A Igreja Romana defende que após as
palavras do sacerdote, os elementos pão e vinho se transformam literalmente no
corpo e sangue de Cristo. O Concílio de Trento declara:
"Se
alguém negar que no Santíssimo Sacramento da Eucaristia está contido verdadeira, real e substancialmente
o corpo e sangue juntamente com a alma e divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo,
e por conseguinte o Cristo todo, e disser que somente está nele como sinal,
figura ou virtude — seja excomungado" (Concílio de Trento, Cânones Sobre a
Santíssima Eucaristia)
"Se
alguém negar que aquilo que se oferece na missa não é Cristo para ser comido, seja excomungado" (Concílio de
Trento, citado em A Igreja que veio de Roma, op. cit., p. 127)
Abaixo, veremos as razões para rejeitar
essa doutrina. Além disso, pretendo mostrar a inconsistência dos argumentos
católicos em favor dela. Quando se trata da Eucaristia, o texto bíblico mais
citado é João 6. Por isso, fiz um artigo à parte sobre essa passagem que pode
ser acessado aqui. O sacrifício da missa também foi
tratado num artigo a parte aqui.
1 – Em nenhum lugar a Escritura diz que
o pão deixou de ser pão ou o vinho de ser vinho. Católicos dizem que estão
apenas tomando literalmente as palavras de Jesus “Isto é o meu corpo” e “Isto é
o meu sangue”. Porém, a Igreja Romana diz que o vinho se transforma no corpo de
Cristo junto com a sua alma e divindade. Assim, eles não estão compreendendo
literalmente as palavras “isto é meu sangue” que seria dizer que o vinho se
transforma no sangue e não no corpo de Cristo. De uma perspectiva simbólica, não
há esse problema. Ao dizer essas palavras, Cristo queria dizer que simbolizava
o seu sangue que seria derramado e seu corpo que seria morto pelos pecadores.
2 – A evidência histórica é esmagadora
contra o ensino do Concílio de Trento. Absolutamente nenhum Pai da Igreja
ensinou que:
(a) O
pão deixa de existir e se torna real e substancialmente o corpo e sangue
juntamente com a alma e divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo;
(b) O
vinho deixa de existir e se torna real e substancialmente o corpo e sangue
juntamente com a alma e divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Já
tratamos em detalhes deste assunto. Aqui foi mostrado que vários pais da Igreja rejeitaram a transubstanciação e a
doutrina da missa como reapresentação do sacrifício de Cristo.
3 – Não
há evidência de que as palavras de Jesus devem ser tomadas literalmente. Em
Mateus 26:29 após dizer “Isto é meu corpo” e “Isto é meu sangue”, Jesus se
refere ao elemento já consagrado como “fruto da videira” e “vinho novo”. Se o
vinho se transformou no seu corpo, Cristo iria se referir ao elemento como seu
corpo e não mais como vinho. Católicos geralmente alegam que Cristo não disse
“isto é como meu corpo”, portanto, suas palavras devem ser literais. Neste caso
é preciso saber diferenciar metáfora de comparação. A comparação é expressa por
alguma palavra, a mais comum é “como”. Já a metáfora não, pode-se dizer que ela
é uma comparação implícita compreendida pelo contexto.
Os
Evangelhos mostram que Jesus frequentemente usava metáforas em seus
ensinamentos. Ele diz ser uma porta (Jo 10:7), um pastor (Jo 10:11), a videira
verdadeira (Jo 15:1), um poço de água (Jo 4), a luz (Jo 8:12). Esses são apenas
alguns exemplos. Interessa notar que esta linguagem metafórica é abundante no
Evangelho de João. Em todos esses casos, não há palavras explícitas
demonstrando o caráter metafórico, ainda assim, não devem ser tomadas de forma
literal.
4 – Em
1 Coríntios 11, Paulo se refere aos elementos consagrados como pão e vinho. Ele
também diz que Jesus instituiu a ceia como um memorial. Este é o significado da
Ceia do Senhor – um memorial do seu sacrifício salvador. Não há fundamento na
teologia paulina para a transubstanciação.
5 –
Não há indício de que os discípulos tenham pensando que os elementos se
transformaram no corpo de Cristo. Quando Jesus disse “isto é meu corpo”, ele
estava fisicamente presente e os discípulos podiam vê-lo. Eles podiam diferenciar
perfeitamente o que era o corpo de Cristo e o que era pão. Como Cristo poderia
usar suas mãos para segurar seu próprio corpo (pão)? Imagine o quão confuso um
ensinamento como esse poderia ser para um Judeu do século I. Se a
transubstanciação foi ensinada, seria de se esperar pedidos e mais pedidos de
explicações pelos discípulos. Porém, se eles entenderam simbolicamente as
palavras de Cristo como em várias outras passagens dos Evangelhos, não se
esperaria explicações adicionais.
