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terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Roma e Seu Novo Conceito de Tradição

por William Webster

Na história do dogma católico romano, pode-se traçar uma evolução na teoria da tradição. Havia dois princípios patrísticos fundamentais que guiaram a abordagem da Igreja primitiva sobre o dogma. O primeiro foi o Sola Scriptura em que os pais viam a Escritura como materialmente e formalmente suficiente. Era materialmente suficiente porque era a única fonte infalível de doutrina e a autoridade final em todas as controvérsias doutrinárias. Era necessário que todos os ensinamentos doutrinários fossem comprovados pela Escritura. Tomás de Aquino articulou essa visão patrística, quando afirmou que a Escritura canônica por si só é a regra de fé (sola scriptura canonica est regula fidei) [1]. Além disso, eles ensinaram que as verdades essenciais da Escritura eram perspicazes, ou seja, estavam claramente reveladas na Escritura, de modo que, pela capacitação do Espírito Santo por si só, o indivíduo poderia chegar ao entendimento das verdades fundamentais da salvação.

O segundo é o princípio enunciado pelos Concílios de Trento (1546-1562) e do Vaticano I (1870) consagrados na frase "o consentimento unânime dos pais". Esse é um princípio que supostamente olha para o passado para validação de seus ensinamentos presentes especialmente no tocante à interpretação das Escrituras. Trento inicialmente promulgou este princípio como um meio de luta contra os ensinamentos da Reforma para fazer parecer que as doutrinas dos reformadores eram inovações heréticas, enquanto as de Roma estavam enraizadas na continuidade histórica. É importante notar que Trento apenas afirmou a existência do princípio sem fornecer provas documentais de sua validade. O Concílio Vaticano I meramente reafirmou o princípio como decretado por Trento. Suas raízes históricas remontam a Vicente de Lérins, no século V, que foi o primeiro a dar-lhe definição formal quando afirmou que a doutrina apostólica e católica poderia ser identificada pelo seguinte critério: Foi um ensinamento acreditado em todos os lugares, sempre e por todos (ubique quod, quod semper, quod est ab omnibus creditum) [2]. Em outras palavras, o princípio de um acordo unânime, abrangente e universal (acreditado em todos os lugares), a antiguidade (acreditado sempre) e consentimento (acreditado por todos). Vicente prontamente concordou com o princípio da Sola Scriptura, ou seja, que a Escritura era suficiente como fonte de verdade. Mas ele estava preocupado sobre como determinar se uma doutrina era verdadeiramente apostólica e católica. Essa foi a posição oficial da Igreja imediatamente subseqüente a Vicente durante a Idade Média e durante os séculos posteriores a Trento. Mas esse princípio, enquanto totalmente abraçado por Trento e  Vaticano I, tem sido abandonado hoje por Roma no sentido prático e formal. Isso é devido ao fato de que os ensinamentos de Roma, após análise histórica, não passam no teste do consentimento unânime. Alguns historiadores católicos romanos são honestos na avaliação. O patrologista Boniface Ramsey, por exemplo, honestamente admite que os atuais ensinamentos católicos sobre Maria e o papado não foram ensinados no início da Igreja:

Por vezes, então, os Pais falam e escrevem de uma forma que acabaria por ser vista como não ortodoxa. Mas isto não é a única dificuldade no que diz respeito ao critério de ortodoxia. O outro é que nós olhamos em vão em muitos dos Pais para encontrar referências ao que muitos cristãos acreditam hoje. Nós não encontramos, por exemplo, alguns ensinamentos sobre Maria ou o papado que foi desenvolvido em épocas medievais e modernas [3].

Essa falta de consenso patrístico levou Roma a abraçar uma nova teoria no final do século XIX para explicar seus ensinamentos - a teoria iniciada por John Henry Newman conhecida como o desenvolvimento da doutrina. À luz da realidade histórica, Newman tinha chegado à conclusão de que o princípio vicentino do consentimento unânime era impraticável, porque, para todos os efeitos práticos, era inexistente. Para citar Newman:

Não parece possível, então, evitar a conclusão de que, qualquer que seja a chave apropriada para harmonizar os registros e documentos da Igreja Primitiva e da Igreja mais tardia e considerando como verdadeiro o ditado de Vicente, deve ser considerado em abstrato, e como possível a sua aplicação em sua própria época, quando ele quase poderia pedir aos séculos primitivos o seu testemunho. Isso dificilmente está disponível agora, ou efetivo para qualquer resultado satisfatório. A solução que ele oferece é tão difícil quanto o problema original [4].

