Nesta
segunda parte, vamos explorar a posição daquele que melhor representa o
pensamento medieval sobre o tema – Tomás de Aquino. Seguiremos abordando o
material de F.A Sullivan que apresenta a pesquisa histórica mais substanciosa
sobre a doutrina “fora da igreja não há salvação”. Nosso enfoque neste teólogo
se dá pela sua importância para a Igreja de Roma. Não raramente apologistas católicos
citam Aquino como uma espécie de porta-voz da doutrina de Roma. Como já
demonstrado em outros artigos neste blog, a suposição de que o ensino de Aquino
é necessariamente o ensino de Roma é falsa. O tema em questão é mais um dentre
outros que oporia o atual ensino de Roma e o teólogo medieval.
Vimos
na primeira parte que Agostinho desenvolveu a ideia de que a vontade salvífica
de Deus não era universal. Dessa forma, alguns não seriam salvos apenas porque
não era a vontade divina salvá-los. Agostinho resolvia o problema dos
não-evangelizados apelando à doutrina da predestinação. Esta posição não
prevaleceria entre os teólogos medievais. Sullivan escreve:
O fato de que na igreja oriental nunca
houve qualquer dúvida sobre a universalidade da vontade salvífica de Deus, e
que a controvérsia levantada por Gottschalk no Ocidente tinha sido resolvida em
favor da doutrina de Hincmar de Reims, significava que para os teólogos
medievais não havia dúvida em rejeitar à posterior exegese de Santo Agostinho
de 1 Timóteo 2: 4. Sua teoria de um salvamento menos que universal não
prevaleceria para se tornar parte da tradição cristã de linha principal. Houve um claro consenso entre os teólogos
medievais de que a vontade salvífica “antecedente” de Deus é verdadeiramente
universal. (Sullivan, Francis A, Salvation Outside the
Church? Tracing the History of the Catholic Response, Wipf and Stock
Publishers, 2002, p. 45)
Sullivan
menciona de relance uma questão paralela à salvação dos não-evangelizados, que
seria a salvação dos infantes. Qual seria o destino das crianças que morreram
sem o batismo? De forma semelhante, os teólogos medievais não seguiriam as
posições de Agostinho:
Outro ponto de vista de Agostinho que não
sobreviveu foi que as crianças que morreram não-batizadas sofreriam (mitigavam)
a punição no inferno pela culpa do pecado original. Foi Santo Anselmo
(1033-1109) que forneceu a chave para a solução desse problema, com sua
percepção de que o pecado original consiste na privação da justiça original de nossos
primeiros pais. A partir dessa premissa, Pedro Abelardo (1079-1142) chegou à
conclusão de que a consequência do pecado original para os bebês que morreram
não batizados seria simplesmente a privação da visão beatífica, e não o castigo
positivo devido ao pecado pessoal. A conclusão de Abelardo foi confirmada por
Pedro Lombardo, cujo Livro das Sentenças, concluído em 1158, tornou-se o livro
padrão de teologia para a Idade Média e adiante. A influência de Lombardo foi
tal que sua doutrina sobre o destino de crianças não batizadas foi retomada e
confirmada pelo papa Inocêncio III em uma carta que ele escreveu ao bispo de
Arles em 1201. O papa escreveu: “A punição do pecado original é a falta da
visão de Deus; a do pecado real é o tormento do inferno eterno.” Depois dessa
aprovação papal da solução dos teólogos medievais ao problema do destino de
crianças não batizadas (posteriormente conhecida como a solução “limbo”), a
rigorosa doutrina de Santo Agostinho sobre esta questão foi geralmente
abandonada. A Igreja Católica nunca
declarou definitivamente que a solução do “limbo” fosse a verdadeira, mas a
defendeu contra os jansenistas que afirmavam que ela envolvia algo da heresia
do pelagianismo. (F.A Sullivan, p. 45-46)
Esta é
só mais uma demonstração da ineficiência do magistério da Igreja Romana.
