria física de que Cristo, ao Se
tornar homem, restaurou em nós a imagem divina; mesclada, entretanto, com isso,
encontra-se a convicção de que Sua morte
era necessária para nos livrar da maldição do pecado e de que Ele ofereceu a Si
mesmo como sacrifício por nós. Os dois aspectos são às vezes combinados num
único texto:
"É justo que a Palavra de Deus (...) ao
oferecer Seu corpo como resgate por nós, pagasse nossa dívida com Sua morte.
Assim, unido a todos os homens por intermédio de um corpo como o deles, o Filho
incorruptível de Deus pode, com justiça, revestir todos os homens de
incorruptibilidade" [Da Encarnação da Palavra 9]. E também: "A Palavra Se tornou
carne para oferecer esse sacrifício e também para que nós, participando de
Seu Espírito, sejamos deificados" [Dos Decretos 14].
(Kelly, p. 288)
Temos a ideia de
que a morte de Cristo foi um sacrifício.
Ainda
restava pagar a dívida de todos,
visto que todos, conforme expliquei, estavam
destinados à morte, e essa foi a principal causa de sua vinda entre nós. É
por isso que, depois de revelar sua divindade mediante suas obras, restou-lhe oferecer o sacrifício por todos,
entregando o templo de seu corpo para morrer por todos, de sorte que pudesse salvá-los
e livrá-los da responsabilidade por sua
antiga transgressão e mostrar-se superior a morte, revelando a imortalidade
de seu próprio corpo como prenúncio da incorruptibilidade de todos (...) Porque a morte de todos cumpriu-se no corpo
do Senhor, e a morte e a corrupção foram destruídas graças ao Logos que
nele habitou, pois havia necessidade de
morte, e era preciso experimentar a morte no lugar de todos, a fim de que a
dívida de todos fosse paga. (Da Encarnação da Palavra 20)
Nesta citação, Atanásio coloca a paixão de Cristo
como motivo principal de sua vinda e reafirma o caráter sacrificial de sua
morte. Em outro lugar da mesma obra, ele reafirma necessidade da morte de
Cristo como meio de salvação:
(...) a morte
de Cristo na cruz em nosso favor foi apropriada e coerente. Sua causa era
inteiramente compreensível, e existem considerações justas que mostram que
somente pela cruz teria sido possível alcançar devidamente a salvação de todos.
(Da Encarnação da Palavra 26)
A respeito desta obra, Rivière comenta:
Nós
podemos ver que neste livro duas ideias são aduzidas para explicar a salvação e
a obra do salvador: a ideia da imortalidade ou da reforma sobrenatural de nossa
natureza e a ideia de uma expiação da
nossa morte. (Rivière, p. 173)
Kelly interpreta as citações anteriores da seguinte
forma:
Seu pensamento
básico é que a maldição do pecado, isto é, a morte, pesa sobre toda a
humanidade; era uma dívida que devia ser paga para que se pudesse dar início à
restauração. Na cruz, Cristo, representante do homem, aceitou o castigo
em Seu próprio corpo e morreu. Desse modo, Ele nos livrou da maldição,
operou salvação e se tornou nosso Senhor e rei. (Kelly, p. 289)
Ele interpreta Atanásio em termos penais, pois o
pagamento da dívida se deu através do castigo (punição) suportado por Cristo. A
seguinte citação apoia esta interpretação penal:
Visto que aqui
também o ministério por meio dele se tornou melhor, naquilo que a Lei não podia
fazer por ser fraca pela carne. Deus enviou Seu próprio Filho em semelhança
de carne pecaminosa, e por causa do pecado condenou o pecado na carne
"livrando-o da transgressão, na qual, sendo continuamente mantido cativo,
ele não admitia a mente Divina". E tendo tornado a carne capaz da Palavra,
Ele nos fez andar, não mais segundo a carne, mas segundo o Espírito, e dizer
repetidamente: "Não estamos na carne, mas no Espírito" e "Pois o
Filho de Deus veio ao mundo, não para julga-lo, mas para redimir todos os
homens, e para que o mundo fosse salvo por ele". Anteriormente, o