O problema óbvio com a análise e conclusão de Newman é que ele vai contra os decretos de Trento e Vaticano I, os quais decretaram que o consentimento unânime dos pais existe. Mas, para contornar a falta de testemunho patrístico aos distintos dogmas católicos romanos, Newman estabeleceu sua teoria do desenvolvimento, que foi abraçada pela Igreja Católica Romana. Ironicamente, essa é uma teoria que, como o consentimento unânime, tem suas raízes no ensino de Vicente de Lérins, que também promulgou um conceito de desenvolvimento. Ao rejeitar a regra de universalidade, antiguidade e consentimento de Vicente, Roma, através de Newman, mais uma vez voltou-se para Vicente para validação de sua nova teoria da tradição e história. Mas enquanto Roma e Vicente ambos usaram o termo desenvolvimento, eles estão à milhas de distância em sua compreensão do significado do princípio. Em seu ensino, Vicente delineia os seguintes parâmetros para o verdadeiro desenvolvimento da doutrina:

Mas alguém dirá, talvez suceda não haver progresso na Igreja de Cristo? Certamente, todo o progresso possível. Por qual havendo, então, inveja dos homens, tão cheio de ódio a Deus, quem tentaria proibi-lo? No entanto, desde que se trate de um progresso real, e não uma alteração da fé. O progresso exige que o sujeito seja ampliado em si e a alteração que ele seja transformado em outra coisa. A inteligência, o conhecimento, a sabedoria, bem como do indivíduo assim como de todos, bem como de um homem assim como de toda a Igreja, deveria, no curso dos séculos e séculos, aumentar e progredir vigorosamente; mas ainda apenas em sua própria espécie; isso é, na mesma doutrina, no mesmo sentido, e no mesmo significado [5].

Primeiro, Vicente está dizendo que o desenvolvimento doutrinal deve estar enraizado no princípio do consentimento unânime. Ou seja, ele deve estar relacionado às doutrinas que foram claramente ensinadas ao longo dos séculos da Igreja. Em outras palavras, o verdadeiro desenvolvimento deve demonstrar raízes históricas. Qualquer ensino que não pede demonstrar sua autoridade nas Escrituras e nos ensinamentos da Igreja universal deveria ser repudiado como inovação e, portanto, não verdadeiramente católico. Era para ser considerado herético. Esse é o ponto de toda a crítica de Vicente a hereges como Celestius e Pelágio. Ele diz: "Quem antes de seu (Pelágio) discípulo monstruoso Celestius, negou que toda a raça humana está envolvida na culpa do pecado de Adão?" [6]. Seus ensinamentos, que eram uma negação do pecado original, eram inovações. Não poderiam demonstrar continuidade histórica e, portanto, eram heréticos.

Mas, com Newman, Roma redefiniu a teoria do desenvolvimento e promoveu um novo conceito de tradição. Um que foi verdadeiramente novo. Verdadeiramente novo no sentido de que era completamente estranho à perspectiva de Vicente e dos teólogos de Trento e Vaticano I que falaram do consentimento unânime dos pais. Esses dois Concílios afirmam que há uma clara continuidade entre seu ensino e a história da Igreja antiga que os precedeu (se isso é realmente verdade é outra coisa). A continuidade que eles poderiam alegar poderia ser documentada pelo ensino explícito dos pais da Igreja em sua interpretação da Escritura e em sua prática. O Concílio Vaticano I, por exemplo, ensina que o papado foi completamente acreditado desde o início e, portanto, não sujeito a uma evolução ao longo do tempo. Nessa nova teoria, Roma deixou o princípio do desenvolvimento histórico como articulado por Vicente e, para todos os efeitos práticos, eliminou a necessidade de validação histórica. Ela agora alega que não era necessário que uma doutrina particular fosse ensinada explicitamente pela Igreja primitiva. Na verdade, os historiadores católicos romanos admitem prontamente que doutrinas como a assunção de Maria e infalibilidade papal eram completamente desconhecidas no ensino da Igreja primitiva. Se Roma agora ensina a doutrina, dizem-nos que a Igreja primitiva realmente acreditava, só que a ensinava apenas implicitamente. Só mais tarde, depois de muitos séculos, é que se tornou explícito.