Apologistas católicos afirmam que necessitamos do magistério para ter certeza
doutrinária. Sem o magistério romano, não podemos diferenciar o ensino correto
do ensino falso. A questão é como um magistério que permite que gerações e
gerações de cristãos morram sem estarem esclarecidos sobre a doutrina correta
podem ter tal segurança doutrinária? Uma questão importante é que neste período
não havia a diferenciação entre falível ou infalível, magistério extraordinário
ou ordinário. Tais categorias só seriam criadas no Concílio Vaticano I com a
definição de infalibilidade papal. Ou seja, cristãos desse período acreditaram
sim que o limbo era parte da verdade revelada. No entanto, hoje o magistério
apenas diz que não se sabe ainda.
Aquino
tinha soluções diferentes a depender do tempo em questão a respeito da salvação
fora da igreja. Assim como os pais da Igreja, ele considerava de forma
diferente os que viveram antes e após Cristo. Sullivan comenta:
Como veremos, Tomás admitiu que, em alguns
casos, uma fé em Cristo, que estava implícita poderia ser suficiente. No
entanto, referindo-se à fé na providência e existência de Deus como descrita em
Hebreus 11: 6, ele declarou:
“Deve
ser dito que em todas as ocasiões e para todos, sempre foi necessário crer
explicitamente nessas duas coisas". (Epistola 43:1)
Era um princípio absoluto para São Tomás
que ninguém jamais teria sido salvo sem fé na existência e providência de Deus.
Era provavelmente um princípio absoluto para ele que “ninguém jamais teve a graça do Espírito Santo exceto através da fé em
Cristo, seja explícita ou implícita” (Epistola 43:3,6)
A questão, então, é: para quem e sob quais
condições seria a fé implícita em Cristo suficiente? Primeiro, São Tomás admitiu a suficiência de tal fé
implícita em Cristo para os gentios antes da era cristã: se não para todos
eles, pelo menos para as pessoas comuns a quem nenhuma revelação do messias
futuro havia chegado. Tomás acreditava que "muitos dos gentios haviam
recebido revelações sobre Cristo". No entanto, ele acrescentou:
“Se alguns gentios foram salvos, sem
receber qualquer revelação [sobre Cristo], eles
não foram salvos sem fé no mediador. Porque, embora não tivessem fé
explícita, eles tinham uma fé implícita
na sua fé na provisão divina, acreditando que Deus é o libertador da humanidade
de maneiras que Ele mesmo escolhe” (Epistola 43:9,27) (Citado
em F.A Sullivan, p. 50-51)
Em
resumo, para aqueles que viveram antes de Cristo, a fé na existência e
providência de Deus já traria em si uma fé em Cristo, sendo suficiente para
salvar. Isto, por si só, já poria Tomás em oposição ao moderno ensino de Roma,
segundo o qual até mesmo um pagão, que não crê na existência ou providência do
único Deus verdadeiro, poderia ser salvo. Todavia, as ideias de Tomás a
respeito daqueles que nasceram na era Cristã eram ainda mais incompatíveis.
Sullivan disse:
Enquanto São Tomás permitia a suficiência
da fé implícita em Cristo antes que o evangelho tivesse sido promulgado, ele foi categórico ao afirmar a necessidade
da fé cristã explícita em seus próprios dias:
“Depois que a graça foi revelada, todos, tanto os eruditos quanto os simples,
estão obrigados a ter fé explícita nos mistérios de Cristo, especialmente
com respeito àqueles mistérios que são celebrados pública e solenemente na
igreja, tais como aqueles que se referem ao mistério da encarnação”. (Enarr. in Ps. 106:14)
Quão absoluta sua convicção foi nesse
ponto é ilustrada pela resposta que ele deu ao problema levantado pela
possibilidade de que, mesmo em seu
próprio dia, poderia haver alguém que não tivesse tido a chance de ouvir a
mensagem sobre Cristo. Sua resposta, de
que Deus proveria os meios pelos quais tal pessoa poderia chegar à fé explícita
em Cristo, mostra quão sem exceção ele acreditava que a necessidade dessa fé
era. Por outro lado, sua resposta também envolveu sua convicção sobre a
universalidade da vontade salvífica de Deus. (F.A Sullivan, p. 51)
A
resposta a qual Sullivan menciona está nas citações abaixo retiradas das obras
de Aquino:
Objeção: É possível que alguém possa ser
criado na floresta ou entre lobos. Tal homem não pode saber explicitamente algo
da fé.