mundo, como culpado, estava sob o julgamento da Lei; mas agora a Palavra
tomou sobre si mesmo o julgamento e, tendo sofrido no corpo por todos,
concedeu a salvação a todos. Em vista disso, João exclamou: A lei foi dada
por Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. (Quatro discursos contra os Arianos 1:60)
O caráter penal é evidente neste texto. Destaco
novamente o trecho “e por causa do pecado condenou o pecado na carne”. Uma
construção mais correta seria usar o pronome na segunda ocorrência da palavra
pecado, mas resolvi deixar assim para evitar e ambiguidade e porque é como
ocorre na fonte a partir da qual traduzi. O mundo estava sob julgamento e a
Palavra (a editora Paulus traduz como o Verbo) assumiu esse julgamento. Este
julgamento era a condenação pelo pecado da humanidade. A ideia de que Cristo
pagou nossa dívida não necessariamente implica na SP. A depender do contexto, é
possível encaixá-la na teoria da satisfação de Anselmo, que via a morte de
Cristo como uma oferta compensatória a Deus. No entanto, esta não parece ser a
interpretação de Atanásio. Ele entendia que Cristo fora punido por causa de
nossas transgressões. O aspecto penal será reafirmado nesta mesma obra e em
outras:
Meu Pai preparou
para mim um corpo e criou-me para os homens a fim de sua salvação. Pois, como
quando João diz: "A Palavra se fez carne", não concebemos o própria
Palavra inteira como carne, mas ter se revestido de carne e se tornado homem, e
ao ouvir que Cristo se tornou uma maldição por nós e que "Ele fez pecado
por nós aquele que não conhecia pecado" nós simplesmente não concebemos
que todo o Cristo se tornou maldição e pecado, mas que Ele levou sobre Si a
maldição que estava contra nós. (Quatro discursos contra os Arianos 2:47)
Pois, ao receber
nossas enfermidades, é dito que Ele próprio está enfermo, embora não seja
enfermo, pois Ele é o Poder de Deus, e Ele se tornou pecado por nós e
uma maldição, embora não tendo pecado a Si mesmo, mas porque Ele mesmo
carregou nossos pecados e nossa maldição. (Quatro discursos contra os Arianos 2:55)
O mesmo pode ser visto em outras partes da mesma obra: (3:33), (2:76), (2.7).
Kelly faz uma importante observação:
À primeira vista, a
doutrina é de substituição, mas o que Atanásio estava procurando expressar
não era tanto que uma vítima foi substituída por outra, mas que "a morte
de todos se cumpriu no corpo do senhor". Em outras palavras, devido à
união entre sua carne e a nossa, sua morte e vitória foram efetivamente nossas.
Assim como herdamos a morte mediante nossa afinidade com o primeiro Adão,
também conquistamos a morte e herdamos a vida pela nossa afinidade com "o
homem oriundo dos céus". (Kelly, p. 289)
Rivière também comenta:
De fato, nossa
salvação não poderia ter sido possível exceto pela Cruz [Da Encarnação 26]. Pois cada um de nós estava sujeito à lei da morte a qual Deus
promulgou contra nós. Este decreto não poderia deixar de ser cumprido.
Cristo o aboliu ao morrer em nosso lugar. Como Cristo se levantou em
favor de toda a humanidade, nós podemos verdadeiramente dizer que todos morrem
com ele. Dessa forma, a morte não é mais nossa governante, pois já obteve tudo
que poderia reivindicar. Aqui, nós encontramos tão claro quanto possível uma
ideia de substituição, e como temos visto, esta ideia está na fundação da
obra “Da Encarnação do Verbo”. (Rivière, p. 176-177)
Acredito que Kelly e Rivière não estão em oposição
aqui. Há diferentes tipos de substituição. Para Kelly, Atanásio entendia Jesus
como nosso representante na cruz, por isso, somos beneficiados por sua obra. No
entanto, representação e substituição não são conceitos excludentes. Na
verdade, um representante é em certo sentido um substituto.