A partir desse princípio, foi apenas um pequeno passo na evolução do ensino de Roma sobre Tradição à sua posição atual. Ela substituiu o conceito de tradição pelo de desenvolvimento que é conhecido como "tradição viva". Esse é um conceito que promove a Igreja como uma autoridade infalível, sendo habitada pelo Espírito Santo, que a protege do erro. Portanto, qualquer que seja o ensino do magistério, em qualquer ponto no tempo, deve ser verdade mesmo que careça de apoio histórico ou bíblico. A seguinte declaração do apologista católico romano Karl Keating sobre o ensino da Assunção de Maria é uma ilustração desse ponto. Ele diz que não importa que não haja nenhum ensinamento sobre a Assunção na Escritura, o simples fato de que a Igreja Romana ensina isso é a prova de que é verdadeiro. Assim, os ensinamentos não precisam ser documentados a partir da Escritura:

Ainda assim, os fundamentalistas perguntam, onde está a prova da Escritura? A rigor, não há nenhuma. Foi a Igreja Católica que foi comissionada por Cristo a ensinar a todas as nações e ensiná-los infalivelmente. O simples fato de que a Igreja ensina a doutrina da Assunção como definitivamente verdadeira é uma garantia de que ela é verdadeira [7].

Essa afirmação é um repúdio completo do princípio patrístico de provar toda doutrina pelas Escritura. Tradição significa considerar o passado. Roma mudou o sentido de tradição, pelo qual se provava pelo consentimento patrístico que uma doutrina era parte da verdadeira tradição. Agora adota-se o conceito de tradição viva - o que se diz hoje é verdade, independentemente do testemunho da história. Ela cria tradição em seu ensinamento presente sem apelo ao passado. Parafraseando a linha gnóstica, é viva voz tudo o que dissermos. Outra ilustração dessa realidade refere-se ao ensino da Assunção de Maria do historiador católico romano, o francês Joussard:

Nestas condições não vamos apelar ao pensamento patrístico - como alguns teólogos fazem ainda hoje sob uma forma ou outra - para transmitir, no que diz respeito à assunção, uma verdade recebida como tal no início e fielmente repassada às épocas subsequentes. Tal atitude não caberia aos fatos ... o pensamento patrístico não tem, nesse caso, desempenhado o papel de um fiel instrumento de transmissão [8].

Os editores do livro que fazem referência a essas declarações de Joussard oferecem os seguintes comentários:

Uma palavra de cautela não é impertinente aqui. A investigação dos documentos patrísticos pode muito bem levar o historiador à conclusão: nos primeiros sete ou oito séculos nenhuma tradição histórica confiável sobre a assunção corpórea de Maria é existente, especialmente no Ocidente. A conclusão é legítima; se o historiador parar por aí, alguns nervos teológicos serão tocados. O erro do historiador seria concluir: portanto, nenhuma prova da tradição pode ser apresentada. O método histórico não é o método teológico, nem tradição histórica é sinônimo de tradição dogmática [9].

O método histórico não é o método teológico, nem a tradição histórica é sinônimo de tradição dogmática? Tal ponto de vista é a completa antítese do ensino de Vicente de Lérins e dos Concílios de Trento e Vaticano I. Essa é uma ilustração do conceito de tradição viva. Essa nova perspectiva sobre a tradição também é apresentada pelo teólogo católico romano e cardeal Yves Congar. À luz da falta de apoio histórico para uma série de dogmas católicos, Congar apresenta esta nova abordagem da tradição viva:

Em todas as épocas o consenso dos fiéis, ainda mais o acordo daqueles que são comissionados para ensiná-los, tem sido considerado como uma garantia de verdade: não por causa de alguma mística da votação universal, mas por causa do princípio do Evangelho de que a unanimidade e o companheirismo em matéria cristã exigem e também indicam a intervenção do Espírito Santo. A partir do momento em que o argumento patrístico começou a ser usado em controvérsias dogmáticas, ele apareceu pela primeira vez no segundo século e se tornou comum no quarto século. Teólogos tentaram estabelecer um acordo entre as testemunhas qualificadas da fé, e têm tentado provar a partir desse acordo que esse era de fato a crença da Igreja ... consentimento patrístico unânime como um locus theologicus confiável é clássico na teologia católica; ele tem sido muitas vezes declarado pelo magistério e o seu valor de interpretação bíblica foi especialmente valorizado. A aplicação do princípio é difícil, pelo menos, num certo nível. Em relação aos textos individuais das Escrituras, total consenso patrístico é raro. Na verdade, um consenso completo é desnecessário: muitas vezes, aquilo que é objeto de recurso como suficiente para pontos dogmáticos não vai além do que é encontrado na interpretação de muitos textos. Mas às vezes acontece de alguns Padres terem entendido uma passagem de uma maneira que não vai estar de acordo com o ensinamento da Igreja mais tarde. Um exemplo: a interpretação da confissão de Pedro em Mateus 16: 16-18. Exceto em Roma, esta passagem não foi aplicada pelos Padres ao primado papal; eles trabalhavam fora uma exegese ao nível do seu próprio pensamento eclesiológico, mais antropológica e espiritual do que jurídica. Esse exemplo, selecionado a partir de um número de outros semelhantes, mostra que os primeiro pais não podem ser isolados da igreja e da sua vida. Eles são grandes, mas a Igreja supera-os em idade, como também pela amplitude e riqueza de sua experiência. É a Igreja, e não os pais. O consenso da Igreja, na submissão ao seu Salvador, é a regra suficiente de nosso cristianismo [10].

Congar afirma que o consentimento unânime é a posição clássica na teologia romana. Mas ele honestamente admite que para todos os efeitos práticos, é inexistente. É uma reivindicação que tem sido feita por séculos, mas a falta de validação documental é real. Como Congar diz: "Em relação aos textos individuais das Escrituras, o total consenso patrístico é raro". Ele usa a passagem fundamental para toda a autoridade de Roma como um exemplo, sendo que a passagem da pedra em Mateus 16, no qual ele candidamente admite que a atual interpretação papal contradiz a da época patrística. Mas, de acordo com Congar, o problema não é realmente um problema, porque pode ser contornado através de uma compreensão diferente do consenso. Os Padres devem ser interpretados à luz do ensino atual. Congar diz: "os pais não podem ser isolados da igreja e da sua vida". E por Igreja e sua vida, ele quer dizer a Igreja como ela é hoje. Ele diz: "É a Igreja, e não os pais, o consenso da Igreja, na submissão ao seu Salvador, é a regra suficiente de nosso cristianismo". Em outras palavras, o que importa é o que a Igreja ensina agora. Esse é o critério da verdade e da Tradição, porque a Igreja é viva e a tradição é viva. Ele continua:

Esse exemplo mostra também que não podemos, na doutrinária distinção do nível puramente histórico, tomar as testemunhas da tradição num sentido puramente material: elas devem ser pesadas e avaliadas. O fato material da concordância ou discordância, por mais que extensa, não nos permite falar de um Consensus Patrum ao nível corretamente dogmático, pois os autores estudados em teologia são apenas "Pais" no sentido teológico se eles têm de alguma forma gerado a Igreja que os segue. Agora, pode ser que a semente que será mais frutífera no futuro não é tão explícita assim no presente, e que as linhas da vida e da fé podem não passar pelos grandes doutores em uma determinada instância. Documentação histórica está no nível concreto; ela deve deixar espaço ou um julgamento tomado não somente à luz das provas documentais, mas também da fé da Igreja [11].