6 –
Não há evidência no Novo Testamentou ou nos primeiros séculos da Igreja de
adoração dos elementos eucarísticos. Se alguém crê que uma determinada
substância deixa de existir e ali passar a estar o corpo de Cristo, junto com
sua alma e divindade, a adoração desta nova substância seria um passo
natural.
7 –
Transubstanciação implica em canibalismo. Se o pão se transforma
verdadeiramente no corpo de Cristo, e este corpo será comido pelos comungantes,
o canibalismo é inevitável. Os católicos podem alegar que não acreditam estar
mordendo os membros do corpo de Cristo ou comendo sua carne como um canibal
faria. Porém, isso não muda o fato de que substancialmente o que há ali é o corpo
de Jesus que será ingerido pelos fiéis.
A
Escritura retrata o canibalismo como uma punição àqueles que desobedecem a
Deus. Se uma doutrina como a transubstanciação fizesse parte da fé apostólica,
esperar-se-ia maiores esclarecimentos no Novo Testamento. Seria uma prática
muita semelhante às práticas pagãs e de difícil aceitação para um judeu. No
entanto, não há sequer menção a qualquer resistência por parte dos Judeus em
relação a isso. Eles consideram o Cristianismo blasfemo por declarar que Jesus
era o Filho de Deus morto na cruz, mas não acusaram a Ceia do Senhor de
blasfêmia.
Na angústia do assédio com que o teu
inimigo te apertar, irás comer o fruto do teu ventre: a carne dos filhos e
filhas que o Senhor teu Deus te houver dado. (Deuteronômio 28:53)
Eu farei que eles devorem a carne de
seus filhos e a carne de suas filhas; eles se devorarão mutuamente na angustia
e na necessidade com que os oprimem os seus inimigos e aqueles que atentam
contra a sua vida. (Jeremias 19:9)
8 – É
uma violação da Lei. Em Levítico 17:14: “porque
a vida de toda carne é o seu sangue. Por isso eu disse aos israelitas: vocês
não poderão comer o sangue de nenhum animal, porque a vida de toda carne é o
seu sangue; todo aquele que o comer será eliminado.”
O
católico pode alegar que essa Lei Levítica não obriga os cristãos da nova aliança.
Mas em Atos 15:29, os apóstolos pedem que os gentios se abstenham do sangue.
Como eles poderiam dar este tipo de orientação se ensinassem que a Ceia do
Senhor consistia em realmente ingerir o sangue de Cristo? No mínimo, a carta
enviada às Igrejas gentílicas deveria esclarecer de que forma esta proibição
não atinge a eucaristia.
9 –
É uma crença ilógica. Imagine que seu amigo que estava com um tumor maligno lhe
dissesse que foi milagrosamente curado. Você obviamente ficaria feliz e
esperaria que os novos exames não indicassem mais a presença do tumor. Porém
ele diz que o tumor continua lá, tudo continua como antes. Você pensaria que ele está enganado e que um
milagre não aconteceu de fato. O mesmo raciocínio se aplica a alegação
católica. O pão e o vinho continuam tendo o mesmo gosto, cheiro e aparência de
antes. Apesar disso, o católico alega que o pão é verdadeiramente o corpo de
Cristo.
Em
outras palavras, não há evidência alguma de um milagre, tudo o que os nossos
sentidos e razão conseguem apreender continua igual, mas você deve acreditar
que ali está o corpo de Cristo, sob pena de estar cometendo pecado mortal. A
transubstanciação é claramente um falso milagre. Jesus realizou muitos
milagres, um deles foi transformar água em vinho, as pessoas podiam perceber as
evidências físicas da transformação. O objetivo principal dos milagres era
testificar a mensagem de Jesus, os Evangelhos e o Livro de Atos relatam que
muitas pessoas criam na mensagem por conta dos milagres (João 2:23). Se os
milagres de Jesus não pudessem ser evidenciados aos que viam, eles não
cumpririam seus objetivos.
João
20 relata como Jesus apareceu aos discípulos dando provas físicas de que havia
ressuscitado. Tomé, que não estava presente num primeiro momento, disse que
somente acreditaria se pudesse tocá-lo. Jesus então diz no vs. 27: Mete o dedo nas feridas das minhas mãos, e a
mão no meu lado. Não continues descrente. Acredita!. Em absolutamente todos
os milagres, Cristo deu provas cabais do fato. Por que com a eucaristia deveria
ser diferente?