A necessidade da cruz para salvação é um ponto de
debate entre teóricos da expiação. De um lado, há aqueles que dizem que Deus
poderia ter perdoado o homem sem a necessidade de satisfação. Há defensores da
SP que advogam esta ideia (Ex. Hugo Grócio). Alguns erroneamente afirmam que
Grócio não apoiava a SP, mas a sua teoria governamental também a comportava. Do
outro lado, há os que dizem que a justiça retributiva faz parte da natureza de
Deus, portanto, a satisfação pelo pecado é estritamente necessária (Ex.
Anselmo). Atanásio parece apoiar a segunda posição, embora ele pouco tenha
elaborado a respeito. O decreto de condenação do próprio Deus precisaria ser
cumprido. Como Cristo cumpriu o decreto em seu próprio corpo, ele não mais tem
efeito contra os que estão Nele. Numa de suas cartas, Atanásio afirma que a ira
de Deus foi direcionada a Cristo:
E os Salmos 88 e 69,
novamente falando na própria pessoa do Senhor, dizem-nos ainda que Ele sofreu
estas coisas, não para o Seu próprio bem mas para o nosso. Fizeste repousar
sobre mim a Tua ira, diz um; e o outro acrescenta, paguei-lhes coisas
que nunca tomei. Pois Ele não morreu como sendo Ele próprio sujeito à
morte. Ele sofreu por nós, e suportou em Si mesmo a ira que foi a pena da
nossa transgressão, mesmo como diz Isaías, Ele próprio suportou as nossas
fraquezas.
(Carta a Marcelino)
Cristo
suportou a ira que era a punição de nossa transgressão é uma afirmação concisa
e clara do caráter penal da Cruz.
Cirilo de Jerusalém (313-386)
Rivière
comenta sobre Cirilo:
Nestas
passagens, a ideia de uma expiação penal ocorre pelo menos uma vez: “Ele
estendeu as mãos humanas. Ele que pelas mãos espirituais estabeleceu o céu. As
suas mãos foram cravadas com cravos, para que sua humanidade, que aqui são
os pecados dos homens, tendo sido pregada na árvore e morrido, fizesse
com que o pecado morresse com ela, e assim pudéssemos ressuscitar em
justiça” [Palestras Catequéticas 13:28].
Nós provavelmente devemos comparar esta passagem com o texto de uma palestra
anterior na qual ele fala de Cristo como “morrendo carregado com os pecados
do mundo inteiro” [Ibid., 3:12]. (Rivière, p. 198-199]
Na
humanidade de Cristo estavam os pecados dos homens, e estes pecados morreram na
medida que a humanidade de Cristo foi morta. Parece algo próximo da teoria da
imputação. Nossos pecados foram transferidos para Cristo, tendo sido punidos em
sua morte. Cirilo também disse que Cristo aplacou a ira de Deus:
Se
o primeiro homem formado da terra trouxe a morte universal, aquele que o formou
da terra não trará a vida eterna, sendo Ele mesmo a Vida? Se Finéias, quando se
tornou zeloso e matou o malfeitor, impediu a ira de Deus, Jesus, que não
matou outro, mas se entregou em resgate, não afastará a ira que é contra a
humanidade? (Palestras Catequéticas 13:2)
Na
mesma obra, Cirilo escreveu:
O
Salvador suportou estas coisas e fez a paz através do Sangue da sua Cruz, pelas
coisas no céu, e pelas coisas na terra. Porque, por causa do pecado, éramos
inimigos de Deus e Ele tinha designado o pecador para morrer. Deve,
portanto, ter acontecido uma de duas coisas; ou que Deus, na Sua verdade,
deveria destruir todos os homens, ou que na Sua bondade amorosa Ele deveria
cancelar a sentença. Mas eis a sabedoria de Deus. Ele preservou tanto a
verdade da Sua sentença, como o exercício da sua bondade amorosa. Cristo
levou os nossos pecados no Seu corpo sobre o madeiro, para que pela sua morte