Observe atentamente as duas últimas frases do referido parágrafo. Congar postula que, no futuro, a Igreja poderá estar ensinando doutrinas que são completamente desconhecidas hoje e que, portanto, não será capaz de ser documentada historicamente. Como ele diz: "as linhas da vida e da fé podem não passar pelos grandes doutores em uma determinada instância. Documentação histórica está no nível concreto; ela deve deixar espaço ou um julgamento tomado não somente à luz das provas documentais, mas também da fé da Igreja". Em outras palavras, a verdade da história eclesiástica deve ser vista através das lentes de qualquer que seja a fé da Igreja no momento presente.

Esse efeito corta a Igreja de qualquer tipo de continuidade. Ele permite à Igreja ignorar convenientemente o testemunho da história e das Escrituras em favor de uma evolução dinâmica da autoridade de ensino. História em vigor torna-se irrelevante e toda a conversa do consentimento unânime dos pais fica sendo meramente uma relíquia da história. Isso nos leva ao lugar onde a fé é colocada cegamente na instituição da Igreja. Na realidade, Roma abandonou o argumento da história e está defendendo a viva voz do atual magistério da Igreja, o que equivale a uma carta branca para qualquer ensino que Roma desejar. Isso nunca foi tão descaradamente admitido e expresso como pelo Cardeal Arcebispo de Westminster, Henry Edward Manning (1808-1892), que foi um dos principais defensores da infalibilidade papal no Concílio Vaticano I. Suas palavras são a expressão da Sola Ecclesia:

Mas o apelo à antiguidade é tanto uma traição como uma heresia. É uma traição porque rejeita a voz divina da Igreja nesta hora, e uma heresia porque nega que a voz pode ser divina. Como podemos saber o que era a antiguidade, senão por intermédio da Igreja? ... Eu posso dizer na verdade estrita que a Igreja não tem antiguidade. Ela repousa sobre sua própria consciência sobrenatural e perpétua. . . . A única evidência divina para nós do que era primitivo é o testemunho e a voz da Igreja nesta hora [12].

Então, na verdade, o novo ensino de tradição em Roma já não é de continuidade com o passado, mas a tradição viva, ou de viva voz - tudo o que dissermos. Em vez de Sola Scriptura, o princípio unânime da autoridade enunciado pela Escritura e pelos pais da Igreja, agora temos Sola Ecclesia, a submissão cega a uma instituição que reivindica uma autoridade não provada pelas Escrituras ou pela história. O que Roma exige é tecnicamente conhecido como fé dogmática. Essa é a fé que se submete completamente a tudo o que a Igreja de Roma define oficialmente como dogma. Recusar tais ensinamentos resulta em anátema e perda da salvação, pois se um católico romano não tem fé dogmática, ele não pode ter a fé salvadora, de acordo com a visão da Igreja. A visão de Roma é baseada no pressuposto de que a Igreja é habitada pelo Espírito Santo, sendo infalível. Ela não pode errar. Mas o pressuposto está errado. Historicamente, a Igreja Romana tem claramente comprovado que comete erros, portanto, bastante falível. Seu evangelho é um repúdio ao evangelho bíblico.

Esse é o lugar aonde chegamos quando o princípio da sola Scriptura é repudiado em prol do conceito de tradição viva e magistério infalível - a adoção de ensinamentos que não são apenas ausentes nas Escrituras ou no ensino da Igreja primitiva, mas são contrários a eles.

Referências

[1] Deve-se notar que, embora muitos possam escrever a respeito da verdade católica, existe essa diferença entre aqueles que escreveram a Escritura canônica, os evangelistas e apóstolos, e outros deste tipo, que tão constantemente afirmam que eles não deixam margem para dúvidas. Esse é o seu significado quando ele diz "nós sabemos que seu testemunho é verdadeiro". Gálatas 1: 9: "Se alguém pregar um outro evangelho a vocês diferente daquele que receberam, seja anátema!" A razão é que só a Escritura canônica é a regra de fé. Outros, contudo, assim escreveram sobre a verdade de que eles não devem ser cridos exceto na medida em que dizem coisas verdadeiras. O comentário de Tomás no Evangelho de João, S. Super Evangelium Ioannis Lectura, ed P. Raphaelis Cai, OP, Editio V Revisa (Romae..: Marietti E ditori Ltd., 1952) 2656, p. 488 n.