Resposta: É característica da Divina
Providência proporcionar a cada homem o necessário para a salvação (…) sempre
que de sua parte não haja obstáculo algum. No caso de um homem que busca o bem
e aparta-se do mal, pela guia da razão natural, Deus o revelaria através da inspiração interior o que deve ser crido ou
enviar-lhe-ia um pregador da fé (...) (De Veritate, 14, a.
11, ad 1)
Aquino
acreditava que os que nunca ouviram o evangelho, mas manifestariam a fé em
Cristo caso o ouvissem, receberiam a mensagem do evangelho ou por uma revelação
privada (o que ele chamou de “inspiração interior”), ou através de um pregador
da fé. Era absolutamente impossível um homem nascido na era cristã ser salvo
sem manifestar a fé explícita na mensagem do Evangelho. Ninguém que morrera
ignorante sobre o evangelho poderia ser salvo. A mesma posição pode ser
verificada em outra obra:
Se um homem nascido entre nações bárbaras
faz o que pode, Deus mesmo lhe mostrará
o que é necessário para a salvação, seja pela inspiração ou enviando-lhe um
mestre. (Sent. II, 28, q. 1, a. 4, ad 4)
Sullivan
traz outras citações em que a mesma posição é expressa por Tomás:
A convicção de São Tomás de que, por um
lado, a fé explícita em Cristo era necessária e, por outro, que Deus não
deixaria uma pessoa sincera sem os meios necessários para sua salvação, levou-o
a oferecer a seguinte solução para este caso:
A exposição do que deve ser acreditado
para a salvação seria fornecida a essa pessoa por Deus, seja por um pregador da fé como no caso de Cornélio ou por uma revelação, de modo que estaria
dentro do poder do livre arbítrio fazer um ato de fé! (Encbiridion ad
Laurentium de fide et spe et caritatej 23 :93)
Se alguém foi criado no deserto ou entre
animais brutos, contanto que ele seguisse sua razão natural em buscar o bem e
evitar o mal, nós certamente deveríamos
afirmar que Deus revelaria a ele por uma inspiração interior o que deve ser
acreditado, ou enviaria um pregador a ele, como ele enviou Pedro a Cornélio.
(De natura et gratia 4-5)
Em seu Comentário sobre Romanos, São Tomás
mencionou o mesmo caso, mas não mencionou a possibilidade de Deus fornecer
revelação ou inspiração. Aqui ele disse
apenas que Deus enviaria alguém para pregar o evangelho a uma pessoa criada no
deserto, contanto que ele estivesse fazendo o que pudesse com a graça
recebida de Deus (De
correptione et gratia 7:1 1—12). (F.A
Sullivan, p. 53)
Observem
como Aquino utiliza o exemplo de Cornélio para elucidar seu ponto. Deus enviou
Pedro a Cornélio. Da mesma forma, Deus enviaria um pregador ao que ainda não
recebeu a mensagem, ou até mesmo a revelaria diretamente. Em todo o caso, o
salvo jamais morreria ignorante a respeito do evangelho. Apesar de controverso,
alguns tomistas (creio ser o grupo minoritário) acreditam que Aquino amadureceu
seu posicionamento teológico sobre esta questão. Sullivan traz a posição de J.