pudéssemos morrer para pecar, e viver para a justiça. De grande importância
foi aquele que morreu por nós. Ele não era literalmente uma ovelha. Ele não
era meramente um homem. Ele era mais do que um anjo. Ele era Deus feito homem. A
transgressão dos pecadores não foi tão grande, como a justiça d’Aquele que
morreu por eles; não cometemos tanto pecado como Ele fez a justiça que deu a
Sua vida por nós, — que a deu quando quis, e a tomou de novo quando quis. (Palestras Catequéticas 13:33)
Rivière
comenta esta passagem:
Aparte
os termos técnicos, nós encontramos aqui a primeira afirmação teológica da
infinita superabundância da satisfação feita por Deus Homem. A partir de
tudo isso, nós podemos ver que Cirilo, apesar da desordem aparente em suas
homilias, claramente resume inteiramente a obra do Salvador em sua morte. A
morte foi o fim da encarnação. Ela também é o que obtém para nós o perdão de
nossos pecados (...) Aqui e ali, ele menciona as ideias de resgate e
sacrifício. Ocasionalmente ele alude a ideia de expiação penal. Estas são
ideias e fórmulas bem conhecidas, mas São Cirilo foi o meio de introdução
de um novo elemento. Mais do que qualquer outro, ele enfatizou que Cristo
ofereceu a si mesmo para morrer, livremente e por amor. Ele também adiciona que sua dignidade como o Filho de Deus dá ao seu
sacrifício um valor infinito. Numa palavra, parece que para São Cirilo, o
mistério da expiação reside na alma e na pessoa do Redentor. (Rivière, p. 200)
A
citação de Cirilo é interessante porque alude ao dilema divino, na qual Deus
expressa amor, justiça e misericórdia na cruz de Cristo. O teólogo grego afirma
que havia uma sentença contra nós e que Deus escolheu executá-la. Ou seja, se a
sentença foi executada em Cristo, segue-se que ele foi punido por nossa causa.
Se eliminamos o aspecto penal da obra de Cristo, nenhuma sentença teria sido
executada. Contudo, o ponto mais importante da obra de Cirilo é a afirmação do
valor infinito do sacrifício de Cristo. Esta ideia seria grandemente enfatizada
pelos escolásticos e reformadores como uma forma de responder objeções ao conceito
de que Cristo, ao morrer na cruz, satisfez a justiça divina. Alegações como: a
morte de um homem não pode ser uma oferta equivalente a morte de toda a
humanidade, ou Cristo não teria pago a pena devida já que ele passou apenas
três dias morto e não sofreu na mesma medida que pecadores impenitentes
sofreriam. Dessa forma, Cirilo é uma evidência importante desta nuance presente
tanto na teoria da satisfação como na SP. Rivière ainda disse:
No
entanto, quaisquer diferenças que existem entre Cirilo e Eusébio, suas
ideias são no fundo quase as mesmas (...) ambos concordam em fazer nossa
salvação depender da morte de Cristo, pois, por causa dela, e por ela
somente, nós recebemos perdão e reconciliação. (Rivière, p. 201)
Em
suma, Eusébio e Cirilo são importantes antecedentes da SP no século IV. Kelly,
novamente em concordância com Rivière, escreve:
Uma testemunha muito mais representativa da
Soteriologia do período é Cirilo de Jerusalém. Escrevendo para o povo, ele
ressalta a importância singular da paixão. É a cruz que ilumina os ignorantes,
traz livramento àqueles que estão presos pelo pecado e redenção a todos. Ao Se
oferecer como resgate, Cristo aplacou a ira de Deus contra homens
pecadores. Em si mesmo inocente, Ele entregou sua vida por nossos pecados.