Texto Latino: Notandum autem, quod cum vários scriberent de catholica veritate, haec est differentia, quia illi, qui scripserunt canonicam Scripturam, sicut et Evangelística Apostoli, et alii huiusmodi, ita constanter eam asserunt quod nihil dubitandum relinquunt. Et ideo dicit Et scimus quia verum est testimonium eius; Gal. I, 9: Si quis vobis evangelizaverit praeter id quod accepistis, anátema sentar. Cuius relação est, quia sola scriptura canonica est regula fidei. Alii autem sic edisserunt de veritate, quod nolunt credi sibi nisi em sua quae ver dicunt.

[2] Philip Schaff and Henry Wace, Nicece and Post-Nicene Fathers (Grand Rapids: Eerdmans, 1955), Series II, Volume XI, Vincent of Lerins, A Commonitory 2.4-6.

[3] Boniface Ramsey, Beginning to Read the Fathers (London: Darton, Longman & Todd, 1986), p. 6.

[4] John Henry Newman, An Essay on the Development of Christian Doctrine (New York: Longmans, Green and Co., reprinted 1927), p. 27.
[5] Nicece and Post-Nicene Fathers (Grand Rapids: Eerdmans, 1955), Series II, Volume XI, Vincent of Lerins, A Commonitory 23.54.

[6] Nicene and Post-Nicene Fathers (Grand Rapids: Eerdmans, 1955), Volume XI, Vincent of Lerins, A Commonitory, Chapter XXIV.62.

[7] Karl Keating, Catholicism and Fundamentalism (San Francisco: Ignatius, 1988), p. 275.

[8] Joussard, L'Assomption coropelle, pp. 115-116. Cited by Juniper B. Carol, O.F.M., ed., Mariology, Vol. I (Milwaukee: Bruce, 1955), p. 154. Juniper B. Carol, O.F.M., ed., Mariology, Vol. I (Milwaukee: Bruce, 1955), p. 154.

[9] Juniper B. Carol, O.F.M., ed., Mariology, Vol. I (Milwaukee: Bruce, 1955), p. 154.

[10] Yves Congar, Tradition and Traditions (New York: Macmillan Company, 1966), pp. 397-400.

[11] Ibid.

[12] Henry Edward Manning, The Temporal Mission of the Holy Ghost: Or Reason and Revelation (New York: J.P. Kenedy & Sons, originally written 1865, reprinted with no date), pp. 227-228.

Traduzido do artigo online aqui.

5 comentários:

  1. Brilhante esta exposição. Não dá para os católicos correrem nem para um lado, nem para outro. A verdade está do lado de quem está do lado da Sagrada Escritura.

    Abraço.

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    1. Exatamente David,

      As peculiares doutrinas de Roma não são apenas contrárias à Escritura, o que seria suficiente para encerrar o debate, mas elas também não possuem fundamentação histórica.

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  2. Congar: "pode ser que a semente que será mais frutífera no futuro não é tão explícita assim no presente"

    Webster interpretando Congar: "Congar postula que, no futuro, a Igreja poderá estar ensinando doutrinas que são completamente desconhecidas hoje"

    Vexatório!!!

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    1. Pelo contrário, a afirmação de Webster é legítima apresentação da teoria do desenvolvimento da doutrina abraçada por Roma.

      Uma árvore não é uma semente. Dessa forma, Coongar e Schatz por exemplo não tem nenhuma problema em admitir que doutrinas como Assunção de Maria e papado não foram criadas pela Igreja por séculos. Só depois de séculos de reflexão é que tais ideias emergiram e se tornaram dogmas.

      Isso implica que no futuro a Igreja Romana pode dogmatizar ideias que os católicos de hoje e do passado não sustentavam.

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    2. Pouco tempo antes do concílio Vaticano I proclamar a infalibilidade papal, saiu um catecismo na Irlanda ponde se diz que a infalibilidade papal era uma invenção protestante.

      O futuro do romanismo é um livro aberto, uma incógnita, é um desenvolvimento infinito sem direção definida.

      Como disse uma vez um papa "A Tradição sou eu".

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