10 –
Transubstanciação implica na crença herética e ilógica de que o Corpo de Cristo
pode estar em vários lugares ao mesmo tempo e ainda ser consumido por milhões
de pessoas.
Jesus
Cristo tem duas naturezas: humana e divina. Ele é plenamente homem e Deus, por
isso é o mediador entre Deus e o homem. Essas duas naturezas não se misturam,
como Deus, ele possui todos os seus atributos como a onipresença. Mas, quando
se encarnou, ele adquiriu um corpo humano como o nosso. Este corpo não pode ter
os atributos incomunicáveis de Deus como a onipresença, caso contrário,
estaríamos incorrendo na heresia monofisista.
O monofisismo diz que Jesus tinha apenas uma natureza – a divina. Sua
natureza humana teria sido absorvida pela divina. O Concílio de Calcedônia em
457 condenou essa heresia afirmando as duas naturezas de Cristo:
"Todos nós, com voz uníssona,
ensinamos a fé num só e mesmo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, sendo o mesmo
perfeito na divindade e o mesmo perfeito na humanidade, o mesmo verdadeiramente
Deus e verdadeiramente homem, com
alma racional e com corpo, da mesma
substância do Pai quanto à divindade e
quanto à humanidade da mesma substância que nós, em tudo semelhante a nós menos no pecado; o mesmo que desde a
eternidade é procedente do Pai por geração quanto à divindade e o mesmo que
quanto à humanidade nos últimos tempos foi gerado pela Virgem Maria, Mãe de
Deus, por nós e nossa salvação; sendo um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor,
Unigênito, que nós reconhecemos com o
existente em duas naturezas, sem confusão, sem mutação e sem divisão, sendo que
a diversidade das naturezas nunca foi eliminada pela união, ao contrário, a
propriedade de cada uma das naturezas ficou intata e ambas se encontram em uma
só pessoa e uma só hipóstase. O Filho não foi dividido ou separado em duas
pessoas, mas é um só e o mesmo a quem chamamos de Filho, Unigênito, Deus,
Verbo, Senhor, Jesus Cristo, como desde o início a respeito dele falaram os
profetas e o próprio Jesus Cristo nos ensinou e como nos foi transmitido pelo
Símbolo dos Padres."
Segundo
o Concílio subscrito pela Igreja Romana e também pelas Igrejas Protestantes
históricas, o corpo de Cristo era semelhante ao nosso em tudo, menos o pecado.
Portanto, se o seu corpo não pode estar em vários lugares ao mesmo tempo
(onipresença), nem pode ser consumido milhões de vezes e continuar intacto, a
transubstanciação incorre numa heresia cristológica. Pode-se dizer também que a
doutrina romana é uma violação da encarnação, o corpo de Cristo passa a ser
divinizado, e não o corpo humano que ele assumiu ao se encarnar.
Desta
forma, em sua divindade, Jesus pode estar presente em vários lugares ao mesmo
tempo, inclusive na eucaristia, mas fisicamente não por todos os motivos já
expostos.
11 –
Outra implicação da transubstanciação é indivisibilidade “divisível” do corpo
de Cristo. O Catecismo afirma:
A presença eucarística de Cristo começa
no momento da consagração e dura também enquanto subsistirem as espécies
eucarísticas. Cristo está presente
inteiro em cada uma das espécies e inteiro em cada uma das partes delas, de
maneira que a fração do pão não divide o Cristo. (Catecismo da Igreja Católica
§ 1373-1377)
O
catecismo afirmou duas verdades mutuamente excludentes. Se o pão se converte no
corpo inteiro de Cristo, como o fragmento deste mesmo pão pode conter o corpo
inteiro de Cristo? Esta ideia leva a consequências absurdas. Por mais cuidadoso
que alguém seja ao manusear o pão, é bem provável que algum fragmento não seja
ingerido. E esse fragmento é o corpo de Cristo que poderá ser pisado, comido
por animais, vomitado e todas as outras coisas imagináveis. Por que Deus
exporia o corpo do seu filho à desonra dessa forma?
12 –
As palavras "Este é o meu corpo, este é o meu sangue" se transformam numa
fórmula mágica ou encantamento alquímico para a conversão de uma substância em
outra. Onde está a "epiclese" em Lc 22:19-20 ou 1 Cor 11: 24-25 se,
nesses versos, é o Espírito Santo convocado para transformar o pão e o vinho no
verdadeiro corpo e sangue de Cristo? Segundo a doutrina católica, não basta
pronunciar as palavras certas para a “mágica” acontecer. Somente sacerdotes com
ordens sagradas válidas e a intenção certa podem fazer o milagre. Se a
transubstanciação é uma doutrina bíblica essencial para a salvação do cristão,
como detalhes tão importantes podem não constar da Escritura?