Guibert, segundo o qual Tomás teria passado a usar a solução agostiniana para o
problema dos não-evangelizados:
Finalmente, na Suma Teológica encontramos
um tratamento diferente do problema. Aqui não há menção da “criança criada no
deserto”, mas, em termos gerais, daqueles que não ouviram nada sobre a fé. O
que é mais importante na Suma, que é a obra mais madura de São Tomás, é que não
há menção da ideia de que se tais pessoas estivessem fazendo o que estivesse em
seu poder, Deus certamente forneceria os meios pelos quais elas poderiam chegar
à fé explícita em Cristo. Aqui a solução
parece ser mais agostiniana. De fato, uma
obra de Santo Agostinho é citada como autoridade para ela. Em resposta à
objeção de que as pessoas que não tiveram a chance de ouvir o evangelho não
poderiam ser obrigadas a ter fé explícita, Tomás responde:
O homem é obrigado a fazer muitas coisas
que ele não pode fazer sem estar curado pela graça, como amar a Deus e ao
próximo, e sabiamente acreditar em artigos de fé. Agora, a quem o socorro
divino é dado, é dado pela misericórdia de Deus, e a quem é negado, é negado por sua justiça, como castigo pelo pecado
anterior, pelo menos pelo pecado original, como diz Agostinho em livro De
correptione et gratia. (Contra julianum 4:8,44—45)
A ideia de que Deus poderia justamente
negar a graça necessária como uma punição pelo pecado pessoal é meramente o
reverso do axioma de que Deus não nega graça àquele que faz o que está em seu
poder para fazer. Mas que Deus poderia
justamente negar a graça necessária como punição apenas pelo pecado original é
uma ideia bem diferente, que São Tomás derivou de um dos trabalhos
anti-pelagianos de Santo Agostinho, com o qual ele se tornou mais familiarizado
no decorrer de sua sua carreira.
Isto levou à especulação se Tomás, quando
escreveu a Suma, poderia não mais estar confiante de que Deus enviaria um
pregador para fazer com que a pessoa que estivesse "fazendo o que estava
em seu poder" não perdesse a possibilidade de vir a fé explícita em
Cristo. J. Guibert sugeriu que, no curso de sua vida, Tomás pode ter percebido
que não apenas a rara “criança criada no deserto”, mas nações inteiras ainda nunca haviam ouvido o evangelho pregado, e
que para resolver o problema ele apelou à solução agostiniana de que sua
ignorância do evangelho poderia ser entendida como um castigo pelo pecado, pelo
menos pelo pecado original. (F.A Sullivan, p. 54)
Parece-me
claro que Tomás apelou a solução agostiniana na Suma Teológica, o que o
colocaria em franca oposição à teologia romana não somente na questão dos
não-evangelizados, mas também em oposição à boa parte da soteriologia romana.
Os tomistas que se opõem a Guibert afirmam que Aquino continuaria a expressar a
solução anterior (não-agostiniana) em obras do mesmo período da Suma Teológica
– seria o caso do comentário da Carta aos Romanos. Sabemos que a Suma é uma das
últimas obras de Aquino, e embora o comentário de Romanos seja de período
semelhante, é difícil afirmar se foi posterior ou anterior à Suma. Além disso,
a Suma foi provavelmente escrita no período de 1265-1273, ou seja, é
perfeitamente possível que toda a Suma ou ao menos trechos dela tenham sido
escritas após o comentário e representem a posição mais madura de Aquino. Algumas
datações afirmam que a Suma foi concluída após o comentário aos Romanos (aqui).
Dessa forma, a tese de Guibert é no mínimo respeitável e está ancorada no fato
de que, em sua fase teológica mais madura, Aquino fez uso da solução
agostiniana.