Novamente, a ideia é de substituição baseada no
parentesco do Salvador conosco. Na condição de novo Adão, Ele
pôde assumir a responsabilidade por nossos erros. A mais inovadora
contribuição e Cirilo é a sugestão de que a eficácia universal de seu sacrifício é
explicada pelo valor imensurável ligado à Sua pessoa. (Kelly, p. 292)
Gregório de Nissa (330-395)
Gregório é um caso curioso, pois ele seguiu uma
versão modificada da teoria do resgate. Kelly explica:
O diabo, portanto, tinha
direito a uma compensação adequada pela libertação do homem, e seria injusto e
tirânico se Deus exercesse uma força irresistível. Por isso, Ele lhe
ofereceu o homem Jesus como resgate. Quando Satanás O viu, assim nascido de uma
virgem e reconhecido como operador de milagres, ele decidiu que a troca lhe
traria vantagens. O que ele não conseguiu perceber foi que a capa exterior
de carne humana escondia a divindade imortal. Por isso, quando o diabo
aceitou Jesus em troca da humanidade, ele não conseguiu retê-lo; foi
enganado e fisgado, como acontece com um peixe apanhado pela isca que esconde o
anzol.
(Kelly, p. 290)
Ele também defendeu a teoria física, já mencionada
por Kelly, em termos muito parecidos com os utilizados por Atanásio. No
entanto, ele também expressou a teoria realista, ao enxergar a morte de Cristo
como um sacrifício substitutivo. Ou seja, num mesmo autor, temos a presença das
três principais teorias expiatórias do período. Rivière disse:
Em São Gregório,
como em Atanásio, em palavras similares, nós encontramos expresso a ideia de
substituição: “Cristo é o nosso redentor porque ele deu a si mesmo como
resgate por nós. Assim, nós não mais pertencemos a nós mesmos, nós somos
propriedade dele que nos comprou pelo preço de sua vida” [De perf.Christiani forma. PG XLVI, Col. 261-262] (...) Em outros lugares, encontramos ideias similares expressas na
figura dos sacrifícios antigos. Cristo é o cordeiro pascal morto por nós.
Ele ofereceu a si mesmo como uma vítima por nós [Ibid., Col. 264]. Uma
grande porção do sermão De Occursu Domini é sobre este tema. Ele mostra que os
sacrifícios sangrentos da Lei antiga eram apenas figuras imperfeitas do
sacrifício de Cristo, o único que era santo, eficaz e final. Pois “Cristo é o sacerdote
santo, inocente, sem mácula e sem pecado que ofereceu a si mesmo a Deus no
nome e no lugar da humanidade (...) Por isto, ele se tornou o resgate de
muitos ou resgate de todas as nações” [De Occursu Domini – PG XLVI; Col.
1161-1164 ]. (Rivière,
p. 184)
O uso do termo resgate pode causar a impressão de que
Gregório está a se referir a teoria do resgate. No entanto, observe, que no
contexto, Cristo oferece a si mesmo a Deus e não a Satanás. Rivière prossegue:
Este sacrifício era igualmente expiatório. Nas Palavras de São Paulo, Gregório lembra que Cristo é nossa
propiciação em seu sangue (De perf. Christiani forma) e que “Cristo se
tornou homem, destruiu nosso inimigo – o pecado, e nos reconciliou ao Pai” (De
Occursu Domini – PG XLVI; Col. 1173).
Gregório, em outro lugar, argumentando contra os arianos, explica que
ele não atribui sofrimento a natureza divina do Verbo. É em sua natureza humana
que ele é o nosso sacerdote, pois “com o seu próprio sangue Ele apresentou a
sacerdotal expiação pelos nossos pecados (...) Ele sacrificou seu próprio
corpo pelo pecado do mundo (...) Ele se humilhou na forma de um servo e
ofereceu a si mesmo como sacrifício por nós [Contra Eunômio 6:2]. (Rivière, p. 185)
Este aspecto sacrificial fica ainda mais explícito
nas seguintes palavras de Gregório:
Ele não é bom? Que
por tua causa assumiu a forma de servo, e que ao invés da alegria que era dele,
expiou os sofrimentos do teu pecado, e deu a Si mesmo em troca da tua
morte, e estava disposto a fazer de si próprio maldição e pecado? (Contra Eunômio 11:1)
Na mesma obra:
Ele que não conheceu
pecado fez a si mesmo pecado por nossa causa e tirou de nós a maldição
colocando-a sobre si mesmo. (Contra Eunômio 12:1)
Em
todas estas citações, a maldição tem um contexto penal. A maldição é uma
punição pelo pecado. Dessa forma, segundo Gregório, Cristo foi punido por nosso
pecado.