Refutação
aos argumentos romanistas
1 – A transubstanciação envolve apenas a
conversão da substância do pão e vinho na substância do corpo e sangue de
Cristo. Os acidentes (aparência, cor, cheiro, gosto) permanecem.
R – Esse é o argumento lançado sempre
que as inconsistências da doutrina católica são levantadas. Tomás de Aquino o
elaborou a partir da filosofia aristotélica que afirmava a diferença entre
substância (a essência) e os acidentes (suas propriedades). Primeiramente,
Tomás distorceu Aristóteles. Apesar de o filósofo afirmar essa distinção, jamais
conceberia uma substância ser convertida totalmente em outra sem nenhuma
mudança em seus acidentes. Na transubstanciação é afirmado o oposto, os
acidentes do vinho permanecem sem nenhuma substância para sustenta-los. E mais,
se o corpo de Cristo está na Eucaristia, onde estão os acidentes do seu corpo?
Ou seja, nós temos acidentes sem substância e outra substância sem acidente. A
argumentação católica é tão descabida que se for levada a sério, poderia explicar
qualquer absurdo. Nós poderíamos dizer que um elefante é uma formiga, afirmando
que a substância do corpo da formiga está presente, apesar de permanecerem os
acidentes do corpo do elefante.
Em segundo lugar, ainda que Aristóteles
não tivesse sido deturpado, a explicação continua sendo ilógica. Os católicos
acusam os protestantes de racionalismo ao negarem a transubstanciação, afinal
todo milagre é uma violação das leis da natureza. O problema da doutrina
católica não é apelar ao milagre, é a falta de lógica. É acreditar que duas
verdades mutuamente excludente podem existir, fazendo qualquer argumento que
apele a razão perder o sentido. Todo milagre que envolve uma transformação
física, apesar de violar leis da natureza, deixa evidências físicas
verificáveis. Não há um caso sequer de milagre na Escritura que não atenda a
esse princípio. Se analisarmos até mesmo os supostos milagres recebidos
mediante a intercessão dos santos, veremos o mesmo paradigma.
Terceiro, a argumentação utiliza o mesmo
artifício do gnosticismo. Os gnósticos diziam que Cristo não veio em corpo, seu
corpo era apenas aparente, aquilo que os discípulos viram ou tocaram não
poderia ser levado a sério. As testemunhas do Cristo ressurreto não podiam
confiar em seus sentidos para determinar a verdade. Os católicos usam um
argumento semelhante para a eucaristia, não podemos confiar em nossos sentidos
para saber a verdade, ali temos apenas pão e vinho aparente, o que existe de
fato é o corpo de Cristo.
2 – Paulo diz em 1 Coríntios 11:29-30
que muitos estavam fracos e doentes, e até morreram por não discernirem o corpo
do Senhor. Discernir o corpo do senhor é negar a transubstanciação.
R – Discernir o corpo do Senhor não tem
relação com a transubstanciação. Nos capítulos 10 e 11, Paulo se refere aos
elementos da ceia, mesmo após a consagração, como pão e vinho, negando assim
explicitamente a doutrina romana. Se discernir o corpo é negar a doutrina
católica, temos que temer por boa parte dos católicos e protestantes.
De acordo com uma pesquisa realizada
pela organização Pew "Mais de quatro em cada dez católicos nos Estados Unidos
(45%) não sabem que sua Igreja ensina que o pão e o vinho usados na comunhão
não só simbolizam, mas realmente tornam-se o corpo e sangue de Cristo" (fonte).
Imagine os protestantes, haveria um índice de morte maior entre protestantes,
afinal não discernem o corpo sempre que celebram a ceia.
Mas o que é discernir o corpo? Esse é o
corpo físico de Cristo presente na Eucaristia? Não. Basta observar o contexto.
Paulo reprendeu a Igreja de Corinto por tomar a ceia do Senhor como refeição
comum, uns atropelando os outros, comendo para encher a barriga a ponto de não
deixarem nada para os outros irmãos. O apóstolo diz: Porque nós, sendo muitos, somos
um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão (1
Coríntios 10:17). O momento da comunhão era de união dos crentes, muito
provavelmente era uma refeição completa, a chamada festa do amor em Judas 1:12. O pão era um símbolo da unidade da Igreja que
é o corpo de Cristo. Em várias de suas cartas Paula usa analogia dos crentes
como o corpo do Senhor.