A
objeção comumente apresentada por católicos quando apontamos o posicionamento
dos teólogos medievais (a exemplo de Aquino) é afirmar que tais homens eram
ignorantes a respeito da existência de povos não-evangelizados. Eles viveram
antes do descobrimento da América e não saberiam da existência de nações
inteiras totalmente ignorantes a respeito do Evangelho. Primeiramente, é
evidente que os teólogos medievais lidaram com este problema teológico e
elaboraram respostas para a questão. Ainda que eles estivessem a falar apenas
no campo da hipótese, não há razão alguma para pensar que eles mudariam o
pensamento teológico apenas porque o exemplo deixou de ser hipotético. Ademais,
há boas razões para pensar que eles estavam cientes da existência de indivíduos
reais que nunca ouviram o Evangelho (caso de Aquino) ou, em alguns casos, até
mesmo nações inteiras. Sullivan disse:
O pressuposto comum dos teólogos medievais
parece ter sido que o evangelho havia sido pregado em toda parte, e que seria
apenas a rara exceção (a criança criada no deserto) se alguém não tivesse
ouvido falar de Cristo. Mas há algumas
razões para pensar que Aquino pode ter chegado a saber que isso não era tão
raro. Em primeiro lugar, no século XIII, Francisco e os missionários
dominicanos penetraram bastante na Ásia, e Marco Polo voltou da China (...)
Um dominicano contemporâneo [de Aquino], chamado Humberto dos Romanos, também falava de pagãos encontrados nas
regiões do norte, referindo-se a eles como adoradores de ídolos chamados
Pbiteni, cuja conversão era esperada (29). (F.A Sullivan, p. 55)
Sullivan
também relatou:
A questão de se, em seu próprio dia, o Evangelho
havia sido pregado em todos os lugares do mundo, São Tomás deu uma resposta
diferenciada, distinguindo entre o “renome” (notícia ou fama) de Cristo que
havia penetrado em todas as regiões do mundo, e a pregação do evangelho “com
pleno efeito”, que envolvia o estabelecimento da igreja (De vocatione 2:17).
São Tomás afirmou que este último ainda não havia sido cumprido em todos os
lugares e que sua realização era uma condição a ser cumprida antes da chegada
final do reino de Deus. São Tomás
expressou sua opinião ao dizer que, embora a “notoriedade” do evangelho tivesse
alcançado todas as nações, isso não significava que tivesse alcançado todos os
indivíduos. Poderia haver alguém que, como a “criança criada no deserto”, não
tenha ouvido nada sobre Cristo. (F.A Sullivan, p. 56)
Ou
seja, embora não saibamos certamente se Tomás de Aquino estava ciente da
existência de nações inteiras não evangelizadas, é certo que ele sabia da
existência real e não apenas hipotética de indivíduos que nunca ouviram o
evangelho.
Até
então nos concentramos na questão dos não-evangelizados, mas devemos também
tratar da questão dos judeus, muçulmanos, heréticos e cismáticos. A doutrina da
ignorância invencível admite a possibilidade de até mesmo indivíduos de tais
grupos serem salvos, ainda que todos eles conheçam o Evangelho. A posição de
Aquino era bem diferente. Sullivan prossegue:
Em qualquer caso, a falta de fé cristã por parte de qualquer um que tivesse ouvido falar
de Cristo envolveria o pecado da incredulidade, do qual Thomas distingue
três tipos:
Visto que o pecado da incredulidade
consiste na rejeição da fé, este pode ocorrer de duas maneiras: ou rejeita a fé
que nunca foi aceita, e esta é a incredulidade de pagãos ou gentios, ou rejeita
a fé cristã que uma vez foi aceita. Ou foi aceito em sua pré-definição (in
fura), e esta é a incredulidade dos judeus, ou foi aceito na própria
manifestação da verdade, e esta é a incredulidade dos hereges. (De veritate
praedestinationis 3: 16—18)
Não pode haver dúvida sobre o fato de que
São Tomás julgou todos os judeus e hereges como culpados de incredulidade pecaminosa,
junto com "gentios" e os muçulmanos, que se acredita terem ouvido o
suficiente sobre a religião cristã para serem culpados rejeitá-la (...) Como já
vimos, São Tomás reconheceu a possibilidade de alguém ser tão totalmente ignorante
da fé que sua incredulidade seria simplesmente inculpável. Ao mesmo tempo,
parece claro que ele compartilhou, com seus contemporâneos, a visão de que nenhum judeu ou muçulmano
teria tal desculpa, ou escaparia da justa condenação pela rejeição da fé cristã.
(F.A Sullivan, p. 58)