Basílio de Cesareia (330-379)
Rivière escreveu sobre
Basílio:
Ele
também fala da expiação do pecado e está consciente do mérito salutar da morte
de Cristo. Ele a vê como um sacrifício: “O filho de Deus deu sua vida
pelo mundo quando Ele ofereceu a si mesmo para Deus como uma vítima pelos
nossos pecados” [Comentários sobre os Salmos 28:5].
Novamente, combinando Isaías com São Paulo, ele lida com o aspecto penal
expiatório da morte de Cristo: “Ele tomou sobre si nossas fraquezas e
carregou nossas desgraças. Ele foi ferido por nós para que pudéssemos
ser curados por suas feridas. Ele nos livrou da maldição ao se tornar
maldição em nosso lugar. Ele sofreu por nós uma morte vergonhosa
para nos trazer a vida eterna” [Reguale Fusius Tractatae, Interrogatio 2:4].
Porém,
de longe, a passagem mais importante ocorre no comentário de São Basílio sobre
o Salmo 43, onde ele examina as condições de nossa salvação e conclui mostrando
que elas não poderiam ter sido satisfeitas se não fosse por Deus: “Longe do
homem ser capaz de redimir seu irmão, pois ele é incapaz de propiciar a Deus
pelos seus próprios pecados”. A razão é precisamente porque ele mesmo é um
pecador: “Moisés não livrou seu povo do pecado. Ele era incapaz de oferecer
expiação por si mesmo quando ele estava em pecado. Assim, não é do homem que
devemos esperar esta expiação, mas daquele que supera nossa natureza – Jesus
Cristo o Deus Homem, o único que pode oferecer expiação por todos nós”
[Comentário sobre os Salmos 48:3-4]. (Rivière, p. 204-205)
Podemos
extrair que a morte de Cristo foi um sacrifício penal e propiciatório. Além
disso, ele enfatiza que apenas uma pessoa divina poderia realizar tal
sacrifício, pois o homem não poderia propiciar nem seus próprios pecados,
quanto mais os alheios – uma ideia recorrente nos Pais da Igreja deste período.
É interessante que na mesma obra citada, Basílio também aponta a divindade de
Cristo como condição para que o Diabo aceitasse a oferta de resgate. Novamente,
vemos um Pai da Igreja afirmando a teoria do resgate sem desconsiderar a morte
de Cristo como um sacrifício que satisfaz a Deus. Kelly comentou:
Ensino semelhante aparece em Basílio, Gregório de Nazianzo e João Crisóstomo. O
primeiro dos três fala do Filho de Deus que dá Sua vida ao mundo "quando
Ele Se ofereceu como sacrifício e oblação a Deus por causa de nossos
pecados". (Kelly, p.
292)
Quando
diz “ensino semelhante”, Kelly se refere ao ensino de Cirilo de Jerusalém, a
quem ele considera o principal expoente da teoria realista no séc. IV. Esta
teoria é a que mais se aproxima de uma explicação que considera o elemento
substitutivo e penal da obra de Cristo.
Gregório Nazianzo (329-390)
Rivière novamente sobre
Gregório:
Sua
morte é também vista como um sacrifício, um voluntário, mas
verdadeiro sacrifício, de fato o único sacrifício verdadeiro, e que foi
prefigurado pelos ritos do Antigo Testamento [Oração 1:7].