O que estava acontecendo em Corinto era
o oposto. Eles estavam sendo egoístas, desunidos, desordeiros, não se
comportando como o corpo de Cristo num momento de comunhão e unidade. Por isso,
não discernir o corpo era não se comportar como corpo de Cristo num momento de
comunhão que simbolizava a unidade. O corpo em questão era a Igreja e não o
elemento eucarístico.
3 – Os que comungavam indignamente eram
culpados do corpo e do sangue do Senhor. O efeito disso era que muitos estavam
fracos e doentes e alguns até mortos. Não há como conciliar as palavras de
Paulo com uma compreensão meramente simbólica.
R – Já vimos o que era participar
indignamente do corpo de Cristo. O contexto era uma Igreja que não respeitava
essa celebração, sendo seus crentes egoístas e não celebrando a comunhão com o
espírito correto. Não há nada em 1 Coríntios que aponte para a
transubstanciação.
Primeiro, ao adotarmos um símbolo,
respeitamos o símbolo como respeitamos a coisa simbolizada. O pão e o vinho não
são símbolos sem valor, eles representam algo de valor imensurável: o corpo e
sangue do nosso Senhor. Corpo que foi morto e sangue derramado por nós. No
momento da Ceia, rememoramos de forma especial o sacrifício de Cristo. Assim,
quem participa indignamente desta ordenança está pecando contra aquilo para a
qual aponta: o corpo e sangue de Cristo sacrificado por nós. Os reformados
compreenderam a ceia como um meio de Graça, e participar dela é receber
revigoramento espiritual. Portanto, não há nada nas palavras de Paulo que
requeira uma presença física, a perspectiva reformada e até mesmo a
memorialista são compatíveis com a passagem.
Segundo, o fato de muitos serem punidos
por participarem indignamente em nada endossa uma presença física. Por essa
lógica, a arca da aliança também deveria ter algum tipo de presença física (2
Sm 6:6-7). Se um israelita profanasse a Páscoa, ele incorria o juízo de Deus
(Êxodo 12: 14-20).
Terceiro, devemos interpretar o capítulo
11 a luz do 10. No capítulo 10, Paulo inicia falando da história do povo
Israelita como nos vs. 2-5: Em Moisés,
todos eles foram batizados na nuvem e no mar. Todos comeram do mesmo alimento
espiritual e
beberam da mesma bebida espiritual; pois bebiam da rocha espiritual que os
acompanhava, e essa rocha era Cristo. Contudo, Deus não se agradou da maioria
deles; por isso os seus corpos ficaram espalhados no deserto. O apóstolo
emprega linguagem simbólica que será o ponto de partida para admoestar a Igreja
a respeito da ceia. Percebam que muitos israelitas morreram por seus pecados e
incredulidade nestes momentos de provisão de Deus, da mesma forma que alguns
daqueles que participaram indignamente do sacramento morrem e outros estavam
fracos e doentes. O argumento católico é falacioso e não evidencia a
transubstanciação, pois não havia nenhuma presença física nos eventos narrados
por Paulo, ainda assim o juízo de Deus foi severo com os israelitas.
Quarto, no vs. 18: “Considerem o povo de Israel: os que comem dos sacrifícios não
participam do altar?”. No vs. 21: “Vocês
não podem beber do cálice do Senhor e do cálice dos demônios; não podem
participar da mesa do Senhor e da mesa dos demônios”. O apóstolo faz uma analogia entre participar do sangue e corpo de
Cristo e participar dos sacrifícios aos ídolos. A analogia paulina seria
improvável se ele cresse como os romanistas, pois os ídolos não estão
fisicamente presentes nas imagens. A substância das imagens não é convertida na
substância dos ídolos. Portanto, a linguagem paulina de “participar do corpo e
sangue do senhor” não requer uma presença física, se não teríamos que aplicar a
mesma lógica aos que participam dos sacrifícios aos ídolos.
4 – Na páscoa, os Judeus comiam o cordeiro que era figura
de Cristo
R – O cordeiro era figura de Cristo por que era
sacrificado pelos pecados do povo, assim como nosso Senhor foi sacrificado
pelos nossos pecados. A analogia católica é ruim, pois os Judeus não bebiam o
sangue do Cordeiro, já os romanistas dizem beber o sangue de Jesus.
Conclusão
Temos razões
bíblicas, históricas e lógicas suficientes para rejeitar essa doutrina. É de se
estranhar que uma Igreja pretensamente cristã coloque sob anátema e excomunhão
aqueles que negam um dogma com fundamentos tão frágeis.
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