Gregório esbraveja sua ira contra Juliano o apóstata: “Tu irias se levantar com teus sacrifícios contra o sacrifício de Cristo?
Com o sangue das tuas vítimas contra
aquele sangue que limpou o mundo?”
[Oração 4:68].
Se o nosso salvador queria morrer, Ele o fez tão livremente e generosamente
para expiar nossos pecados: “Ele fez a si mesmo homem por nós. Ele tomou a
forma de um servo. Ele foi morto pelos nossos pecados (...) E ele fez
tudo isso, embora ele pudesse, como Deus, ter nos salvado por um simples ato
de sua vontade” [Oração 19:13]. (Rivière, p. 206-207)
Esta
última citação trazida por Riviére é interessante porque aborda a necessidade
da morte de Cristo para a nossa salvação. Gregório considera que Deus escolheu
nos salvar através da cruz, mas ele poderia ter nos salvado por um simples ato
de vontade. De toda a forma, ele vê a morte de Cristo como causa de nossa
salvação. Rivière traz mais citações onde o aspecto substitutivo da morte de
Cristo é enfatizado por Gregório:
Mais
adiante, Gregório aponta para o mistério da substituição que é envolvido
na morte de Cristo: “Ele que destruiu minha maldição foi chamado de maldito.
Ele que tira o pecado do mundo foi chamado de pecado. Ele se tornou um
novo Adão para tomar o lugar do antigo, assim como tornou sua a minha
própria desobediência, como cabeça de todo o corpo. Na cruz, não foi Ele
que foi abandonado. Ele ocupou nossa posição. Nós éramos quem fomos
abandonados e pisados. Ele nos salvou pelos seus sofrimentos, pois ele tornou
seus os nossos próprios pecados” [Oração 30:5].
Para expressar o quanto Cristo se tornou como nós ao se tornar todas as coisas
para todos, Gregório não encontra na língua grega palavras suficientemente
fortes, então ele cunha duas novas: “Ele se tornou o próprio pecado e a
própria maldição” [Oração 37:1].
Como isto poderia acontecer já que nosso pecado deveria ser destruído por tal
expiação? “O salvador tomo isto com ele na cruz, a fim de colocá-lo para
morrer” [Oração 4:78] e “Ele foi crucificado, mas ao mesmo tempo crucificou
nossos pecados” [Oração 38:16] [ (Riviére, p. 208)
Aqui,
vemos substituição e uma ideia de imputação, pois Cristo assume nosso pecado,
bem como nossa maldição e desobediência. Expiação dos pecados acontece na cruz
quando Cristo os crucifica em si mesmo. Gregório também se notabilizou por ser
contra a teoria do resgate pago a Satanás. Kelly comenta e traz as respectivas
citações:
Gregório
de Nazianzo submeteu a uma crítica importante e extremamente demolidora todo o
conceito de direitos pertencentes ao diabo e de o Filho de Deus sendo entregue
a ele. Ele comentou: "Vale a pena observar um ponto doutrinário, por
muitos ignorado, mas que a mim parece merecer exame. Por quem e com que
objetivo foi derramado o sangue vertido por nós, o eminente e famoso sangue de
Deus, nosso sumo sacerdote e sacrifício? Devemos reconhecer que éramos
mantidos cativos pelo diabo, tendo sido vendidos sob o pecado e abdicado de
nossa felicidade em troca da perversidade. Mas se o resgaste pertence
exclusivamente àquele que mantém cativo o prisioneiro, eu indago a quem o resgate
foi pago, e por quê. Se foi ao diabo, como seria vergonhoso que o ladrão
recebesse de Deus não apenas um resgate, mas um resgate que consistia no
próprio Deus, e que um preço tão absurdo fosse pago à tirania do diabo para que
ele justificadamente nos poupasse!" [Oração 45:22] (Kelly,
p. 291)
Encerramos aqui esta parte. Na próxima, continuaremos nossa investigação nos Pais Gregos do séc. V até VIII.
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